你好,
Ni hao,
Em primeiro lugar, desculpem pela longa ausência. O ano do macaco começou para o “Família Brasileira na China” cheio de gracinhas e fui obrigada a ir ao Brasil resolver uns problemas de saúde dos meus pais. As pessoas ficam casadas por tanto tempo, que as personalidades começam a se fundir a ponto de virarem quase um só ser. Imaginem que meu pai precisou ser operado do coração de urgência e minha mãe, neste meio tempo, caiu e fraturou o pulso e uma vértebra precisando, da mesma forma, de duas cirurgias. E eu pulando do Brasil para China, de um hospital para o outro, que nem macaco gordo: quebrando todos os galhos!
Para quem, como eu, gosta de ver aprendizado em tudo, nesta confusão toda tive o privilégio de conviver com o cirurgião do meu pai, Dr. George Soncini. Normalmente, quando o médico é muito bom, tipo daqueles que “opera no Eistein” como é o caso do Dr. Soncini, ele aparece um dia antes da cirurgia, uma hora depois e você nunca mais o vê. Dr. George, que também opera no hospital Sugisawa de Curitiba, é acima de tudo um ser humano iluminado, com total consciência do seu papel neste mundo e com a humildade e solidariedade que só os grandes homens conseguem ter. Ele esteve presente antes, durante e depois da cirurgia nos dando todo apoio emocional pessoalmente e por WhatsApp. Quando se mora na China, poder falar com o médico do seu pai por telefone a qualquer hora, é simplesmente uma benção. Fica aqui meu testemunho e agradecimento público por tudo que ele fez e ainda vem fazendo por meu pai. Obrigada, Dr. Soncini.
Além de pular da China para o Brasil e do Brasil para a China (que nem na novela Caminho das Indias, em que os personagens dormem num país e acordam no outro como se fossem comprar pão ali na esquina), eu tive que fazer mais uma acrobacia: levar minha filha Mariana para Austrália, onde ela vai começar a estudar na Griffith University. Dois dias depois de chegar das 36 horas de viagem que separam Curitiba de Shenzhen, lá estava eu novamente dentro de um avião com as pernas encolhidas e o pescoço pendurado.
A gente aí no Brasil não precisa passar por esta ruptura emocional. Os filhos tiram uma nota legal no ENEN, vão para universidade e continuam a morar e a bagunçar nossas casas, todos os dias. Mas, para quem vai viver fora e tem condições de oferecer um mundo (literalmente) de opções para a prole, a separação é inevitável.
Segurar um coala no colo não tem preço. Com a filha do lado então, impagável!
Caraca, mas onde entra a China nisso tudo?
A China entra na Austrália! Meu Deus! Os chineses estão povoando o mundo! Daqui a 50 anos, a população mundial vai ter olhinho puxado e cabelo liso. Na cidade de Gold Coast e Brisbane, por onde passamos, os chineses são praticamente maioria. Em todo lugar há um restaurante chinês oferecendo macarrão, arroz com porco, arroz com cogumelo, arroz com peixe, arroz com…. Cadê a famosa carne australiana, gente?
No banco, onde fui abrir a conta da Mari, as 3 atendentes eram asiáticas e 2 dos 4 clientes aguardando na fila também. Na estação do trem, 14 chineses para 2 nacionalidades não identificadas. Tirei umas fotos especialmente para mostrar para vocês. Juro por Deus que eu falei mandarim todos os dias, ou com o garçom do restaurante, ou com algum passageiro no ônibus ou com turistas nos parques como nós.
Resolvi marcar apenas os ocidentais na foto. O restante são asiáticos.
Agora, olhem que engraçado. Eu, Mariana e Dudu iámos lavar os pés no chuveiro na saída da praia, quando um casal de chineses com um filhinho de um ano se aproximou para lavar os pesinhos do bebê. Nós gentilmente nos afastamos e demos lugar para a família oriental. A mãe ficou horas lavando os pés do chinesinho e eu e as crianças, cansadas de esperar, começamos a nos olhar com cara de “quem mandou ser educado e dar lugar para eles”. Mas foi Deus quem segurou nossas enormes línguas antes que começassemos a reclamar alto em português. O casal chinês era na verdade brasileiro, de Curitiba, de mudança para Brisbrane.
O que me faz acrescentar que, da mesma forma que não passei um dia sem falar mandarim, também não passei um dia sem encontrar com brasileiros. Pelo visto, essa crise no Brasil também está nos levando a povoar o mundo. Na verdade, daqui a 50 anos, a população mundial estará mesmo é comendo feijão com arroz de palitinho!
再见
Zai Jian
Christiane é publicitária e vive há quase cinco anos em Shenzhen, na zona do Cantão na China. Casada, mãe de 3 filhos, ela trabalha fornecendo suporte a brasileiros que desejam fazer negócios, estudar ou conhecer este país。Christiane também escreve para sites e mídias sociais e atua como Life&Personal Coach pessoalmente ou por Skype.
christianedumont@hotmail.com