Peregrinos de todos os lugares do mundo acampados nos quatro quilômetros do calçadão da Av. Atlântica em Copacabana.| Foto:

Oi,

CARREGANDO :)

Ainda na China, sabendo da visita do Papa Francisco ao Brasil, compramos as passagens de Curitiba para o Rio para o dia 27 de julho, sábado, quando os eventos de Copacabana já teriam terminado. Só que, como todos sabem, o evento de Mangaratiba foi transferido para Copa por conta das chuvas e nós chegamos ao Rio com o bairro fechado para circulação de carros.

Nós e nossas seis malas e quatro mochilas! Ou seja, teríamos que descer do taxi na Lagoa e puxar nossas malas por todo Corte Cantagalo até a casa dos meus sogros, em Copa.

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O que tinha tudo para ser nossa via crucis particular acabou sendo uma grande surpresa!

Primeiro, ainda no aeroporto, a esteira rolante que liga o terminal 1 ao terminal 2 do Galeão estava funcionando!!! Quem leu meu post “Bancando a Antipática” entende a minha felicidade e orgulho!

Segundo, havia uma fila de taxis amarelinhos regulares cobrando pelo taxímetro logo na saída do aeroporto! De novo, uma surpresa agradável de todos os pontos de vista, principalmente do financeiro. Para quem não sabe, a corrida do aeroporto à Copacabana em taxi especial fica em 107 reais contras os 50 que pagamos pelo taxímetro.

Terceiro, apesar de estarmos cientes de que um taxi não seria suficiente para carregar toda a Família Brasileira, o motorista, com seu jeitinho carioca, insistiu para que fôssemos todos num carro só. Primeiro entraram as seis malas com alça, depois os cinco malas sem alça e por fim o motorista! Como bem disse o Marquinhos, parecia um daqueles números de circo aonde vários palhaços vão saindo de um carro velho bem pequenininho! No nosso caso (desculpem pelo momento merchandising), o carro era um Meriva.

E para completar as boas-vindas que o Rio estava gentilmente nos proporcionando, Copacabana não estava fechada e o número dos “palhaços arrastando mala pelo Corte Cantagalo” teve que ser cancelado.

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Mas o melhor de tudo ainda estava por vir. De noite, fui andando até o apartamento dos meus pais, também em Copacabana, pela Avenida Atlântica e vi algo que jamais pensei ver em todos os meus anos de Rio de Janeiro. O calçadão estava to-tal-men-te tomado de jovens acampados que iriam passar a noite de sábado em vigília. Havia apenas um pequeno corredor entre os prédios e a calçada para as pessoas circularem.

 

Já passei muitos réveillons na praia de Copacabana, mas nenhum deles pode ser comparado à vigília da JMJ (Jornada Mundial da Juventude) de sábado.

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Primeiro, o número de pessoas era muito maior, pelo menos do ponto de vista de quem estava circulando nas ruas. Não havia bebida alcóolica, ou seja, ninguém alterado ou alegre demais. O calçadão estava limpo, sem latinhas de cerveja, refrigerante ou copinhos de mate Leão que são uma característica das praias do Rio. Não havia cheiro de xixi, exceto próximo aos banheiros químicos, o que é natural. Não havia camelôs de espécie alguma, apenas os quiosques oficiais do evento. Por fim, nas televisões dos bares da orla, nada de futebol ou novela.  Estavam todas ligadas na Globo News que transmitia, ao vivo, o discurso do papa Francisco.

 

Ao andar pelas ruas de dentro, Nossa Senhora de Copacabana e Barata Ribeiro, a sensação era um misto de liberdade com certo prazer de transgressão. Sábado, as ruas normalmente dominadas pelos ônibus barulhentos e apinhadas de carros apressados eram nossas, dos pedestres!

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Em suma, o que vi sábado passado foi um espetáculo de paz e organização.

Obviamente que para os moradores de Copacabana, principalmente os que precisavam sair ou entrar no bairro, foi necessária uma dose grande de paciência. Mas, pelo que presenciei na praia, posso garantir que valeu a pena.

E, para completar, domingo à noite, quando o ritmo normal da zona sul ainda estava alterado pela visita do papa e diversos policiais circulavam pelas ruas, voltamos a pé do Leblon a Copacabana pela Lagoa Rodrigo de Freitas. E foi este o momento em que fiz as pazes com o Rio de Janeiro. A Família Brasileira na China estava novamente reunida, caminhando despreocupadamente, como fazemos em Shenzhen, só que numa das mais bonitas vistas do mundo.

É, leitores, os chineses que me desculpem, mas como até mesmo o papa Francisco falou, Deus é mesmo brasileiro.

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