Ni hao
你好
Continuando minha aventura pelo Walmart, outra coisa interessante que encontrei por lá foram as ações de merchandising. Em todas as seções, há promotoras de venda falando sem parar, oferecendo provinhas de iogurte, frango frito, salsicha. Aos sábados, o Walmart parece uma feira livre onde os promotores, com ajuda de seus microfones, disputam o cliente aos gritos. O que será que eles falam? “Moça bonita não paga, mas também não leva?”. O Dudu, guloso como sempre, resolveu aceitar a provinha de uma salsicha (será que era mesmo?) e eu só o vi passar correndo em direção à lata de lixo para cuspir.
Nesta foto dá para contar 6 promotoras para 4 clientes.
Além do sampling de comida, eles também fazem demonstração de produtos de limpeza. Outro dia o Luiz chegou em casa com uma super oferta “vassoura + balde” porque não resistiu ao forte “argumento de venda” da promotora. Como assim?
Olha que legal esse material de ponto de venda: a parte de cima é a projeção da mulher que fica explicando como funciona o tal combo vassoura-balde.
Os uniformes, incluindo as máscaras, são fofos!
O cúmulo desta história aconteceu no A.Best que eu costumava frequentar, até que um rato passou correndo na minha frente e eu não tive mais coragem de voltar. Estava fazendo calmamente as compras para a semana, quando comecei a ficar irritada com a poluição sonora do local. Além da música ambiente e do anúncio constante de promoções (pelo menos eu imagino que fossem), havia uma voz metálica que vinha da seção de hortifrúti. Parecia alguém ao microfone repetindo a mesma frase bem curtinha do tipo: xie xian zhai wu fan; xie xian zhai wu fan; xie xian zhai wu fan (essas palavras não existem, mas se você falar bem rapidinho, vai ficar parecendo que você sabe falar mandarim)… Aquilo foi me irritando de uma forma que, num impulso, parti para seção de hortifrúti fazer cara feia para o promotor de vendas. Depois de muito procurar, finalmente encontrei de onde vinha aquela tentativa de lavagem cerebral ou de propaganda subliminar:
Simplesmente de um megafone fincado no meio de uma pilha de tangerinas! Como assim, megafone? E o que a frase dizia? “Compre tangerina a preço de banana?”.
Fiz cara feia para o megafone e aproveitei para comprar umas tangerinas. E, como publicitária, não pude deixar de imaginar o plano de mídia do A.Best: Jornal, Rádio, Outdoor e… Megafone.
Falando em tangerina, tenho passado vexame nas seções de hortifrúti. Na China, todo mundo vai ao mercado comprar comida todos os dias, resquício da época em que muito poucos tinham energia elétrica e não podiam estocar comida. Eu, como representante da mulher brasileira que trabalha (trabalhava, né?) fora, vou ao supermercado uma vez por semana e compro frutas e legumes para a semana inteira. Conclusão: sempre acabam se formando filas enormes atrás da laowai (gringa) maluca que entupiu o carrinho de comida. Em tempo, aqui eles pesam o alface, a salsinha, a couve (o preço refere-se sempre a 500 gramas) e vendem limão por unidade (mais ou menos R$1,00 cada).
Para eu deixar de ser chata e só mostrar comida estranha, olha que lindo!!!
Cansada de ir aos supermercados, pedi para minha “empregada-tradutora-intérprete” me levar ao mercado local, onde normalmente os alimentos são mais bonitos e baratos.
Os legumes são sempre lindos!
Enquanto estávamos na seção dos inanimados, tudo corria super bem. Mas quando chegamos aos animais, começou a carnificina.
Primeiro fomos comprar o peixinho para o almoço, o que acabou sendo muito mais difícil do que eu imaginava por conta da variedade de escolha que se apresentava.
Diante da imprevisível indecisão da Liu, me vi obrigada a escolher o peixe. Olhei para um com cara de linguado, apontei e a feirante imediatamente pescou. Pescou, pesou, matou e retirou as vísceras e outras coisas que eu nem imaginava que existiam lá dentro!
(Essa é a minha primeira experiência com vídeos. Me avisem se vocês tiverem alguma sugestão). A mulher de branco é a Liu.
Abre parênteses: descobri que a Liu nunca tinha cozinhado antes, nem mesmo na casa dela onde o maridão pilota o fogão. Perguntei como preparava o linguado e ela disse que não sabia. Fui para o google ver como descamava peixe, mas não consegui. Apelei para minha vizinha brasileira que saca tudo de frutos do mar. Ela veio aqui em casa e disse a famosa frase “isso não é linguado nem aqui nem na China”. Resumindo, comprei um peixe que era puro osso e que os chineses usam para fazer sopa. Mico! Fecha parênteses.
Depois dos peixes, fomos para as carnes. Sinceramente, não consigo entender porque eles se preocupam tanto se o peixe está realmente fresco a ponto de o venderem vivo, e largam as carnes em cima dos balcões sem nenhuma refrigeração. Lembrem-se de que a temperatura, na época, girava em torno dos trinta e muito.
Antes de chegar ao balcão das carnes digamos, convencionais, tive que pagar a penitência de ver bacias de coisas gosmentas de todas as cores, às vezes enroladas, às vezes compridas, boiando em sangue, assim como pessoas jogando o dinheiro em cima das carnes espantando as moscas que começavam a aparecer por ali.
Para culminar, enquanto a Liu negociava o preço da carne, fiquei olhei para uma pilha de restos jogada no chão e, de repente, reconheci um rabo inteiro, com pelo e tudo! Conclusão: agora, toda segunda-feira de manhã, a Liu vai sozinha ao mercado.
E para não perder o hábito, duas fotinhos interessantes:
Essas caixinhas coloridas junto das balinhas na entrada dos caixas são camisinhas. Uma das marcas se chama “Durex”. Mariana já inaugurou o fora dizendo para os amiguinhos que precisava de um durex.
Categoria “melhor não saber”.
下周见
xià zhóu jiàn