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Os corretores de imóveis que ficam embaixo do meu prédio e que estão sempre muito bem arrumadinhos.
Os corretores de imóveis que ficam embaixo do meu prédio e que estão sempre muito bem arrumadinhos. | Foto:

Ni Hao,

Num daqueles sábados micados, onde você programa uma coisa e o dia transcorre de um jeito completamente diferente do planejado, acabamos parando no meio de um casamento. Ou seja, nós não fomos a um casamento. O casamento veio até nós.

Depois de ficar de 10:00 da manhã às 3:40 da tarde assistindo ao Dudu jogar futebol, nós e um casal de amigos fomos almoçar num pub inglês chamado George & Dragon. Sim leitores, o nome em português seria Jorge e o Dragão! O proprietário disse que às 6 horas haveria uma festa de casamento, mas que daria tempo para almoçarmos tranquilamente.

Ledo engano! Às 4:30, enquanto as garçonetes ainda colocavam as toalhas vermelhas nas mesas, penduravam bexigas de gás coloridas e uma faixa de parabéns na porta do restaurante, os convidados começaram a chegar.

Pausa para um comentário: na China, eu nunca consigo me localizar em termos de classe social. Explico. Uma festa de casamento decorada com bexigas de gás coloridas e uma faixa muito da mal colada na parede não é bem o estereótipo de um casório chique, certo? Só que o restaurante em que estávamos fica num dos bairros mais caros de Shenzhen, Shekou, onde os preços são bem altos se comparados aos dos restaurantes chineses. Um hambúrguer com salada e batata frita sai por 70 RMB ou 25 reais. Um prato de macarrão num restaurante chinês sai por 15 RMB ou 5 reais.

Voltando. Os convidados, vestidos como se fosse uma segunda-feira de manhã, começaram a chegar e a sentar nas mesas em volta da gente, nos deixando encurralados entre o muro e a festa. Logo em seguida, chegou o noivo: branco, olhos azuis, nariz grande e olhos redondos, ou seja, um perfeito ocidental!

Pronto, descobrir que o noivo era britânico foi o suficiente para eu e minha amiga israelense começarmos a criar histórias sobre o casal sino-inglês. “Ele conheceu uma chinesa novinha, bonitinha e pouco letrada e se apaixonou pela submissão dela. Ela, novinha, bonitinha, submissa e capaz de falar apenas 3 ou 4 frases em inglês, achou um ocidental rico para bancar a família toda!”

Mas todo este preconceito (como somos preconceituosos, meu Deus!) foi por água abaixo quando chegou a noiva beirando os 30 anos e, pasmem, GRÁVIDA DE 8 MESES! O casal, muito educado, veio nos pedir desculpas por terem adiantado a festa e a noiva falou conosco num inglês perfeito!!!

Encurralados no casamento.

Encurralados no casamento.

Noivo inglês e noiva chinesa na festa de casamento no Jorge e o Dragão. Haja ecletismo!

Noivo inglês e noiva chinesa na festa de casamento no Jorge e o Dragão. Haja ecletismo!

 

Mas o que eu queria falar hoje não é propriamente do casamento (quem quiser saber mais sobre casamento na China pode ler o meu post O Casamento ), mas dos fatos que nos levaram a ser tão preconceituosas e achar que a noiva estava dando o golpe do baú.

É assim ó.

As chinesas, em sua maioria, são extremamente femininas. Aqui no sul da China, eles devem ter em média 1:55m para desespero da mulherada, já que ser alta é 70% do caminho andando para ser considerada bonita. Elas conservam, de propósito, comportamentos infantis como correr aos saltitos sem separar muito as pernas e colocar a mão em frente à boca para rir sem mostrar os dentes.

Além disso, se vestem como princesas coquetes de pele branca como a neve, com sainhas rodadas curtíssimas, blusas rendadas, saltos altos e todos os tipos de penduricalhos como colares, pulseiras e brincos coloridos. Ou seja, “olhem como somos frágeis e inseguras e precisamos desesperadamente de um homem para nos proteger”.

Que homem resiste a isso, ainda mais quando as chinesas não conseguem esconder a admiração que sentem pelos ocidentais: altos (1.70 já é alto!), brancos, fortes e ricos!

Luiz e seus coleguinhas brasileiros que vão ler este post que me desculpem, mas aqui na China vocês “se acham”, né?

Por outro lado, os homens do sul da China são o inverso do macho latino americano. Eles, assim como as mulheres, são baixos, magrinhos e franzinos. Não possuem pelos no corpo, nem barba e se comportam de forma extremamente feminina para os nossos padrões brasileiros: andam abraçados uns com os outros; o garupa da moto se agarra na cintura do motorista; carregam sacolas penduradas entre o braço e o antebraço entre outros trejeitos tidos como “gay” na nossa cultura machista.

Se esses caras fossem realmente gays, a China não precisaria ter uma política tão rígida de controle de natalidade!

Em resumo, os homens ocidentais são facilmente seduzidos pela fragilidade sensual das chinesas e as mulheres ocidentais rejeitam os homens chineses exatamente pelo mesmo motivo.

Esta aí embaixo é minha professora de gramática. Apesar de não ser mais nenhuma adolescente, ela exemplifica bem os modelitos chineses que encontramos pela rua. Sem falar que ficou extremamente feliz em pousar todos os dias da semana passada para mim, com apenas uma condição: deixá-la com pernas longas, ou seja, mais alta!

 

Minha professora de pernas longas e modelitos para lá de femininos.

Minha professora de pernas longas e modelitos para lá de femininos.

Os corretores de imóveis que ficam embaixo do meu prédio e que estão sempre muito bem arrumadinhos.

Os corretores de imóveis que ficam embaixo do meu prédio e que estão sempre muito bem arrumadinhos.

 

Protótipo de sensualidade: de pijama, na rua, em plena manhã.

Protótipo de sensualidade: de pijama, na rua, em plena manhã.

Agora, olhem que engraçado. Dudu comentou, no almoço de domingo, sobre uma amiga americana cujos pais estavam se separando. Eu e Mari pensamos logo que o marido havia arrumado uma chinesinha mais nova. Luiz e Sérgio, nosso querido amigo brasileiro e colega de IBM que almoçava conosco, ficaram super revoltados!

Declararam que não concordavam com nada disso, embora tenham mencionado que as chineses realmente apreciam hábitos ocidentais do tipo abrir a porta do carro para elas, puxar a cadeira no restaurante ou não escarrar no chão.

Desta vez, sou eu quem discorda. Vocês podem ser até ser gentis com as mulheres, mas quando vocês se encontram, batem forte um no braço do outro três vezes para ter certeza de que doeu e se chamam de FPD em sinal de carinho. É ou não é?

Mas tudo bem, o importante é manter o bom humor acima de qualquer diferença cultural. Luiz e Sérgio que o digam!

再见!

zaijian

Brasileiros simulando gesto de carinho entre amigos chineses.

Brasileiros simulando gesto de carinho entre amigos chineses.

 

 

 

 

Se quiser falar comigo, envie e-mail para christianedumont@hotmail.com

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