Ni Hao,
Eu trabalhei mais de 20 anos da minha vida ajudando a “construir marcas”. E como se faz isso? A grossíssimo modo, os marqueteiros escolhem um público-alvo, mapeiam seus desejos e satisfazem esses desejos através das marcas.
Complicado? Não muito. É só pensar em exemplos como o das sandálias Havaianas que saíram dos pés do Chico Anísio, que prometia que “só Havaianas não deformam, não soltam as tiras e não têm cheiro”, para os pés dos mais descolados atores globais. E como se não bastasse, ganharam o mundo, incluindo a China!
Bom, por ironia do destino, eu vim parar em um dos países onde mais se falsifica marcas em todo mundo! Sinceramente, não sei dizer quando um produto é uma falsificação, ou roubado ou se tem apenas um problema de qualidade. É tudo tão perfeito, tão às claras, tão natural que acaba acontecendo o que as empresas mais temem: as marcas perdem o seu valor.
Olhem só que interessante este diálogo que ouvi certa vez entre duas expatriadas:
_ Nossa, sua bolsa “X” é perfeita! (Onde será que ela comprou?)
_Obrigada! (Vou esperar ela perguntar onde eu comprei.)
_Onde você comprou? (Será que ela vai abrir o jogo?)
_Tenho uma amiga; é só telefonar que ela leva lá em casa. (Sabia que ela não ia resistir).
_Ah, que legal! (Droga, não conheço esta mulher!)
Repararam como o fato da bolsa ser falsa deixou de ser relevante? A partir do momento em que todo mundo sabe que a bolsa de todo mundo é uma imitação, o que diferencia uma bolsa da outra é a qualidade da falsificação e o atendimento da falsificadora. Não é o máximo?!
O paraíso de todo turista ou expatriado em Shenzhen é o Centro Comercial de Luohu. Lá é possível comprar roupas, bolsas, relógios, capinhas de celular, head phones das melhores marcas, só que tudo falso!
Marcas tipo Louis Vuitton ficam num estoque longe dos olhos dos clientes e da polícia. Você pede para ver o catálogo, escolhe a bolsa que quer e eles trazem para você de algum lugar que não sei onde fica.
O mais engraçado de Luohu é que, bem no meio do shopping, há uma faixa gigante dizendo: “Nós respeitamos a propriedade intelectual”. Perdi a foto da faixa… ai, não vou mais falar sobre este assunto, mas peguei a do shopping na Internet.
O segredo deste tipo de lugar é saber negociar. É possível, com determinação, paciência (muita paciência) e cara de pouco caso, fazer o preço cair de 600 RMB para menos de 100. Eu acho isso tudo um saco, mas algumas pessoas encontram um prazer enorme nessas negociações, principalmente os próprios chineses.
O e-bay daqui se chama taobao www.taobao.com. A grande diferença entre os dois, segundo o professor de um curso que fiz recentemente, é que os fornecedores do taboao precisam manter um chat on line 24 horas para que os chineses possam negociar preço, prazo de entrega, frete ou qualquer outra coisa que lhes dê a sensação de estar levando vantagem na compra.
Mas, o cúmulo da falsificação ou cara de pau é o que eu vou mostrar para vocês agora!
Essas fotos foram tiradas num novo condomínio aqui perto de casa que ainda está desocupado.
Existem duas explicações para esta afronta à propriedade de marca.
A primeira é que esta é uma forma de “convidar” estas marcas a instalarem suas lojas no condomínio. “Doir, veja como você ficaria linda perto da Mnot Blnac!”
A outra é uma forma de sinalizar para os compradores dos apartamentos que esta será uma região de luxo, recheada das melhores e mais caras marcas internacionais.
Por um motivo ou por outro, para nós que estamos a mais tempo no mundo capitalista, essas imagens são de dar dor no estômago! Alguém tem um Sonsiral?
Semana que vem, não percam mais um post da série Brasileiros em Shenzhen.
Zai Jian
christianedumont@hotmail.com
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