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Ni Hao,

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Semana passada, uns amigos nos convidaram a ir ao 2º International Jazz Festival no OCT Loft. OCT Loft? Show de jazz? Em Shenzhen? Depois de tudo que vimos na Baixaria semana passada? Ah, tá! Vamos nessa! Só quero ver a chinesada se empurrando nas filas, escarrando no chão e não aplaudindo ao fim do show (sim, eles têm esta mania enjoada de não aplaudir nada).

Pois é, amigos, que grande preconceito de minha parte. Não foi nada disso que aconteceu. Muito pelo contrário.

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Primeiro, o que é OCT? OCT, Overseas China Town, é uma empresa do governo voltada para turismo, turismo cultural, real state e hotéis. A OCT financiou a construção do OCT Loft convidando (ou convocando, nunca se sabe) arquitetos e artistas a transformar uma área abandonada, repleta de antigas fábricas, numa espécie do nova-iorquino Soho. Alguns destes artistas alugam quartos, todos amplos, com grandes janelas e pé direito alto, no OCT Loft ou, como eles chamam, Parque da Comunidade Artística.

OCT Loft é cheio de restaurantes, lojas de móveis, artigos de decoração e roupas, tudo com uma visão moderna e vanguardista e, logicamente, com um toque chinês de extravagância.

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Voltando ao show de jazz, assistimos a dois espetáculos. Um de um trio esloveno animadíssimo chamado Vasko Atanasovski e outro de um grupo francês encabeçado por uma cantora maravilhosa chamada Roxane Roussel. O evento era super bem organizado, com venda de ingressos antecipada ou reserva por Internet ou celular, sem furação de fila ou escarros e muitos, muitos aplausos. O preço? Brincadeira! 50 RMB para assistir às duas bandas, ou seja, duas horas de show por R$ 15,00.

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Passei o tempo todo observando os jovens chineses que estavam assistindo ao show de jazz. Não havia nada de diferente no modo em que se vestiam que pudesse denotar uma classe mais rica, mais elitizada ou mais intelectualizada. Eles pareciam os mesmos jovens que encontro no ônibus quando vou à faculdade todas as manhãs.

Ao fim do espetáculo, me toquei de que éramos um casal de brasileiros, acompanhado de um casal de israelenses, assistindo, na China, a uma banda da Eslovênia e a outra da França. E que os jovens chineses que foram ao evento, podiam até não estar vestidos de forma fashion, mas eu sei que eles são diferentes.

Eles fazem parte das primeiras ou da primeira geração de chineses que está se abrindo para o mundo. Chineses curiosos sobre o lado ocidental, tentando entender nossa cultura, nossa música, nossa língua.

Olhando para aquela galerinha, me emocionei ao pensar que seus avós foram reféns da revolução cultural e não podiam sequer ouvir música, a não ser os hinos maoístas.

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Fiquei feliz de viver na pele a tão falada globalização. E, mais ainda, de ver uma China, aberta para o mundo, preocupada em dar aos seus habitantes mais do que arroz. Preocupada em lhes dar alimento também para mente e o coração. Ih, fiquei piegas de novo!

Zai jian

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