Ni men hao,
Enfim, chegou o dia da despedida. O Família Brasileira na China esteve com vocês durante quase cinco anos nos quais relatamos nossas aventuras nesse país tão diferente e tão parecido com o Brasil. Da chegada de tirar o fôlego, quando nos perdemos no caminho do aeroporto até nossa casa, passando pela descoberta do câncer que paralisou minha vida por alguns meses, até nossa viagem para Austrália, no início deste ano, quando descobrimos a invasão asiática à oceania.
A família, na verdade, nem está mais junta fisicamente na China.
Fernando, que já foi garçom num restaurante VIP em Shenzhen durante dois anos, que comeu espetinho de gato (ou coisa pior) no baixo mundo chinês nas madrugadas depois da balada, trabalha agora como fotógrafo profissional no Brasil.
Mariana, chegou aqui com 14 anos e foi tomada pelo sentimento de liberdade que uma cidade sem violência nos traz (e que, infelizmente, não sabemos o que é até sair do Brasil), a ponto de quebrar a cara, literalmente, num acidente de moto. Ela agora é uma mulher de praticamente 20 anos, vivendo por conta própria longe da família em Gold Coast, o que nos enche de orgulho e admiração.
Marcos, chegou um pré-adolescente de 12 anos assustado pelo fato de não falar inglês numa escola internacional. Por ser um menino reservado, evitei falar particularmente dele no blog, com exceção de quando vivemos uma experiência surreal em um hospital chinês. Hoje, Marcos é um homem de 17 anos que descobriu um talento surpreendente para música e foi responsável por um dos momentos mais emocionantes da minha vida, mas que não virou post. Assim que comecei meu tratamento de quimioterapia, a escola organizou o Winter Concert onde Marquinhos faria sua estreia como cantor. Reuni todas as minhas forças físicas e emocionais para enfrentar, careca, professores e coleguinas, e acabei assistindo ao maravilhoso desabrochar de um filho-artista.
Dudu, o mascote deste blog, que em 3 meses de China já estava comemorando o aniversário com meninos de todos os lugares do mundo, que se perdeu nas ruas de Shenzhen e participou de programa de TV, já nem se sente brasileiro. Torce pelo Barcelona, fala inglês melhor do que português, tem a melhor pronúncia de mandarim da família e come o típico macarrão com queijo dos americanos de palitinho. Dudu entrou este ano na adolescência, ficou mais alto do que eu e esfrega isso na minha cara toda vez que cruza comigo nos corredores de casa.
Eu e Luiz revisamos valores, acrescentamos referências de vida, mudamos nossas convicções sobre o mundo e assistimos a evolução dos nossos filhos com um misto de surpresa e medo. Será que eles estão felizes? Fizemos a coisa certa? Acho que sim, Luiz,acho que sim.
Me sinto muito honrada de ter podido dividir essa história de vida com vocês e, cada vez que eu vir algo muito estranho pelas ruas de Shenzhen, vou lamentar não poder mais compartilha-lo aqui. Mas bola para frente, que a fila anda. Falando em fila, já leram o post Pai Dui?
Zai Jian
Christiane é certificada pela Sociedade Brasileira de Coach em Life&Personal Coach e atende pessoalmente e por Skype. Pós-graduada em propaganda e marketing, vive há quase cinco anos em Shenzhen, na zona do Cantão na China. Casada, mãe de 3 filhos, trabalha fornecendo suporte a brasileiros que desejam fazer negócios, estudar ou conhecer este país, além de escrever para mídias sociais sobre suas experiências como expatriada.
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