Ni Hao,
Como prometido, hoje escrevo diretamente do Rio de Janeiro onde estou passando férias depois de um ano fora do Brasil. Cheguei aqui e, na minha imaginação, achei que ia encontrar uma cidade totalmente modificada. Mas isso seria impossível, afinal de contas apenas um ano se passou.
Por outro lado, quando encontrei a Chaika (loja de doces tradicional do Rio) e a padaria da esquina da minha casa fechadas, achei um absurdo!!!! Ou seja, estou totalmente “atemporalizada”.
Nossa chegada ao Rio aconteceu no mesmo dia em que a cidade recebeu, da Unesco, o título de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural Urbana. Seja lá o que isso quer dizer, eu havia esquecido o quanto esta cidade era linda!
Como Shenzhen possui mar, mas não praia, lá eu me sinto eternamente como o Djavan: “morrendo de sede em frente ao mar”. Por isso, a primeira coisa que fiz no dia seguinte à nossa chegada foi ir à praia.
Gente, o que é o Arpoador? Que céu azul é este que não vemos em Shenzhen por conta da poluição? E que pinguins são estes que vieram da Patagônica para nadar junto conosco? A cariocada já trata os pinguizinhos como pets, no maior orgulho: “ele está cansado; nadou muito…”.
Os biquínis chineses, shortinho com camisetinha de lycra, escondem o corpo branquinho e sem curvas das chinesas, inclusive suas bundinhas de aspirina, como diz um amigo brasileiro: achatadas e branquinhas. Cada vez que ficamos de biquíni na frente de algum chinês, rola sempre um certo constrangimento. Aqui, por outro lado, meu biquíni me pareceu meio grandinho frente ao tradicionalíssimo fio dental. E, embora o mundo ovacione a mulher brasileira, a grande maioria de nós nem é tão bonita assim.
Mas somos muito sensuais. Ou melhor, sexuais. Na realidade, a cidade é um convite ao acasalamento. Os homens nos olham com desejo e não curiosidade, como na China. As bancas de jornal estão repletas de revista pornô para quem quiser ver, o que eu acho um absurdo. (Quando ainda morava aqui, me lembro do dia em que achei que o Dudu estava escolhendo um adesivo do Flamengo, quando na realidade estava contemplando “as belezas” da mulher brasileira!).
Os casais de namorados andam abraçados e se beijam em público. Na China, é mais fácil ver amigos homens agarradinhos na garupa das motos, do que namorados de mãos dadas. Aqui, de manhã cedo, as pessoas cheiram a alfazema e vão para o trabalho com os cabelos molhados, deixando uma sensação de “ há sempre um novo dia” para quem passa por perto.
O povo, este sim, confirma sua fama mundial: como somos simpáticos! Todos falam “oi, tudo bem, boa praia, bom dia, bom apetite, divirta-se” onde quer que eu vá. Os porteiros batem papo com moradores, os taxistas puxam conversa com os passageiros, o atendente da padaria comenta sobre o jogo do dia anterior com os clientes e por aí vai. Esta integração entre classes sociais, se existe, é totalmente invisível para mim na China!
É amigos, bastou um ano fora do Brasil para minha visão, antes tão ruim do Rio, virasse essa coisa romantiquinha que escrevi aí em cima.
No próximo post vou tentar ser mais crítica e falar do lado nem tão bonito assim.
Saudades!!!
Homenagem particular à galerinha que está fazendo nossas 33 horas de viagem valerem a pena.