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Livro de receitas crudívoras traz saúde mental como pano de fundo

Laura Miller — sem dúvida a cozinheira mais engraçada que o Tastemade revelou ao mundo — chega ao Brasil. Não pessoalmente, o que é uma pena. Mas seu livro “Cru. Vegano. E delicioso” (Benvirá, R$ 64,90) já está sendo vendido pelas lojas on-line das livrarias Curitiba, Saraiva e Cultura e por encomenda na Livraria da Vila.

Capa do livro a ser lançado no Brasil. Imagem: Reprodução.

São mais de cem receitas (a maioria crudívora) escritas com seu peculiar humor e divididas entre café da manhã, para levar, saladas, jantares durante a semana, festas, doces e a indulgente “para morrer sozinho”, só com receitas para encher a cara de comida em momentos deprê: “(…) quando você se sente estressado ou para baixo, vai ter vontade de encher a cara de comida para se sentir melhor. Se é assim, por que não recorrer a uma comida realmente nutritiva (…) em vez de escolher tranqueiras que só farão você se sentir pior?”, argumenta neste capítulo, com receitas que poderiam ser junk food se não fossem os ingredientes: docinho de gergelim, chips de couve-de-bruxelas, batata-doce frita, milk shake de frutas com leite vegetal.

Laura Miller fez sucesso por seu humor peculiar. Foto: Reprodução/Instagram

Laura Miller fez sucesso por seu humor peculiar. Foto: Reprodução/Instagram

É um dos traços de sua persona: lidar com a saúde mental com um humor levemente auto-depreciativo, mesmo que a ansiedade a tenha paralisado muitas vezes durante sua carreira. No livro, Laura traz dicas, tais como a comida fermentada pode ajudar no tratamento de ansiedade. Em seu canal pessoal do Youtube, lançado recentemente, ela publicou uma série de vídeos em que conversa com diversas pessoas sobre doenças e transtornos psiquiátricos durante o que parece um happy hour (provavelmente sem álcool). É o Talking in Circles e você pode assistir clicando aqui.

 

O início de Raw Vegan Not Gross

Raw Vegan Not Gross foi um canal que surgiu por acaso: Laura conta no livro que havia gravado um vídeo em sua casa para um material de divulgação sobre a feira na qual vendia seus doces crudívoros. “Eu estava tão nervosa que perguntei se podia tomar uma dose de tequila. Fui à cozinha e bebi direto do gargalo, sem perceber que ainda estava com o microfone preso na roupa e que eles ouviam tudo”, escreveu no livro.

Cheesecake crudívoro de lavanda, uma das receitas que Laura Miller preparava para vender na feira. Foto: David Loftus/Reprodução Instagram

Cheesecake crudívoro de lavanda, uma das receitas que Laura Miller preparava para vender na feira. Foto: David Loftus/Reprodução Instagram

O diretor da série de vídeos para a feira de produtores locais era Eric Slatkin, que um ano depois passou a trabalhar para a Tastemade. Laura conta que aceitou gravar alguns vídeos para o canal do Youtube porque estava desempregada e havia fechado seu negócio de docinhos crudívoros caseiros. Seu programa foi batizado com o slogan que usava para vender seus preparos na feira: Raw. Vegan. Not Gross. (em português, algo como “cru e vegano sem ser nojento”). Sua audiência foi excelente e durante algum tempo, ela gravou apenas receitas. Até ganhar um programa de DIY e tirar um período sabático.

 

Leia a entrevista exclusiva que Laura Miller concedeu ao blog Verdura sem Frescura:

Uma coisa que chama a atenção nas ruas receitas cruas é a apresentação das sobremesas e várias técnicas usadas em um mesmo prato. Como funciona seu processo criativo na cozinha?

Comida crua pode parecer muito estranha ou intimidar as pessoas no começo, então nas minhas receitas eu tento eliminar qualquer passo extra, equipamento ou ingredientes caros e da moda que podem tirar a vontade de alguém tentar. Eu sempre tento usar o mínimo de ingredientes e de equipamentos possível — assim tem menos louça para lavar no final!

Gazpacho de melancia com manga. Foto: David Loftus/Reprodução Instagram

Gazpacho de melancia com manga é outra receita no livro de Laura Miller. Foto: David Loftus/Reprodução Instagram

Você trabalhou em restaurantes onívoros quando já era vegetariana. O que se pode aprender dentro de um restaurante convencional quando se é uma cozinheira vegetariana?

Eu aprendi muito trabalhando em uma cozinha convencional. Eu acho que é realmente vantajoso aprender a cozinhar sem as limitações do vegetarianismo e veganismo, porque você pode aprender técnicas que talvez não cruzariam seu caminho se você estiver procurando apenas por culinária vegana.

Salada de melancia e abacate, uma das receitas do livro. Foto: Reprodução/Instagram

Salada de melancia e abacate, uma das receitas do livro. Foto: Reprodução/Instagram

Quais seus planos futuros envolvendo comida? Você tem explorado algo novo em ingredientes ou processos?

Acabei de ter bebê (há três meses!) então estou passando muito mais tempo em casa agora, focando em cozinhar para minha família. Estou tentando concentrar meus esforços em fazer muita comida de uma só vez e congelar uma parte para que eu tenha refeições saudáveis e à base de plantas à mão quando minha agenda ficar muito louca. Pensar em refeições e cozinhar em “bateladas” são minhas novas coisas favoritas!

When I found out I was pregnant I cried, not out of happiness but out of terror, because I was already 2 months into the scariest depression of my life and knew I wasn’t healthy enough to deal with the physical and emotional challenges of a pregnancy, much less becoming a mother. I’ve dealt with depression for 20+ years and am very familiar with enduring the ups and downs of life, but this was a new horrifying depth. I spent months not wanting to be alive. I haven’t been able to work, and I am embarrassed about that. I have to remind myself that my accomplishments over the past 15 months are that I grew this healthy girl and that I survived. I’m now back on an antidepressant medication that saved my life once before. I don’t like being on it because my ego makes me feel bad about it, and because people that don’t understand think it’s a cheap and easy way out. It’s not. Some of us out here have brains that can’t be cured from green juice and exercise and therapy, and that’s ok. My warrior of a husband wrote a song about fighting through this together and it’s called Joan of Arc if you want to Spotify/google it. I love him and I love Mae. We made it out the other side and I’m going to wear color and be funny again I promise.

Uma publicação compartilhada por Laura Miller (@imlauramiller) em

Você conta no livro que passou 15 anos sofrendo de ansiedade e que levou cerca de três anos para se reestruturar emocionalmente. A alimentação ajuda nesta recuperação?

Alimentar-me de plantas tem me ajudado tanto! Uma das melhores maneiras de cuidar de mim mesma física, mental e emocionalmente é preparar e comer comida crua. É legal porque é uma prática diária, onde posso me nutrir e me cuidar de um jeito que beneficia tanto meu corpo quanto minha mente.

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