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Por décadas fomos acostumados a pensar em carreiras de forma linear: aqueles que conseguem, vão para a universidade, conseguem estágios, começam a trabalhar, conseguem um bom emprego em uma multinacional e lá passam os próximos 30 a 40 anos, até se aposentarem. Esse sistema e padrão funcionou bem para muitas pessoas, durante muito tempo. Contudo, ele está fadado a mudar e se tornar cada vez menos relevante.
É óbvio que isso continuará sendo verdade para muitas pessoas durante muito tempo, mas a competição de novos modelos de carreira está cada vez mais acirrado. Se, durante décadas, tivemos o padrão de carreiras lineares, como descrevi acima, novos modelos começam a tomar conta dos espaços de trabalho.
Há alguns anos, em diversas palestras, eu falava que ter diversas carreiras ao longo da trajetória profissional se tornaria senso comum. Hoje, já podemos ver isso começando a tomar forma.
Ao invés de pensar em se formar e buscar emprego em uma multinacional como sendo apenas o único e melhor caminho, hoje temos cada vez mais profissionais com carreiras mistas: ao mesmo tempo que possuem um cargo de coordenação ou gerência, são também escritores, professores, mentores, atuam como freelancers em projetos especiais, constroem seus próprios projetos e assim por diante.
É claro que isso traz questões importantes. Burnout é uma realidade e em um mundo de carreiras mistas, em que estamos a todo tempo tendo que mudar o foco e trabalhando em diversos projetos diferentes, isso fica ainda mais acentuado.
Contudo, falando por experiência própria: passei boa parte da minha trajetória profissional no caminho mais tradicional e linear, como executivo. Na última década, comecei a abrir o leque das minhas atuações e, embora hoje ainda atue como executivo e a ISH comprometa boa parte do meu tempo de trabalho, tenho também diversas outras atuações: como criador de conteúdo, palestrante, investidor, e assim por diante.
Cada uma dessas atuações diferentes para além da minha alçada como executivo, no fim das contas, me ajudam grandemente no meu dia-a-dia e todas elas se retroalimentam. Minha atuação como investidor de startups me fez ser um Diretor de Inovação melhor e minha atuação como Diretor de Inovação me dá muita bagagem para as palestras, e assim por diante.
Se o padrão da época dos nossos pais (e nossa, por que não) era de se ter um emprego durante muitas décadas, este padrão está diminuindo sua relevância. Como comentei, esse tipo de mudança não acontece do dia para noite e é óbvio que ele ainda estará acontecendo nas próximas décadas. Mas teremos mais e mais profissionais optando e seguindo carreiras não-lineares, com muitas skills, objetivos e empregadores diferentes, ao longo de suas carreiras.
Carreiras não-lineares não são apenas sobre dizer não ao modelo antigo, mas sim sobre abrir a mente, o olhar, e as portas para todas as potenciais oportunidades que um mundo hiperconectado nos trouxe.