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Criptomoedas

De bilionária para falida: as lições do colapso da FTX

Criptomoedas e notas de 1 dollar
A empresa, avaliada no início do ano em 32 bilhões de dólares, entrou com um pedido de falência. (Foto: Jonathan Borba / Unsplash)

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De tempos em tempos, a realidade bate à porta e acaba com as ilusões do mundo dos negócios. Em alguns casos, como em muitas startups que levantaram grandes rodadas nos últimos anos, essa realidade vem na forma da cobrança por resultados e um modelo de negócio que realmente faça sentido. Em outros casos, a realidade é ainda mais dura, revelando casos gigantescos de fraude.

Há alguns anos, foi isso que aconteceu com o caso da Theranos, empresa que prometia revolucionar o gigantesco mercado da saúde ao supostamente realizar centenas de exames utilizando apenas uma gota de sangue.

A fundadora da empresa, Elizabeth Holmes, foi chamada de nova Steve Jobs e chegou a ser uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos. Ao longo dos anos, a Theranos levantou milhões e milhões de dólares. No fim das contas, descobriu-se que tudo não passava de uma fraude, que a máquina da empresa nunca funcionou como deveria. Na última semana, Holmes foi sentenciada a 11 anos de prisão.

Mais recentemente, tivemos um caso ainda mais emblemático: há 2 semanas, o fundador da corretora de criptomoedas FTX, Sam Bankman-Fried, era chamado de gênio e uma das pessoas mais influentes do mercado. Após acusações de que a empresa tinha problemas de liquidez, o império de Sam se mostrou um castelo de areia. A empresa, avaliada no início do ano em 32 bilhões de dólares, entrou com um pedido de falência. Mais do que isso, a cada dia se descobre que não havia apenas um problema de liquidez.

Existem indícios de que a empresa cometia fraudes e usava o dinheiro aplicado pelos clientes em esquemas sujos que envolviam tokens de outras empresas, empréstimos à Alameda Research, também fundada por Sam, e muito mais.

Ainda não sabemos o desfecho dessa história. Digna de roteiro de Hollywood (ou da Netflix), ainda podemos ver muitas outras reviravoltas e um efeito dominó que pode afetar todo o mercado de criptomoedas. O que os casos da FTX e da Theranos tem em comum?

Uma das similaridades vem do fato de que ambos os fundadores eram vistos como “gênios” pela mídia, estampando capas de algumas das revistas de negócios mais relevantes do mundo. Sam era um dos mais jovens bilionários do mundo e Holmes era comparada a Steve Jobs - ela até passou a se vestir e a falar como ele. Bizarro.

Contudo, o ponto mais delicado de semelhança talvez tenha sido quantos investidores relevantes ambos conseguiram atrair. Na Theranos, nomes como Larry Ellison (Oracle), Rupert Murdoch e a família Walton (donos do Walmart) investiram na empresa. Na FTX, fundos como Sequoia, Lightspeed, Softbank, e muitos outros.

Como fundos gigantescos, que administram bilhões de dólares, não fizeram uma diligência correta e foram enganados por um fundador de 30 anos de idade que prometia mudar a camada financeira mundial? 

O movimento de manada não ocorre apenas com investidores menores e do varejo. Ele acontece também com investidores com muitos milhões de dólares no bolso.

Diante de tanta liquidez no mercado nos últimos anos, ao invés de fazer uma diligência correta, o FOMO (Fear of Missing Out) foi mais importante. Mesmo que você não administre um fundo e não faça investimentos em startups, o caso da FTX nos traz lições valiosas. Dentre elas: jamais acredite nos “gênios” construídos pela mídia. Gênios - de verdade - são muito raros e se a mídia está chamando alguém de “novo Steve Jobs” ou “novo Bill Gates”, é melhor ter um pé atrás.

Além disso, não se deixe influenciar pelo que parece cool simplesmente por que parece que é a onda na qual todos estão entrando. Se os fundos que investiram na Theranos ou na FTX tivessem feito o mínimo de diligência, provavelmente teriam visto que alguma coisa estava errada.

Nessas horas, é melhor sentir o JOMO, Joy of Missing Out, ou seja, a alegria de ficar de fora de negócios com características suspeitas.

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