Já estamos na reta final de 2022, entrando naquele período onde muitas empresas e funcionários entram quase que em “piloto automático”, ainda mais em um estressante cenário pós-eleições e com a Copa do Mundo chegando. O momento, contudo, é um dos menos propícios para o “piloto automático”.
Não se engane, 2023 pode ser muito desafiador.
O cenário macro permanece instável, com a guerra entre Ucrânia e Rússia sem data para terminar, desaceleração do crescimento chinês e tensões entre Estados Unidos e China, além da crise energética na Europa e do avanço da inflação ao redor do mundo.
Alguns especialistas dizem que os Estados Unidos já entraram em recessão técnica - embora o governo Biden não confirme a informação - e todas as vezes que a maior potência econômica do mundo entra em recessão, o mundo inteiro treme.
Não tenho bola de cristal para dizer quando - e se realmente - iremos entrar em uma recessão global. Contudo, em momentos como esses, a cautela pode ser sua maior amiga.
Se existem fortes ventos desfavoráveis, é importante se preparar, ainda mais em uma economia ainda muito dependente de commodities como a nossa, e extremamente dependente de nossas parcerias comerciais com a China que, agora, não vive seus melhores dias em termos de economia e crescimento.
O lema “caixa é rei” continua mais atual do que nunca, ainda mais em um cenário onde o crédito não está tão barato quanto esteve ao longo da última década e os investidores estão pensando dez vezes antes de fazer aportes em empresas.
Os fundamentos do que faz um bom negócio estão de volta: margens, fluxo de caixa, lucro. Não tem segredo e nem mistério, embora muitos tenham tentado fazer loucuras contábeis e econômicas nos últimos anos.
Até mesmo mercados extremamente lucrativos tem tido uma debandada, como o mercado cripto, com a recente bancarrota da FTX, uma das maiores corretoras do mundo, em uma trama digna de Hollywood. Abordarei melhor o assunto em artigos posteriores.
Pode ser que nenhum desses temores se confirme e que a economia volte a florescer e tenhamos próximos anos cheios de crescimento econômico. Mas diante de todos os sinais, é difícil acreditar nisso. Em especial com as sinalizações irresponsáveis no que tange aos controles de gastos do governo eleito. Preservar caixa, ter foco em execução e cautela nos gastos é o mais apropriado.
Sobreviver aos próximos meses - ou anos - deve ser a primeira missão da sua empresa.
O Brasil é um país cheio de oportunidades, mas não podemos esquecer que ainda somos um país em desenvolvimento, com uma moeda não tão valorizada, extrema instabilidade jurídica, um ambiente terrível para negócios e muito suscetível a solavancos vindos de fora.
Com tantas variáveis, é sempre bom se planejar para o pior, sem esquecer de abrir os olhos para possíveis oportunidades que sempre aparecem nos momentos de crise.