Saímos de San Francisco no início da tarde. Faz tempo que não conseguimos mais acordar cedo e lotar o dia de atividades. Café da manhã então, se for antes das dez como a maioria é, nem adianta colocar o relógio. Já não é nem só a questão de cansaço, mas museus não nos interessam mais, parques, galerias, edifício mais alto da cidade ou do país… as coisas vão ficando repetitivas e depois de tanto que vimos por aí ficamos mais seletivos, além de cansados. Aqui nos Estados Unidos tem muita coisa pra ver, mas pelo menos na costa oeste temos nos dedicado a passeios mais tranquilos, na praia, portos, amigos, bares e restaurantes e claro, outlets!! Tudo meio sem roteiro! Vou ser sincera: já estou no meu limite de ler guias, pesquisar sobre cidades, o que fazer, aonde ir, o que esperar, atrações imperdíveis. Estamos indo literalmente onde o vento levar e quando o olho abrir.
Nesse ritmo normal depois de mais de um ano de viagem, pegamos a estrada em direção a Napa Valley, região produtora de vinhos premiados (são mais de 230 vinícolas). Passamos por Sanoma e Napa, almoçamos em Downtown Napa num mercado chamado Oxbow Public Market, mas não se engane, é desses mercados restaurados com lojinhas requintadas e coisas caras, mas super astral e com muitas opções gastronômicas e degustações de vinhos. Pra vocês terem ideia do desgaste da dupla aqui, a intenção era ir pelo menos a duas vinícolas, experimentar alguns vinhos e então seguir, mas meu humor não estava dos melhores e não quis ler nada a respeito e tão pouco decidir onde ir (eu costumo ficar encarregada dessa parte). Pedi para o Seba que também não fez questão. Rolou uma pequena discussão e fomos embora sem conhecer as vinícolas de Napa Valley. Mesmo com a passagem relâmpago por Napa, a cidade parece de boneca e vale gastar um tempinho maior aqui (um dia está de bom tamanho).
Seguimos viagem para Sacramento, capital da Califórnia, no mesmo ritmo de Napa. Sem planejar, sem ler e sem grandes vontades de passear. Dormimos uma noite ali e antes de continuar viagem rumo à Seattle, passamos pela Old Sacramento, uma bairro que mantém a maior concentração de construções antigas da Califórnia. Lojinhas, restaurantes, bares e até uma estação de trem antiga está ali. A sensação é de estar no velho oeste num filme de Hollywood. Uma graça de cidade que foi “colocada no mapa” na época da corrida do ouro, em 1849.
Nosso plano era levar três dias até Seattle, parando, sem pressa. Dá pra fazer em menos tempo, mas fizemos no máximo 6-7 horas de viagem por dia. Saindo de Sacramento pegamos a Interstate 5 (I5) em direção ao norte e fomos até Medford, já no estado de Oregon. Limitamo-nos a dormir e naquele esquema de ignorar o café e acordar quando o olho abrir, partimos no dia seguinte para Seattle.
Onde dormir
Temos feito reserva nos hotéis a caminho, na estrada. Viva a internet no celular! Quando chegamos a Los Angeles, compramos um chip para o celular da T Mobile pré-pago (90U$ no primeiro mês e 60U$ nos restantes) que nos deu a tranquilidade de ter internet ilimitada e ligações gratuitas para os EUA e fixos no Brasil, Uruguai e outros países da Europa. Usamos um site muito usado aqui chamado Hotwire que oferece bons descontos com a condição de você reservar o hotel escolhendo apenas a localização e a categoria, sem saber ao certo qual é o hotel. Já fizemos diversas vezes e temos conseguido bons preços e ótimos hotéis e motéis (aqui nos Estados Unidos os motéis são hotéis de passagem, de estrada, para quem está viajando). Uma boa dica é prestar atenção na classificação das estrelas dos hotéis americanos. Os americanos têm um ranqueamento mais elevado do que estamos acostumados. Um hotel duas estrelas no Brasil costuma ser uma espelunca, mas nos estados unidos é mais que suficiente e com ótimas opções (Motel 6, Day Inn, Travelodge, Econolodge etc…). A média pelo hotwire com taxas está em torno de 65 dólares.
Nessas reservas surpresas descobrimos uma rede de duas estrelas e meia chamada Extended Stay America. Sensacional. O quarto não é um quarto, é um flat, gigante com cozinha e geladeira. Recomendamos! Nossa estratégia é, como estamos de carro, reservar hotéis um pouco afastados do centro da cidade, na região metropolitana, porque são mais baratos. Em grandes cidades não é muito fácil achar esse tipo de hotel bem centralizado. Eles ficam nos arredores dos grandes centros. Para ficar mais central e pagar barato tem que ter sorte e normalmente procurar em hosteis.
Eclética Seattle
Seguindo a estratégia do hotwire, escolhemos um hotel nas proximidades de Seattle e por sorte pegamos o Extanded Stay America de Renton, região metropolitana onde está enterrado Jimi Hendrix. De carro demoramos 20 minutos até Seattle. Fui surpreendida com a beleza da cidade que é considerada umas das “great” metrópoles americanas e berço da música grunge, local de origem de bandas como Pearl Jam e Alice in Chains, além de abrigar a sede da Amazon.com, da Boeing e onde nasceu Bill Gates e a famosa Starbucks.
Um lugar indispensável para sentir a “alma” de Seattle é o Pike Place Market, um mercado público charmoso, descolado, com muita fruta, verdura e frutos do mar fresquinhos, cafeterias e floriculturas tomadas de tulipas multicoloridas e uma diversidade de estilos fenomenal, além de peixes que voam, é claro!
O mercado funciona desde 1907 e ali nasceu o primeiro Starbucks. Um lugar ideal para ter uma primeira amostra do que é Seattle. Já na chegada experimentamos uma sopa de marisco sensacional que é originária da Nova Inglaterra e famosa aqui – a “Clam Chowder”, na Pike Place Chowder. Por favor,experimentem!
Para quem não é muito de mariscos tem de vários “sabores do mar” e eu tomei uma de Salmon incrível. Na peixaria mais famosa do tradicional mercado, a Pike Place Fish, a variedade de peixes e o tamanho dos caranguejos impressionam, além da bagunça que os vendedores fazem quando um cliente se aproxima. Ali os peixes “voam” para o fundo da loja para serem limpos depois que o freguês escolhe e eles fazem tudo narrado com movimentos sincronizados e coreografados agitando o lugar e chamando a atenção. É um show a parte! Outra dica que descobrimos aqui é a rede de restaurantes de comida italiana chamada Olive Garden. Comida saborosa, fresquinha e a sopa e a salada são livres e muitoooo boas!
Seattle fica no estado de Washington quase na fronteira com o Canadá. É cercada de água, cheia de verde e rodeada de montanhas nevadas com o glamoroso monte Rainier no contorno (na estrada ele já nos dava as boas vindas).Então imagine que cenário não se pode ver do alto da Space Needle, a “agulha espacial” de 184 m que foi concluída em 1962 para uma Feira Mundial. Do alto da torre a vista de 360º de Seattle faz a gente babar ainda mais pela cidade.
A torre fica cercada pelo Seattle Center, quarteirão que abrigou a Feira em 62 e hoje tem diversos empreendimentos com foco no entretenimento: praças, teatros, cinemas, estádios e museus.
O Experience Music Project fica ao lado da Space Needle e é uma espécie de museu da música com alguma coisa do cinema. O prédio tem uma arquitetura que é um show a parte cheio de curvas e parece uma bolha projetado pelo arquiteto canadense-americano Frank O Gehry. Mas, show mesmo é a experiência musical que o local proporciona para os roqueiros de plantão. Fotografias, guitarras e violões contam a história do Nirvana que surgiu aqui em Seattle, além de roupas clássicas de Jimi Hendrix e guitarras do ícone do Rock n’ Roll. Para quem gosta de fazer um som, o museu oferece praticamente um andar inteiro para aprender a tocar guitarra, bateria, escutar o som de diversos instrumentos e até gravar o seu próprio no estúdio.
No sábado à tarde, depois do Museu, fomos dar um passeio por Fremont, um bairro “alternativo”, boêmio que hospeda um troll enorme esmagando um carro em baixo da ponte. O bairro em si é gostoso de passear, casas lindas, cheio de verde e barzinhos descontraídos. Na passada descobrimos um boteco lotado, com fila na rua e um cheiro sensacional. Resolvemos parar e seguir a dica de que “lugar simples e lotado com fila é porque deve ter algo local muito bom”. Dito e feito: descobrimos um sanduiche de porco assado dos deuses, o melhor que já comi na vida!!!! O nome do local chama Paseo. Essa, sem dúvida, para quem gosta de comer bem e coisas simples, é a melhor das dicas!
Perto de Seattle saem tours pelas ilhas próximas como San Juan para ver as orcas e para conhecer Victoria e Vancouver. De maio a novembro é a temporada. Não fomos por falta de tempo e também porque já gastamos uma grana vendo baleias. Deixamos para uma próxima, mas se puderem, vale muito.
Algumas outras atrações de Seattle
* Point Defiance Zoo & Aquarium
* Helicopter tour Mt. St. Helens
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Nosso próximo destino: Pacific Highway
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