Berlim foi a capital da Europa que mais me impressionou. É, sem dúvida, a mais marcante. Viajar pelo velho continente é como entrar no túnel do tempo e reviver toda história da humanidade, das guerras aos impérios. Porém, em Berlim, a história é mais presente que passado, é recente, está viva pelas ruas da cidade, pulsante nas veias do povo alemão.
A capital da Alemanha tem uma trajetória conturbada, pesada e também fascinante. Em praticamente 100 anos, Berlim foi capital do Império Alemão de 1871 até 1918; de 1933 a 1945 foi capital do Terceiro Reich de Adolf Hitler; destruída durante a II Guerra e após, dividida pelo muro de Berlim (mais de 155 quilômetros) em Oriental e Ocidental, de 1961 e 1989; e em 1989 foi reunificada com a queda do muro. Nazistas, soviéticos, franceses, ingleses e norte americanos dominaram Berlim e marcaram para sempre a história da cidade e do país (sem falar no mundo) em um lugar imprescindível, necessário, inigualável.
Passear por Berlim e conhecer os monumentos, as praças, os bunkers, os pedaços do muro, as ruas principais onde os nazistas fixaram sua sede é pesado, angustiante, mas ao mesmo tempo instigante e enriquecedor. Hoje, tudo em Berlim é novo, recuperado, reconstruído e o guia do ônibus de turismo que peguei durante dois dias explicava: “esse bairro é novo porque tudo foi destruído durante a II Guerra… ou, esse é o edifício mais antigo da cidade, foi o único que ficou em pé depois da guerra”. Berlim se reinventou.
Passamos 4 dias intensos na casa da Yasmim e Rudy, amigos do Seba e pais do seu afilhado Rafa, um austríaco-mexicano de nem dois anos, doce e carismático. Quase não parei em casa porque estava encantada com a cidade e queria devorá-la. Berlim é grande e não se recomenda fazer a pé. Por isso e pela saúde dos meus pés ainda inflamados peguei o tradicional ônibus de turismo por dois dias, esses que têm guias em diversas línguas e que você pode subir e descer nos principais pontos, quantas vezes quiser.
Repare nos inúmeros semáforos da cidade como estão sinalizados. Ao invés de sinais abstratos verde, vermelho e amarelo, Berlim oriental institui em 1969 um bonequinho simpático chamado Ampelmann, famoso na cidade e que tem até loja própria.
Comecei fazendo uma caminhada da Alexanderplatz, uma das principais praças e ponto de referência da cidade onde está a Berliner Fernsehturm (uma torre de TV ícone da cidade com uma vista magnífica), até a lindíssima Berliner Dom (catedral) e a Museumsinsel, a “ilha dos museus” onde ficam o Pergamon, e o Neues Museum entre outros. No Pergamon a atração principal são a porta da Babilônia e o Altar de Pérgamo e no Neues, o busto da Nefertiti.
Segui a pé pela Avenida Unter den Linden, uma das principais, até o Portão de Brandemburgo, símbolo poderoso da cidade com mais de 200 anos de história e o Memorial do Holocausto, uma quadra inteira construída com blocos de concreto em homenagem aos judeus mortos pelos nazistas.
Terror nazista
Percorri Berlim no segundo e terceiro dia com o ônibus de turismo que passa por todos os principais pontos, como a nova estação de trem, Hauptbahnhof; uma das maiores lojas de departamento do mundo, a KadeWe – Kaufhaus des Westens, a Siegessäule – a coluna da vitória, símbolo da vitória militar prussiana no século 19. Então o tour começa a ficar mais tenso e interessante quando chegamos na Topografia do Terror, um museu a céu aberto no terreno que entre 1933 e 1945 foi sede das instituições mais importantes da maquinária do terror e perseguição nacional-socialista: a central da polícia política do Estado (Gestapo), SS – Esquadrões de proteção ou “Schutzstaffel”, Serviço de Segurança (SD) das SS e, a partir de 1939, o escritório principal de segurança do Terceiro Reich.
Há poucos metros dali está o Checkpoint Charlie, um antigo posto militar americano, ponto de passagem famoso entre os lados oriental e ocidental durante a guerra fria.
Depois desse banho de história cruel, seguimos para ver os fragmentos do muro que tinha mais de 155km e hoje restam alguns fragmentos espalhados pela cidade. O maior pedaço preservado, cerca de 1,3 km, está na rua Mühlenstraße, chamado East Side Gallery – o “Memorial Internacional da Liberdade” onde artistas do mundo inteiro se reuniram espontaneamente para pintar.
Um tour que gostaria de ter feito, mas não deu tempo foi o Berliner Unterwelten E.V. É um passeio guiado em diversos idiomas por um “Bunker” utilizado para proteção durante a II Guerra Mundial. É preciso ver anteriormente no site quais os dias e horários dos tours. Não é permitida a entrada individual, somente grupos guiados.
Da mesma forma acontece para visitar o histórico Reichstag, o atual Parlamento alemão. Erguido a partir de 1884, incendiado 1933 e bombardeado durante a II Guerra foi reconstruído apenas em 1956. Sua cúpula estava totalmente destruída e foi reconstruída pelo arquiteto Norman Foster. Hoje é possível visitá-la gratuitamente, mas com agendamento pelo site com pelo menos três dias de antecedência.
Para encerrar os dias em Berlim de forma mais leve fui conhecer o Madame Tussauds Berlim, um passeio divertido no museu de cera com astros e estrelas de todo o mundo.
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Nosso próximo destino: Praga!
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