Enfim, chagamos ao paraíso! Depois de 5 dias em Bangcoc chegamos a Koh Tao, uma ilhota minúscula no golfo da Tailândia. Inicialmente nosso plano era ficar cerca de 20 dias no país, mas como o Seba se apaixonou pela ideia de ter como nova profissão o mergulho, fomos orientados em Zanzibar a vir para cá fazer todos os cursos necessários. Aqui é um maiores centros de ensino de mergulho do mundo e mais barato que qualquer outro lugar. A ilha só perde para Austrália no número de certificados emitidos. Koh Tao é o destino de milhares de mergulhadores ou pessoas que querem aprender a mergulhar todos os anos. As principais escolas de mergulho daqui, o Crystal Resort e o Ban`s disputam acirradamente quantos mergulhadores certificados PADI por ano cada um forma. O Ban´s está na marca dos 52 mil certificados ano (números de 2011).
Para o Seba se tornar instrutor, ele precisaria ter pelo menos 40 mergulhos para então poder fazer o Dive Master e em seguida o Dive Instructor.A questão toda é que isso levaria cerca de 2 meses, correndo bastante! Foi o que decidimos fazer, ficar aqui esses dois meses para o Seba ser Certificado Padi Dive Instructor! Ele passa os dias mergulhando, mergulhando e estudando (a rotina começa às 6h30 da manhã e termina 5h30, todos os dias) e eu fico descansando, tomando sol, curtindo a praia, aprendendo a fazer algumas receitas tailandesas, fazendo curso de massagem, lendo e desvendando a ilha por terra com uma motinho alugada. Sim, por terra. O fundo do mar é lindo, mas acho que meu lugar é em terra firme. Ainda não me sinto confortável em baixo da água e vou ter que praticar mais para perder o medo. Sou apenas Open Water e é suficiente por enquanto!
Sobre a Ilha
Koh Tao significa “Ilha das Tartarugas” porque no passado costumava ser habitada por milhares delas, hoje, infelizmente, com a nossa chegada, elas são difíceis de encontrar. Koh Tao fica no lado leste da costa de Surat Thani cercada por duas outras ilhas maiores, Koh Phanngan (vou escrever depois sobre ela) e Koh Samui. A ilha tem cerca 1800 (2010) habitantes, 19,2 km2, montanhosa com apenas 30% plana e o principal meio de transporte aqui são as motos. A água é cristalina, verde mesclando com azul, quente (até podia ser mais geladinha), faz calor o ano inteiro (estamos no inverno e a média é 30oc), mas agora entre final de novembro e início dezembro é época de chuva forte! O mundo parece que vai acabar, mas logo passa e o sol brilha forte de novo.
Até 1943 era ilha de ninguém, inabitada, apenas barcos pesqueiros atracavam por aqui e muitas tartarugas e tubarões. Durante um ano, entre 43 e 44, a ilha foi utilizada como prisão política e depois voltou a ficar deserta. Em 1947, os primeiros a chegar na ilha foram dois irmãos gêmeos que trouxeram um pouco de comida, construíram um abrigo nos escombros da prisão demolida e logo após trouxeram as famílias.
Koh Tao é dividida em três vilarejos, Mae Haad, Sairee e Chalok Baan Kao e depois praias mais isoladas cheias de resorts e bangalôs pendurados nas rochas e em praias particulares. Mae Haad é onde fica o píer e o centro comercial da cidade, em Sairee fica a maior concentração de bares e restaurantes,e é onde a noite acontece praticamente todos os dias. Chalok é um pouco mais distante e é praticamente hotéis e bangalôs. Os diving centers, que movimentam a aconomia da ilha estão espalhados por toda a ilha, mais concentrados nas duas primeiras regiões.
Panorama de mergulho
Koh Tao possui 25 pontos de mergulho, com uma profundidade que varia de 14 a 30m. A água costuma ser quente, em torno de 28oc a 32oC e a visibilidade é em média de 12m. Koh Tao não é o melhor lugar de mergulho em termos de visibilidade e vida marinha, mas com certeza é o mais barato. Porém, mesmo assim é possível mergulhar com tubarões baleia, tartarugas, moreias,peixes diversos.
Segundo os mergulhadores existem inúmeros outras ilhas por aqui que são mais bonitas, mas para aprender, estudar e obter números de mergulhos, aqui é o melhor destino. Um curso de Open Water pode custar entre 7,800 a 9,000 bath, o que significa entre 250 a 300 USD e muitos locais incluem a acomodação. Mergulhos avulsos custam em torno de 1,000 bath (32,00 USD). Os preços costumam estar nos sites e variam de acordo com a escola. Como a comunidade do mergulho é gigante e para aqui vem pessoas do mundo inteiro trabalhar e estudar, é possível fazer o curso em diversos idiomas, até em português ou espanhol.
Algumas escolas de mergulho de Koh Tao:
Palavrinhas mágicas
Os tailandeses são muito simpáticos, alegres e receptivos e duas palavrinhas que estão sempre entre as principais premissas do povo é a “consideração” e a “hospitalidade”. Aqui é impossível não se sentir acolhido e acontece frequentemente das pessoas virem passar alguns dias e acabam estendendo , vão ficando, ficando, ficando… a vida aqui é simples, alegre e descontraída (se quiser não precisa nem usar chinelo, pois todos devemos tirá-los ao entrar em algum lugar). Comer é uma festa porque a cozinha tailandesa é uma delícia (como comentei no post de Bangcoc) e se gasta em torno de 4 USD por refeição. A ilha é cheia de restaurantes, barzinhos, churrasquinhos de esquina, panquecas, barraquinhas de shakes e tudo mais que imaginar.
Onde ficar
Tudo aqui na Tailândia é barato e aqui em Koh Tao não é diferente. Alugar um bangalô na frente do mar ou mais nas montanhas, ou um quarto num Guest House é fácil e com muitas opções do tipo: com ar e água quente, com ventilador e água quente ou com ventilador e sem água quente. É possível também alugar casas maiores um pouco com cozinha e jardim, mas em regiões um pouco mais afastadas. Os principais pontos para locação ficam em Mae Haad e em Sairee. Um bangalô na frente da praia em baixa temporada pode custar de 600 a 1200 bath (19,00 a 38,00 USD) por dia e um mais para trás, 450bht (14,00 USD). Se você alugar por mês o preço cai bastante e é possível achar quartos e bangalôs por 7.000 ao mês (225,00 USD).
A arte de não fazer nada
Não entendo porque as pessoas, e inclusive eu, pensam que sempre temos que estar fazendo alguma coisa, produzindo algo, e se sentem incomodadas caso isso não aconteça. A consciência pesa e a sensação de estar fazendo algo errado aparece. Foi assim aqui. O Seba estudando e eu sem nada para fazer e tendo sempre que responder “mas o que você faz o dia todo?” Estudei, trabalhei duro por bastante tempo. Tinha um sonho e resolvi encará-lo e então me dei um sabático para não fazer nada! Qual o problema? Precisei aprender a não fazer nada sem me sentir em dívida com minha consciência, porque sempre fui muito certinha, me cobro quase que a perfeição, queria minha independência a todo custo fazendo e acontecendo. Sempre ocupada com aulas, cursos e muito trabalho. Durante esse sabático me dei conta que é preciso aprender como “não fazer nada”, numa boa; e não é tão fácil assim. Mesmo durante nossa viagem, estávamos sempre indo e vindo, fazendo a mochila, lendo sobre os lugares, estudando, visitando, camminhando, correndo, conhecendo. Agora, aqui, temos dois meses de uma rotina e a minha é aprender a viver no ócio. Cabeça vazia (quisera eu), saudades batendo, tempo pra pensar, pra descansar, paraíso na frente, novos amigos, nova cultura, uma ilha inteira pra desvendar, blog para escrever. No fim tem sim bastante coisa pra fazer e ocupar os dias que passam voando, um tempo pra mim, sozinha. Quer coisa melhor?
Chegamos sem muita noção do que era e como seria nosso tempo na ilha e fomos direto para o Crystal, escola escolhida pelo Seba para terminar sua formação. Fomos muito bem recebidos e logo nos instalamos num dos bangalôs da escola por 4 dias até acharmos um apartamento para alugar por 2 meses. Falo apartamento, mas na verdade é um quarto com banheiro e frigobar ou geladeira, assim são aqui.
A quantidade de turistas indo e vindo da ilha é impressionante, de todas as nacionalidades possíveis, ingleses, franceses, americanos, alemães, escoceses, espanhóis, australianos, neozelandeses, argentinos, mexicanos, japoneses, chineses e logicamente brasileiros, mas não muitos (pelo menos nessa época do ano – nov e dez).
É comum as pessoas virem para Koh Tao programando uma semana para aprender a mergulhar e acabar estendendo esse tempo, de tão sedutor que é o ambiente aqui. Clima descontraído, muito sol, mar, bermuda e chinelo, muitas pessoas viajando sozinhas ou em casal, ou seja, é o ambiente perfeito para fazer novos amigos, relaxar e ser feliz. O único “problema” que temos é decidir em qual restaurante tailandês será a janta.
Nesse clima, já estamos há mais de um 1 mês aqui e fizemos muitos amigos; alguns mais do que especiais. Passamos meu aniversário e do Seba com eles (eram mais se sete nacionalidades no churrasco de aniver), e ainda temos um Natal pela frente. Como a maioria está longe de casa por muito tempo, os sentimentos são comum e acaba que nos unimos como uma “família nômade” aliviando um pouco a saudade.
Koh Tao é pequena, os restaurantes e os lugares de balada são sempre os mesmos, as pessoas também, as que ficam já conhecemos e as que vêm e vão em pouco tempo deixam saudade. Assim é nossa rotina, um dia de festa, um dia de cerveja no bar, um churrasco aqui outro lá, um dia de descanso, um aniversário aqui, uma despedida lá. Um dos aprendizados que a ilha nos proporciona é o da despedida, dizer “adeus” ou “até logo”. Por mais que muitos amigos morem aqui, não é para sempre, tudo aqui é temporário e a todo momento alguém chega e vai embora. Exercício constante para as emoções que estão à flor da pele.
Enquanto o Seba passa mergulhando eu saio para conhecer a ilha. Alugamos uma scooter e a cada dia procuro uma praia diferente. Comprei uma máscara de snorkel, vou para ioga e para academia, tomo sol, leio, faço massagem (baratíssima) e nesse primeiro mês ainda fiz um curso de massagem tailandesa de 12h e uma aula de culinária Taí – vários resorts e restaurantes oferecem.
Ir e Vir
Para chegar aqui o mais comum é vir de Bangcoc. Para isso é preciso pegar um ônibus ou o trem e descer em Chumpon e de lá pegar um ferry para Koh Tao. Existem alguns voos também que partem de Bangcoc para Ko Samui, uma das ilhas vizinhas, mas de qualquer forma é preciso pegar o ferry para chegar aqui. Seguem links de duas empresas que fazem esse trajeto de ferry.
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Nosso próximo destino: Ko Phanngan!
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