Nosso destino agora é Laos, um país que muita gente nem sabe que existe, pequeno (em torno de 7 milhões de habitantes) e que faz fronteira com a Tailândia, China, Myanmar, Vietnã e Camboja e que foi fortemente bombardeado durante a guerra do Vietnã. Só tivemos tempo de conhecer Luang Prabang, uma cidadezinha(50 mil habitantes) considerada patrimônio da humanidade pela UNESCO com mais de 80 templos budistas e monges por todas as esquinas. A cidade respira paz e espiritualidade. Luang Prabang tem uma rua principal, duas paralelas em torno do rio Mekong e Khan e deu. Está entrando apenas agora no rota do turismo mundial e também por isso é encantadora. Uma daquelas que a gente chega e tem vontade de ficar mais, sabe?
Pegamos um avião de Hanói para Luang Prabang, porque não podíamos perder tempo( o voo foi caro e quase particular, só nós e mais quatro pessoas!). Tivemos sorte de a cidade ter um aeroporto, caso contrário teríamos que pegar um voo até a capital Vientiane, que dizem não ser tão interessante, e então seguir de bus (Luang Prabang fica a 140 km da capital). A entrada foi tranquila, o visto se pega na hora e custou para mim 30 USD e para o Seba 35 USD (passaporte europeu).
Uma dica: eles aceitam diversas moedas para pagamento, mas ao fazer a conversão ganham um bom dinheiro, por isso o melhor é levar dólares americanos. É preciso também duas fotos 3×4. O Taxi até o centro da cidade funciona num esquema interessante: você chega num guichê central e diz para onde vai e quantas pessoas. Até três pessoas para o mesmo lugar custa 7 dólares (para todos). O carro é coletivo, uma mini van que leva em torno de 8 passageiros.
Ficamos três noites num homestay estilo hostel chamado Khamani Inn, bem bacana, custo benefício ótimo, não tão central, mas como a cidade é minúscula e de bike dá pra fazer tudo, valeu a pena. No geral as coisas são baratas, mas os artesanatos (que são lindos), não são como no Camboja, por exemplo, e podem e devem ser negociados. A comida é uma delícia e barata. Um dos destinos imperdíveis para quem gosta de comidinhas de rua e artesanatos é o Night Market na rua central. Ela é fechada no final do dia quando os moradores começam a instalar suas tendas. Numa transversal está a night food street, uma ruazinha estreita e coberta com muita comida vendida no estilo buffet. Massa, salada, frango, porco, salsichas apimentadas, spring rolls… tem de tudo e bem barato.
Chegamos no meio da tarde. O que sempre faço é buscar informações, mapas e folders (quando tem) dos locais para me situar, ver como eles apresentam a cidade, o país (pegar dados locais não copiados de guias de viagem ou da internet) além de ver o que sugerem para conhecer. Achei um posto de informações e me agarrei num mapa. Sou a rainha dos mapas que infelizmente depois que escrevo os posts tenho que me desfazer, mas se pudesse guardaria todos. Essa seria uma coleção interessante de fazer!
Um lugar místico
Chegamos no hotel, largamos tudo e logo saímos para comer e bater perna – reconhecimento de terreno. Almoçamos no Delilah’s Place (Ban Vat That), indicado no hostel. Recomendamos! Não têm muitas opções no cardápio e por isso acredito que a comida é muito boa, local, selecionada e ambiente super agradável. Durante nossa batida de perna encontramos sem querer um templo e de lá vinham vozes, eram cânticos. Cuidadosamente e com medo de atrapalhar me aproximei e vi jovens monges rezando, cantando mantras numa bonita cerimônia. A cidade estava nos dando às boas vindas!
A paisagem que a cidade nos proporciona apaixonam até o mais cético. A sensação de tranquilidade, a atmosfera do lugar é difícil de encontrar hoje em dia por aí, principalmente onde têm turistas: Luang Prabang ainda têm poucos. No segundo dia alugamos uma bicicleta por 2 USD o dia e saímos para contemplar os inúmeros templos, monges vestindo laranja, casas estilo colonial lindíssimas, restaurantes à beira do rio… enfim, não tem nada melhor que conhecer uma cidade de bicicleta. Nosso objetivo era almoçar em volta do rio, pedalar pelas ruas, conhecer alguns templos, entre eles o maior Wat Xieng Thong (bem diferentes dos tailandeses que são luxuosos) e o Wat Visoun; visitar o Museu Nacional e subir o Monte Phu Si para ver a cidade do alto. Em seguida voltamos para descansar e esperar a Ju que estava chegando de Sapa, norte do Vietnã, e então teríamos mais um dia juntas.
No dia seguinte de madrugada levantamos para ver o ritual dos monges chamado “Ronda das Almas” que acontece diariamente por volta das 6h da manhã. Eles deixam os monastérios e rumam para os templos e por onde passam moradores e turistas aguardam com doações de comida, bolinhas feita de arroz (stiky rice), frutas e bolachas. Um ritual muito bonito.
No nosso último dia e agora em companhia da Ju, fizemos uma caminhada chamada “One Day Hill Tribe Trek” que agendamos com uma das inúmeras agencias de turismo espalhadas pela cidade. O passeio incluía uma visita ao santuário dos elefantes, uma caminhada de cerca de 4 horas, passando por duas vilas das tribos Hmong e Khamu e um tempo para relaxar numa das cachoeiras, a Tad Sae. Lá tínhamos a possibilidade de “tomar banho com os elefantes” e essa experiência era imperdível! Foi uma das coisas mais incríveis da viagem! Em outro post, quando fiz um passeio nas costas de um elefante na Tailândia, escrevi sobre meu arrependimento, porque eles parecem não estar sendo bem cuidados, pelo contrário, explorados, e eu de certa forma estava estimulando isso com meu dinheiro.
Em Luang Prabang foi diferente porque ali eles têm um “Elephant Village Santuário e Resort“ onde cuidam e protegem os animais (Laos significa a “terra dos milhões de elefantes”). Hoje restam cerca de 1000 dos quais 460 estão trabalhando pesado e abusivamente em fazendas de extração de madeira e depois são abandonados. A Elephant Village é de propriedade particular, mas aprovada pelo governo de Laos e administrada por especialistas em proteção e reabilitação dos elefantes. Sendo verdade ou não, acreditei na seriedade do trabalho e me senti melhor dessa vez.
Nosso passeio terminou num passeio rápido de barco pelo Nam Khan de volta à cidade. À noite encontramos uns amigos espanhóis feitos pelo caminho no Night Market, reencontramos o Selim (lembram dele no Camboja?) e fomos todos parar num boliche! Divertido! Hora de dizer “até logo” para todos e para a Ju, pois temos que seguir viagem. Nosso próximo destino Cingapura e Indonésia!
Coisas pra ver e fazer em Luang Prabang:
• Wat Xieng Thong: chamado de “Templo da Cidade de Ouro” foi construído em 1560 pelo Rei Setthathirath. Possui uma parede de mosaico lindíssima que é cartão postal da cidade.
• Wat Visoun: o templo mais antigo em funcionamento. Dentro tem uma espécie de museu de estátuas de buda em diversas posições e materiais diferentes.
• Monte Phu Si: colina com 328 degraus no meio de Luang Prabang com um templo abandonado e uma vista linda da cidade.
• O Museu Nacional e antigo Palácio Real: foi construído em 1904 e transformado em museu. Legal de ver os móveis antigos do rei, pratarias, decoração, carros.
• Night Market / Night Food Street: começa todos os dias ao entardecer até as 10h da noite na rua principal. Feira de artesanato e muita comida.
• Cachoeiras e vilas: as agências de turismo espalhadas pela cidade vendem todas os mesmos passeios e são mais de 20 diferentes para escolher.
• Cruzeiro pelo Mekong: com cerca de 4000 km de extensão o rio cruza o país e é o 12º mais longo do mundo. Não fizemos o passeio por falta de tempo. Esse site é de uma empresa que oferece alguns cruzeiros pelo rio.
• Tecidos artesanais: visitamos a loja Ock Pop Tok e conhecemos uma verdadeira obra de arte em tecidos e bordados. É possível fazer aulas e um tour pela vila.
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Nosso próximo destino: Cingapura!
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