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Pelo Sul da Nova Zelândia V

Arquivo pessoal
Rio de gelo descendo a montanha em Fox Glacier

Começo do 8º dia de aventura. Está indo tudo maravilhosamente bem, até para dormir que achei que pudesse ser desconfortável, está sendo gostoso (tirando o inconveniente do frio e do banheiro de madrugada). No entanto uma coisa começa a incomodar: a estrada cheia de curvas, o tempo todo. Montanhas e encostas sinuosas sem parar por duas, três horas ou até mais. No início tudo era novidade, mas agora está ficando um pouco cansativo e tenho ficado enjoada. No mais, tudo perfeito! Quando temos fome paramos em algum lago, esquentamos uma comidinha na cozinha do Goon, descansamos e seguimos viagem. Por enquanto só o Seba está dirigindo. Aqui a mão é inglesa e nosso carro é um furgão meio grande e automático. Não me animei!

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O glaciar desce 2600 metros por 13km em direção à costa

Estamos agora bem na costa oeste, subindo em direção à ilha norte. Nessa costa ficam alguns glaciares, rios de gelo formados há muito tempo e que agora diminuíram consideravelmente, mas continuam descendo é possível caminhar por eles. Por isso fomos para o Fox Glacier, onde o rio de gelo desce por 2600 metros até 250 metros acima do nível do mar e dizem ser o mais acessível do mundo, com meia hora de caminhada. Eu estava esperando geleiras, blocos de gelo gigantes, uma super caminhada no gelo, mas não foi isso. Estava bem frio e eu morta de cansada e resolvi não encarar a caminhada que tínhamos que fazer. Fiquei no carro enquanto o Seba foi ver qual era. Segundo ele foi uma trilha normal no meio de pedregulhos e montanhas até chegar no final do glaciar. Era possível subir mais no gelo, mas ele não quis. Ele também estava cansado e não era bem aquilo que estávamos esperando. A tal expectativa…

Em menos de 40 minutos ele estava de volta e nós na estrada novamente em direção a Greymouth. Aqui em Fox existe uma empresa que faz passeios guiados pelas geleiras e acho melhor do que ir por conta, porque caminhar no gelo requer um pouco de experiência e material especial, como botas. Eles fornecem muita coisa. É possível fazer um voo cênico pela região dos glaciares, e ainda encurtar o caminho da trilha mais longa juntando um voo de helicóptero até uma parte e caminhada na outra. Prepare o bolso porque esses voos são caros, mais de 300 USD por pessoa.

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Rios coloridos pelos minerais presentes nas rochas, em Fox Glacier

Para quem gosta de longas pernadas, esse país é ideal e as caminhadas no gelo são aqui. Têm diversas trilhas com tempos variados que vão entre duas horas e três dias. Depois de bater perna por mais de três meses na Europa com os pés inflamados, digo pra vocês que longos percursos não me atraem mais. Tem que ser algo realmente especial. A região deve ser muito legal, mas nós não estávamos inspirados nesse dia. Acontece.

Algumas horas depois de mais curvas e montanhas chegamos em Hokitika. Pensávamos dormir ali, mas a cidade era tão pequena que depois das cinco da tarde estava tudo fechado, não tinha uma viva alma na rua. Parecia cidade de ninguém. Apenas uma praia gostosa e o sol descendo no mar. Resolvemos seguir mais um pouco.

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Hokitika, NZ

Finalmente chegamos a Greymouth, também litorânea, pequena, mas não “abandonada” como Hokitika; é o centro comercial da região. A cidade sofreu um boom em 1860, na época da corrida pelo ouro. Aliás, pela estrada passamos por diversas cidadezinhas no estilo mineiro, tipo faroeste! A região foi de muitas minas. Uma graça! Não circulamos pela cidade, apenas arrumamos um holiday park pra dormir e sentamos na praia para ver o pôr do sol. Nosso objetivo maior era chegar o quanto antes em Kaikoura, no lado leste, bem pra cima, quase na costa para pegar o ferry e atravessar para a ilha norte.

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As pancake rocks têm mais de 30 milhões de anos

Nono dia. Passamos em Punakaiki – a 40 km de Greymouth para ver as “blowholes” e as “pancake rocks”, rochas de mais de 30 milhões de anos com uma formação curiosa que parecem panquecas empilhadas. Ali a força do mar que bate nas rochas faz com que a água exploda nas pedras proporcionando um visual bonito. Não conseguimos ver muito bem porque a maré estava baixa. É mais uma curiosidade criada para atrair turistas para a cidade. No entanto, se tiver de passada, vale parar e conferir.

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Sperm whale preparando-se para um mergulho que pode durar 2 horas e atingir uma profundidade de 3000 metros.

Kaikoura – realizando sonhos
10º dia. Enfim, chegamos ao lugar onde depositei minhas maiores fichas, Kaikoura. Um dos grandes sonhos da minha vida e que não sei porque nunca realizei antes (tem no Brasil, em SC)foi fazer um passeio desses em barcos que saem para ver baleias, os famosos “whale watch”. Sou apaixonada por elas (deve ser coisa de outra vida) e aqui em Kaikoura, na costa leste, existe a espécie “Sperm Whales” residentes (cachalote para nós), ou seja, é possível vê-las o ano inteiro. Não só essa anda por lá, mas a Orca e a Humpback (jubarte) também volta e meia aparecem por ali.

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Seba nadando com mais de 200 golfinhos

Na verdade a cidade é um santuário para quem gosta de vida selvagem e quer estar em contato com animais marinhos. Banhada pelo oceano pacífico azul turquesa, aqui é normal ver focas, leões marinhos, baleias, pinguins, albatrozes, golfinhos… tudo ali, ao alcance dos olhos e as vezes das mãos! Com toda essa diversidade, Kaikoura é reconhecida como o centro principal de Whale watch da NZ e onde estão o Albatross Encounter e o Dolphin Encounter. Ambos oferecem passeios de barco para ver as aves e o mais incrível de todos, para ver e nadar com os golfinhos selvagens (dusky dolphins) em alto mar. Vejam, não são 5 ou 6 – são mais de 100, 200 golfinhos ao mesmo tempo, nadando, saltando, brincando, livres (eles não estão em cativeiro, não são domesticados). Indescritível a sensação de pular na água ao redor deles e com o snorkel poder vê-los passando em cima, em baixo e ao lado de ti, assim, ao alcance das mãos. Ao levantar a cabeça então e vê-los saltando, dando piruetas no ar, ali, bem próximo. Só vivendo pra saber. Inesquecível!

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Os dusky dolphins não se incomodam com a presença da gente, pelo contrários, chegam a nadar em círculos ao redor

Antes dessa fantástica experiência com os golfinhos, acordamos cedinho para ver as baleias e fomos recebidos por três grandes sperm whales numa viagem de duas horas e vinte mar a dentro. Foi emocionante ver o tamanho delas (4ª maior espécie), ver e ouvir a respiração delas, ali, pertinho e a preparação para o mergulho com a fantástica cena da cauda pra cima… aquela imagem que até agora só tinha visto em cartão postal e documentário da National Geographic! O coração bateu forte! Nosso dia foi intenso, realizando sonhos e cheio de adrenalina! Para aqueles que podem gastar um pouco mais vale a pena fazer além do passeio de barco o voo de helicóptero para vê-las de cima. Elas são gigantes e da água não temos a real noção do tamanho.

De quebra, saindo de Kaikoura em direção ao norte, durante 4km da estrada costeira fomos admirando as focas e leões marinhos nas pedras e na água. Isso já está ficando normal, corriqueiro, como ver passarinho na árvore (rs)!

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A Sperm whale possui o maior cérebro de todos os animais, sete vezes maior que o dos seres humanos

Curiosidades sobre a Giant Sperm Whales

*Podem ser encontradas em todos os oceanos, mas normalmente em canyons submarinos mais profundos que 400 metros;

*Os machos podem atingir entre 15 e 20 metros de comprimento e pesar entre 40 e 60 toneladas;

*As fêmeas são 30-40% menores que os machos e crescem em torno de 12 metros;

*Podem viver mais de 70 anos;

*Possuem dentes e cada um pode pesar 1kg e medir 20 cm;

*Alimentam-se de peixes, atum, tubarões pretos, mas a preferência é pelas lulas;

* É o mamífero que mergulha mais fundo, por duas horas e mais de 3000 metros.

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Pôr do Sol em Greymouth, NZ
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Preparando uma comidinha rápida na cozinha do Goon!
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Golfinhos e mais golfinhos em Kaikoura, NZ
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Eles não se incomodam e até se exibem dando piruetas sem parar
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Golfinhos saltitantes de Kaikoura, NZ
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Dusky dolphins, Kaikoura, NZ
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Nosso próximo destino: Vinícolas de Blenheim, Marlborough

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