Alugamos um carro antes de deixar Los Angeles e vamos devolvê-lo 35 dias depois. Nosso plano era subir até Vancouver, Canadá, mas desistimos por alguns motivos. Não tivemos problema algum para entrar nos 26 países em que estivemos, nem mesmo nos mais complicados que dizem ser EUA e Austrália. Porém, para entrar no Canadá nós brasileiros precisamos de visto e agora pode ser feito on line. Fiquei feliz e fui preenchendo os formulários. Quando me dei conta teria que mandar uma infinidade de documentos e provas de que estaria apenas de férias, que tinha vínculos com o Brasil, extratos bancários, além de comprovantes de viagens anteriores, e os motivos que me levavam ao Canadá como convite de funeral, casamento, essas coisas. Precisava passar minha vida inteira quase que pedindo “por favor” para conhecer o país. Fora os 150 USD para o visto de múltipla entrada.
Fui ficando desanimada, com preguiça e indignada com a quantidade de informações e formulários para preencher. Desistimos, simples assim. Desistimos também porque estamos cansados, energias na reserva e gostamos da ideia de ficar apenas aqui nos EUA, sem pressa. Canadá vai ficar para uma próxima!
Por isso nosso roteiro aqui na costa oeste ficou praticamente o mesmo, só que sem cruzar para o Canadá. De carro saímos de Los Angeles para San Diego, Las Vegas, Mammoth Lake, San Francisco, Sacramento, Napa, Seattle e a costa pela Pacific Hwy 1. Temos uns 25 dias pra fazer isso. Tempo dá de sobra.
Saímos de Los Angeles e descemos até San Diego parando e curtindo as praias e o clima descontraído de “aqui pode tudo” da Califórnia. As prainhas fazem parte do chamado “Orange County – The OC” e são pitorescas, cheia de gente fazendo esporte na praia, desde o surf, vôlei até campeonato de paintball. Passamos pela famosa praia de surf Huntington Beach que estava agitada com o campeonato mundial de paintball; por Laguna Beach uma cidade cultural, charmosa, cheia de galerias de arte, bares e restaurantes. Depois passamos por San Clemente, Dana Point e Encinitas.
Recomendamos passar por todas e escolher uma para tomar café e outra para o almoço. A descida até SD é rápida, em torno de 2h se não forem parando, mas fizemos em umas 4 horas.
Em San Diego ficamos na casa do Felipe, um gaúcho super gente boa, primo da minha cunhada, surfista e instrutor de paraquedismo que nos recebeu maravilhosamente bem, ele o Joel, seu filho de quatro patas. Já na chegada, as boas vindas vieram com uma pergunta: “tão a fim de um churrasco?” Mas que pergunta!!! Já desembarcamos na casa de outro amigo dele brazuca, o André com um mega churrasco brasileiro com uma baita picanha, linguiça e tudo que temos direito! Cheguei a ficar com vergonha de tanto que comemos. Tipo morto de fome que não vê carne boa faz uma cara? Fomos nós. A chegada não podia ter sido melhor.
A partir daí ficamos 4 dias só descansando, sem programações (ficamos em “PB” como eles chamam Pacific Beach) passeamos pela cidade apenas e conhecemos os picos imperdíveis como as praias de La Jolla – lindinha, perfeita para fazer snorkel junto com as focas que ficam por ali; Black’s Beach – paisagem sensacional, visual incrível e local que a galera salta de paragliding; Mission Beach, “OB” – a Ocean Beach, Sunset Cliffs, a ilha do Hotel Coronado, e o centro onde passamos pelo Little Italy que dispensa apresentação e pelo Gaslamp Quarter, coração histórico de SD. Fica em San Diego um dos zoológicos mais famosos e bem conceituados do mundo. É um dos poucos que abriga o panda gigante e urso polar. Outra atração bacana para quem nunca esteve ou para quem está com criança é o Sea World, uma espécie de aquário com show de golfinhos e da Shamu, a baleia orca. Nós não fomos porque já vimos muiiitos animais por aí e fora do zoológico, mas para quem não teve a mesma oportunidade, recomendamos.
Não sei como vou descrever San Diego para que vocês compreendam como eu entendi porque tantos brasileiros vem pra cá e ficam, se apaixonam. Como eles costumam falar aqui, “a region that’s almost too good to be true” ou seja, algo como “uma região tão boa que parece mentira”. E é vero. Sol brilhando, ares de cidade pequena, mas não é tão pequena assim; onde quer que você esteja a praia vai estar pertinho, clima relaxado, multi cultural, gente jovem e ativa. Praia, surf. Acho que praia já explica bastante. Quer mais? Tem mais: tudo que os americanos oferecem, muitas leis, regras e multas, mas bastante infraestrutura e segurança.
Num dos dias aqui resolvi experimentar o power yoga, que quando saí do Brasil ainda não tinha chegado, pelo menos em Curitiba e Porto Alegre. O power yoga é uma aula de Yoga numa sala pré aquecida estilo sauna. A intenção é aquecer o corpo e os músculos e ao trabalhá-los constantemente o calor ajuda a “soltar” o corpo e a trabalhar melhor a flexibilidade. Fui conferir numa aula para iniciantes do calor, numa sala quentinha, mas não derretendo e foi bem interessante, mas saí de lá querendo experimentar o calor forte!! Vamos ver se faço mais antes de voltar.
Como em Los Angeles, até mais, Se fala muito espanhol por aqui e se come muita comida mexicana sensacional. Não é pra menos, San Diego fica na fronteira com Tijuana, no México. Vale a pena circular experimentar as delícias mexicanas da cidade. Um outro lugar bacana que recomendo ir para dar uma equilibrada no excesso de “junk food” é o Souplantation, um buffet de salada gigante, sopas, algumas opções de massas e pães feitos na hora. Se paga barato e a bebida está incluída.
Encontros – Já devo ter comentado que os amigos que reencontramos durante a viagem são sempre um carinho no coração pra matar de certa forma a saudade que sentimos do nosso país, de todos os amigos. Lá em San Diego tive a grata oportunidade de matar um pouco mais a saudade reencontrando velhas amigas gaúchas. Ju e Nanda moram lá há anos e estavam recebendo a visita da mãe, tia Graça. Somos vizinhas em Gramado há anos e fazia pelo menos 12 anos que não as via. Passamos alguns dias de muito papo. Não tem nada melhor!
Curiosidade
Aqui na Califórnia o uso medicinal da maconha é permitido e se você não tem a carteirinha de usuário ou receita médica e for pego fumando a multa é de 180 dólares. Mas o pessoal é tranquilo em relação a isso. Nós não sabíamos que os Estados Unidos tem um “America’s annual pot Holiday”. Isso mesmo, eles têm um dia para celebrar a marijuana e é todo dia 20/4. O povo vai para as ruas festejar e fumar maconha. As “dispensaries” (locais autorizados a vender maconha legalmente para os “pacientes”) fazem promoções e eventos. Estava aqui pesquisando e tentando entender de onde vem isso e porque “420” (lê-se “four twenty”), mas achei algumas explicações como “420” é “o código penal para marijuana aqui na Califórnia”, “grupo de jovens que se encontravam para fumar no mesmo horário (420) todos os dias” etc., mas na real acho que ninguém sabe ao certo de onde surgiu isso. São só especulações. Numa rádio daqui, todos os dias às 4:20 eles tocam Bob Marley e chamam de “Mandatory Marley” uma “pausa para a causa”.
A adrenalina da vida!
Depois de toda nossa trip até Seattle voltamos para San Diego para mais uns dias com o Felipe. Pegamos uns dias melhores de sol e pudemos curtir e gostar ainda mais da cidade. Um dos motivos da volta foi para o Seba saltar de paraquedas. Eu fiquei fora dessa! Meu voo de paragliding na Nova Zelândia ainda está valendo, foi sensacional e ainda não me deu o “click” do paraquedas. Estou bem com os pés no chão.
Porém, confesso que foi muito legal assistir tudo, o clima era tão bom e de confiança no pessoal que mais algumas horas ali poderia pensar no assunto. Tinham muitos brasileiros trabalhando ali e deu pra perceber que eles levam a sério. Os americanos são chatos com regras e normas.
O Seba chegou ao Skydive San Diego nervoso, tenso, a mão suava frio. Entre conversas e brincadeiras, aprendeu rapidamente como saltar do avião, descontraiu um pouco e foi! Eu acho que estava mais nervosa que ele ali em baixo vendo o avião decolar. Era dia das mães e muitos filhos tinham presenteado suas mães com saltos em família! Fiquei junto com outros pais ali olhando fixa para o avião que estava a 13 mil pés procurando os pontinhos no céu e pensando: “abre, abre, abre! Abriu! Ufa!”. Respirei de novo! Quando ele chegou dava para ver a adrenalina correndo solta. O sorriso era de orelha a orelha e permaneceu por horas no rosto. Lindo de ver!
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Nosso próximo destino: Las Vegas!
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