Acontece com todo mundo que está há anos frequentando restaurantes com menu degustação. Profissionais especializados, jornalistas e críticos, ou foodies, chega um momento que se pede água. Isso porque a equação sabor + criatividade + tempo + preço + quantidade de pratos nem sempre dá certo. São poucos os que conseguem esse equilíbrio e mantém um padrão.
Geralmente, o chef quer mostrar tudo o que sabe e pode fazer, o resultado é que alguns pratos não merecíamos e as horas à mesa são sofridas. Pratos conceituais devem ser deixados nas mãos de gênios, como Andoni, do Mugaritz, sim, ele pode servir castanhas fermentadas. São poucos.
Até já escutei um pedido para eu começar uma campanha deixando as proteínas no começo do banquete, porque depois de vários pratos é difícil encarar os mais pesados. Não acho que seja necessário. É preciso equilíbrio e bom senso e talento para dosar tudo.
Vamos ao local
Lembrei do apelo de reduzir o menu sentada em um banco no pequeno balcão, são apenas 12 lugares, em Bushwick, no Brooklyn, em Nova Iorque. Atrás de uma pizzaria, a famosa Roberta’s, igualmente recomendada, o lugar, improvável para fine dining, realmente surpreende. Falo de Carlo Mirarchi, o chef do Blanca, responsável pelas primeiras três estrelas Michelin do bairro.
O jantar
Ao terminar os 17 pratos, na companhia de 10 taças de ótimos vinhos, você continua vivo e muito feliz, lembrando que quer voltar e falar aos amigos que, sim, vale a pena jantar ali. E o chef nem estava no restaurante naquele dia.
Servindo iguarias, como caviar e ouriço de Hokkaido, um dos melhores do mundo, ao lado de massas, que você gostaria de comer mais vezes, o valor pode assustar, não é barato – são 198 dólares, com harmonização acrescente 98 dólares. Se pensasse antes talvez nem fosse. Não penso. Ainda bem. Vale.
O brodo de vegetais tirou meus pés do chão, flutuei e parecia que a qualquer momento pularia de nuvem em nuvem. E quando o sub chef usando uma pesada luva protegendo as mãos foi tirando nacos de pães fumegantes da cesta, na verdade uma “pizza bread dough”, um clarão no teto se abriu, tive certeza de que as portas do paraíso estavam ali pertinho, a manteiga caseira confirmou minhas suspeitas.
Lugar informal, que não quer aparentar o que não é, te abraça calorosamente, impossível não se sentir em casa. A trilha musical ajuda a embalar. Funciona.
Acompanhe o menu nas fotos. O começo é com caviar fresh cheese. Caviar é caviar e sempre precisamos agradecer antes de comer, é uma dádiva. Pinoles faziam companhia ao queijo. Seguimos com um “copa” untuoso. Beet pluot, carpaccio, veio em seguida. Textura e sabor como precisa ser. Corn aji dulce, milho manteiga, explodia em doçura. Maltake sea urchin é o uni incrível com cogumelos. Potato – uma batata macia e saborosa – salpicada de bottarga veio carimbada para agradar. O Agnolotti escondeu-se embaixo de uma neve de queijo – goat milk. Escutei suspiros, um foi meu. Pici sungold, carbonara brilhante, outro que deixa saudades.
Continua o menu
Nduja Ravioli Orange – o ravióli que não precisava nem de acompanhamento estava perfeito. Strawberry o único que não faria falta, também não atrapalhou. Já o Seasonal Vegetable brodo tonteou. Não viverei mais sem, preciso tentar repetir. Fresh bread butter é o pão que arrebatou e me deixou pensativa, “como pode ser tão bom?”. Grilled Lobster estava irrepreensível. Dill white peach mostrou a sutileza de controlar os sabores. Pork birch vi sendo tostado, estava há horas descansando no fogão, derretia-se. Sunflower chamomile e raw milk blackberry vieram para mostrar o que o talento faz com os doces. Foi assim.
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