Antes de falar sobre as comidas do título do post, quero fazer uma breve introdução sobre duas colaboradoras. São pessoas especiais que convidei para dar uma reavivada no blog. Acho que o espaço ficaria mais divertido, leve, poético e com conteúdo. Relutaram um pouco, demoraram, mas aqui está a primeira contribuição. Nem sei se a ideia vai vingar, vamos ver. Não são amadoras essas meninas. A Elaine Minhoca de Lemos adora comer bem, cozinha, tem colaborado com o pessoal do blog Baixa Gastronomia, entre outros endereços, organiza eventos e é divertida. Quem sabe, ela, que diz que “escreve como fala”, aparece com mais frequência aqui. Dani Saucedo é filha de uma grande e especial amiga, é professora, tem mestrado em História da Alimentação e talento com as palavras, além de delicadeza, bom gosto, sensibilidade e, evidentemente, também aprecia uma boa mesa.
Elaine Minhoca de Lemos assina o “Comida vintage de Curitiba”:
Esses dias fui no Zico (a.k.a. Bar do Pachá) e encontrei, como novidade no cardápio, o sesquicentenário “Coquetel de Camarão”, o qual recomendo com força. O bom e velho coquetel com molho golf, do tempo em que o Requião tinha cabelo preto e o Jaime Lerner era magro. O jogo de jantar de uma família típica curitibana não seria completo sem as taças adequadas para coquetel de camarão, aquelas onde, na parte de baixo, se podia por gelo picado, ou (Senhor, levai-me…) gelatina colorida. Daí me veio a vontade de fazer meu “Top 5” de comidas vintage dos anos 70, do tempo do Paulo Mischur, do Buffet Ilha do Mehl, do Nibet Deucher, do Clecius, e por aí vai. Vamos a eles:
Camarão à Marta Rocha. Reza a lenda que o prato foi desenvolvido pelo Paulo Mischur quando da inauguração do Palácio Iguaçu. Quem conta a história direitinho é o Fabiano Dalla Bona, no seu livro Fama à Mesa.
Haddock com molho bechamel do Clube Curitibano, chiquerrerrérrimo. Este sobreviveu aos tempos e continua como special guest star em casamentos, ou, se você quiser andar uns quilômetros a mais, no Bar Lagoa no Rio de Janeiro.
Ponche de festa de véia com frutas (servido na poncheira de cristal, óbvio). Se tivesse cereja em calda era de véia rica, se fosse pêssego em calda classe média.
Strogonof de mignon do Ile de France. O “Ildefonso” resistiu olimpicamente aos anos e lá está, impávido, ao lado da estátua do “Homem Nu”. O prato que mais sai no restaurante e também para viagem ainda é o guerreiro strogonof.
Biribinha de festa americana. Sim, aquela meia bola de isopor recoberta por papel alumínio, mas meio melão também dava o truque. Todos os espaços preenchidos por miniespetinhos de pepino, vina e queijo prato (tipo lanche). No gradiente, Cat Stevens ou alguma coletânea da Som Livre (estilo “Sua paz Mundial Volume .7 “, só que nunca cheguei a ver os outros 6 LPs).
Nessa listinha ficaram de fora o canudinho de maionese e o camarão abraçadinho , mas aí terá que ser em um texto dedicado à Divina da Orla (no caso, Caiobá). Por hoje é só, pessoal!!
E eu acrescento, aproveitando pra contribuir com a lista, pois adorei o post. O Attimo, em São Paulo, apresenta os canudinhos numa entrada, tudo a ver com o clima ítalo-caipira do restaurante. E o Durski tem o camarão abraçadinho no cardápio do Madero Prime, se não me engano, mas com certeza, tem o camarão sete-barbas crocante como aqueles que comíamos ali pela baía de Guaratuba, vale provar, tem lugar na lista, não? Revirei meu arquivo e não encontrei a foto do prato, por isso não é o “abraçadinho” que está na foto, que é servido num espeto, um coladinho ao outro.
Aproveito ainda para publicar a receita do coquetel de camarão porque só de falar já fiquei com vontade. Dia desses, salvei as tacinhas (foto), que estavam sendo descartadas numa mudança familiar, denunciando um momento “tenho meu lado brega também”. Espero agora a lista da “Divina”.
Coquetel de camarão
Ingredientes
1 k de camarão médio
1,5 l de água
sal a gosto
Modo de Preparar
Ferva a água, coloque sal e cozinhe os camarões por dois a três minutos.
Retire os camarões, escorra e coloque numa tigela com água e gelo para interromper o cozimento.
Outra opção é saltear os camarões rapidamente na manteiga.
Molho
4 colheres (sopa) de maionese
12 colheres (sopa) de creme de mesa fresco
1 vidro de catchup médio
1 colher de mostarda amarela
Algumas gotas de molho inglês
1 cálice de conhaque
Sal e pimenta do reino moída na hora (o quanto baste)
Coloque todos os ingredientes numa tigela e misture até obter um creme homogêneo. Crescente os camarões. Sirva gelado com torradas.