Vavo é aquele cara carismático reconhecido de longe como tal. Extrovertido e só fofura. Não liga a mínima para os muitos centímetros da sua circunferência abdominal, se estiver na aula dele de um jeito de arrancar distraidamente um abraço apertado, se for possível. Irresistível. Falo de um dos professores da pós-graduação em Chef de Cuisine Nacional e Internacional da Universidade Positivo, em Curitiba.
Na primeira passagem dele pela sala de aula e já vieram os gracejos. Estranhei, depois vi que era o jeitão do Vavo, que quando chamado ao batente não dá moleza. Desculpe a intimidade, não dá para chamá-lo Álvaro Krieck. Em poucos minutos com ele e engatamos logo um “profe”.
O chef
Quanto a escolha da profissão, não fugiu à regra. Não imaginava estar entre panelas, apesar de conviver com elas desde pequeno, volta e meia e lá estava seu pai, que não era da área, fazendo um banquete para os amigos.
Nem todo profissional da carreira sonhava em ser cozinheiro desde pequeno, mas quase todo cozinheiro não gostava de estudar e alguém da família cozinhava muito bem. Pesquise. É a história dele. Mas antes de colocar o pé na cozinha deu voltas no mundo e nas profissões.
De professor de inglês até administrador de recursos humanos numa grande empresa, ele se realizou mesmo quando encontrou a vocação. Além de professor, prepara comida para banquetes e recepções, cuida dos filhos, além de imitar a Malévola e outros personagens clássicos do cinema, com direito a revirar os olhinhos. Uma delícia. Provoque.
Suas aulas, que acabam nesta segunda-feira, pelo menos desse módulo, foram sobre a comida norte-americana e da América do Sul. Conhece o assunto e deu muito bem o recado.
México e Bolívia
Na primeira aula da semana passada foi a vez da quente comida mexicana. Infelizmente, não achei cliente para degustar chili, frijoles refritos, tacos, nachos, sour cream, guacamole, huevos rancheiros, salsa e as famosas tortillas em casa. Nem insisti, tinha trabalho, confesso. Sorte ter degustado o banquete preparado no dia. Todo mundo se esbaldou no mesão final. Fico devendo uma receita.
Começamos a aula com aquele bate-papo inicial sobre os preparos e nos dividimos, mas as tortillas todos os grupos fizeram.
Na sequência, na quarta-feira, veio a Bolívia. Foi dia de “papas a la Huancaina”, salteñas, aprender a usar urucum e empanadas chilenas, com dois tipos de massa. Pareceu pouco? Que nada, foi uma aula pesada, daquelas de correr e com pressão, com o Vavo anunciando que não daria tempo de provar se não fossemos ágeis. Faz parte do aprendizado. E foi o dia que eu quase fiquei na rua. Tranquei o armário do vestiário e guardei a chave dentro. A vida é feita de som e fúria, costumo dizer, e distração. Alguns anjos me salvaram.
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