Quando muitos olhos miram Portugal, não apenas os brasileiros estão se mudando para lá, a Europa toda coloca olho grande nas terras lusitanas, dois jornalistas organizam um simpósio para discutir os caminhos da gastronomia.
Depois de criar um manifesto da cozinha portuguesa, com os chefs locais, no ano passado, em 2018, o tema do Sangue na Guelra foi o “cookativismo”, o ativismo na gastronomia, nada mais oportuno.
Ana Músico, organizadora, juntamente com Paulo Barata, do evento, que incluiu também jantares com chefs nacionais e internacionais, dão um exemplo que deveria ser replicado aqui. Precisamos definir nossas prioridades. Com uma ação política efetiva, ressalto.
Questão vital: alimentação saudável
Francisco Sarmento, diretor da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em Portugal e na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, fez uma reflexão sobre o que comemos hoje e falou da necessidade de usarmos sistemas alimentares mais sustentáveis sem desperdícios.
Alfredo Sendim é o proprietário da Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, que foi transformada a partir de 1997 em agricultura biológica. A floresta original foi recuperada e tudo que é produzido na quinta familiar é compartilhado com a comunidade. Para ele temos que ir além de resolver os problemas atuais, precisamos entender a nossa relação com a natureza e mudar a forma como a usamos.
Muitas possibilidades
Dois exemplos práticos: o casal Bo Songvisava e Dylan Jones, do restaurante Bo.Lan, de Banguecoque, como dizem os portugueses, e Douglas McMaster, do restaurante Silo, em Brighton, na Inglaterra.
“A poluição afetará meu futuro”, provocou McMaster, falando da revolução que fez em seu restaurante que ostenta a filosofia radical de “desperdício zero” e prova ser viável. “Cada um individualmente precisa fazer alguma coisa”, resumiu. Ele mostrou os pratos que usa feito de sacos plásticos, bancadas de armários velhos, uso de embalagens biodegradáveis e por aí foi mostrando o trabalho que inspira.
A jornalista da Folha de São Paulo e da revista GQ Alexandra Forbes falou sobre a ONG Gastromotiva, do chef David Hertz, e o Refettorio, projeto do chef Mássimo Botura. Ela e os dois chefs criaram o restaurante-escola durante os Jogos Olímpicos Rio 2016. O lugar continua funcionando e oferece refeições gratuitas à população carente usando ingredientes que seriam descartados. Falou com a voz embargada lembrando das dificuldades na implantação do projeto e das histórias de moradores de rua. Em Curitiba, a Gastromotiva funciona na Universidade Positivo e está formando a quinta turma de aprendizes.
Rita Sá falou sobre a relação das alterações climáticas e das ameaças para a vida marinha. Leio que o lixo no mar já ocupa uma área do tamanho da França. Realmente, uma preocupação séria.
Maturidade
O mentor do Instituto ATÁ, o chef brasileiro Alex Atala encerrou o simpósio, quase resumindo todos os temas das palestras. Ele falou dos objetivos do seu instituto, entre eles a promoção de uma cozinha mais sustentável e a valorização de ingredientes selvagens, estreitando a relação entre cozinheiros e produtores. O chef lembrou que temos mais coisas em comum do que a comida e a língua, entre o Brasil e Portugal, como a falta de orgulho.
Atala também comentou como foi o seminário organizado por ele, o Fru.to, realizado em São Paulo, recentemente. O evento tratou mais de comida e menos de cozinha, assim como o simpósio em Lisboa.
O “garoto contestador, que não tinha medo” está chegando aos 50 anos , no palco lembrou do seu encontro com a cozinha e comentou sobre a sua trajetória. “Encontrei a maior missão do homem que é o prazer de fazer sorrir”. Acho que é por isso que gosto de cozinhar e comer, deduzo.
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