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O aumento desenfreado dos gastos públicos e a dúvida se o governo conseguirá alcançar a meta prevista pelo pacote de corte de gastos fizeram o mercado ligar o sinal vermelho da economia para este ano e os próximos, de acordo com o Relatório Focus desta segunda (9).
A sondagem semanal do Banco Central com agentes do mercado financeiro aponta um aumento do pessimismo com a economia brasileira que, consequentemente, se reflete nas expectativas de inflação, juros e na cotação do dólar.
Enquanto que, nas últimas semanas, o pessimismo se mantinha basicamente aos resultados deste ano, o relatório desta segunda (9) já mostra uma expectativa de reflexo nos indicadores de 2025, 2026 e 2027.
Segundo o Focus, a inflação deste ano e de 2025 fechará mesmo acima do teto da meta de 4,5% – 4,84% em 2024 e 4,59% no ano que vem. Em ambos houve elevação na comparação com o relatório da semana passada.
Apenas em 2026 e em 2027 a previsão é de fechar abaixo do teto, de 4% e 3,58%, respectivamente. Veja em detalhes abaixo (na íntegra aqui):
- 2024: 4,84%, ante 4,71%;
- 2025: 4,59%, ante 4,4%;
- 2026: 4%, ante 3,81%;
- 2027: 3,58%, ante 3,5%.
O mesmo ocorreu com a taxa básica de juros, que deve ter um novo aumento na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste ano nesta terça (10) e quarta (11). A taxa atual de 11,25% deve ser elevada para 12%, maior do que os 11,75% previstos na semana passada.
Para os próximos três anos, o mercado também prevê um aumento da taxa na comparação com o previsto na semana passada:
- 2024: 12%, ante 11,75%;
- 2025: 13,5%, ante 12,63%;
- 2026: 11%, ante 10,5%;
- 2027: 10%, ante 9,5%.
As previsões também pioraram para o câmbio do dólar, que deve terminar o ano de 2024 mais perto dos R$ 6 do que o esperado: R$ 5,95, ante R$ 5,70 previstos na semana passada.
Para 2025, se espera que a moeda norte-americana seja cotada em R$ 5,77, a R$ 5,73 em 2026 e a R$ 5,69 em 2027.
PIB contraria pessimismo
Por outro lado, apesar do pessimismo do mercado, a expectativa para o PIB (Produto Interno Bruto) também se elevou para 2024 e 2025:
- 2024: 3,39%, ante 3,22%;
- 2025: 2%, ante 1,95%;
- 2026: 2% (sem alteração);
- 2027: 2% (sem alteração).
Parte deste pessimismo se dá por conta da desconfiança do mercado financeiro de que o governo conseguirá passar o pacote de corte de gastos pelo Congresso sem ser desidratado, o que pode afetar diretamente a meta de se economizar R$ 70 bilhões em dois anos.
Além disso, o aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda de Pessoa Física para R$ 5 mil também levanta a desconfiança dos investidores. Eles veem dificuldade do governo em compensar essa desoneração apenas com a taxação extra de quem tem rendimentos acima de R$ 50 mil.