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O empresário norte-americano Donald Trump toma posse do cargo de presidente dos Estados Unidos nesta segunda (20) com promessas de campanha e afirmações recentes vistas com preocupação por líderes de outros países – entre eles o Brasil.
Além da possibilidade de deportação em massa de estrangeiros que migraram ilegalmente e o receio de suspensão de políticas voltadas ao combate às mudanças climáticas, a volta de Trump à Casa Branca pode respingar no Brasil em questões como apoio à oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a sobretaxa a produtos provenientes de países do Brics.
Isso porque o Brasil assumiu neste ano a presidência do bloco econômico e tem como uma das principais propostas a adoção de uma moeda comum para transações comerciais em detrimento ao dólar – o que levou a críticas de Trump. Na sua opinião, como será a relação entre Trump e o Brasil? Participe da nova enquete da Gazeta do Povo.
Um pouco mais cedo nesta segunda (20), Lula adotou um tom pragmático sobre o retorno de Donald Trump à Casa Branca, afirmando esperar uma relação de continuidade da parceria entre os dois países.
“Torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e que os americanos continuem a ser um parceiro histórico que é do Brasil”, disse durante a primeira reunião ministerial do ano.
Lula emendou afirmando que não quer briga “com os americanos” e nem “com a Venezuela, com a China, com a Índia e com a Rússia”. “Nós queremos paz, harmonia, uma relação de diplomacia [que] seja mais importante, e não desavença e encrenca”, completou.
Por outro lado, a oposição vê na volta de Trump a chance de pressionar a Justiça brasileira e o Congresso Nacional em questões como a reversão da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a barrar qualquer possibilidade de se regular as redes sociais no Brasil – um discurso constante entre integrantes do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF).
Para parlamentares da oposição e aliados de Bolsonaro, Trump é a principal voz da direita mundial e pode influenciar nestas questões, principalmente para que o ex-presidente tenha a condenação suspensa e possa concorrer novamente nas eleições presidenciais de 2026.
No último sábado (18), Bolsonaro afirmou que outros países do mundo já estão sentindo a influência de Trump em seus Executivos, e disse esperar o mesmo no Brasil.
“Primeiros-ministros que estão caindo, Hamas fazendo acordo, o [Justin] Trudeau renunciou. No México, grandes apreensões foram feitas. [...] Mas, com toda certeza, se ele me convidou, ele tem a certeza que pode colaborar com a democracia do Brasil afastando inelegibilidades politicas, como essas duas minhas que eu tive”, declarou após a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, embarcar para os Estados Unidos representá-lo na posse.
Michelle representará Bolsonaro na cerimônia de posse de Trump nesta segunda (20), já que o ex-presidente teve negado o pedido de devolução do passaporte ao STF. Ela afirmou que levará ao novo presidente americano um abraço do marido e frisou que ele é um perseguido político.
“Sentimento de tristeza, mas nos temos certeza que o ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve 58 milhões de votos, está sendo perseguido pelo Judiciário. Era para ele estar aqui, ele é amigo do presidente Trump, amigo da América, e gostaria muito de estar presente nesse momento tão importante que vai ser a posse do presidente”, completou.