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Resposta ao STF

Governo não tem condições de impedir uso do Bolsa Família em bets, diz AGU

CNC pede ao Supremo suspensão da lei que regulamenta bets
Beneficiários do Bolsa Família gastaram R$ 3 bilhões com bets só em agosto, diz Banco Central. (Foto: Bruno Peres/Agência Brasil.)

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A Advocacia-Geral da União (AGU) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nesta quinta-feira (12), que o governo não tem condições técnicas de impedir o uso do Bolsa Família em apostas online - também conhecidas como bets. A resposta foi encaminhada, por meio de uma petição, após o STF determinar que o governo do presidente Lula adotasse medidas mais duras para evitar os danos das bets.

No documento, a AGU apontou que o governo não tem como "microgerenciar" os gastos com o benefício e nem passar a lista de beneficiários para as bets bloquearem o acesso. Também declarou que as contas bancárias do Bolsa Família recebem dinheiro de outras fontes e mesmo se vetasse o uso do cartão, não seria possível impedir o pagamento das apostas por PIX ou cartões pré-pagos.

"Conquanto louvável e necessária a preocupação com a situação econômica de indivíduos e famílias vulneráveis, a adoção de ‘medidas imediatas’ encontra barreiras de ordem prática de difícil superação, razão pela qual faz-se imprescindível o aclaramento do acórdão recorrido", diz a AGU sobre as "medidas imediatas de proteção especial" impostas pelo Supremo.

De acordo com a AGU, "apenas 9,67 milhões de responsáveis familiares fazem regularmente Pix a partir da conta de benefício e, em média, fizeram apenas 2,5 operações, com um valor de R$ 355 cada (dados de agosto/2024)". "Ademais, as mais de 9,67 milhões de famílias que fizeram pix movimentaram cerca de R$ 8,5 bilhões, mas só receberam R$ 6,5 bilhões do programa, logo, é imprescindível compreender que um eventual bloqueio da conta invade esfera privada, onde o cidadão movimenta outras rendas", diz o documento.

A preocupação do uso do Bolsa Família com as bets surgiu após o Banco Central revelar que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família apostaram cerca de R$ 3 bilhões no mês de agosto de 2024.

Em novembro, o STF formou maioria para manter a decisão de Luiz Fux que proíbe o uso do Bolsa Família e de outros benefícios sociais do governo para apostas online – as chamadas “bets”.

Fux tomou a decisão no âmbito das discussões de uma ação pedida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sob a alegação de inconstitucionalidade da regulamentação.

O relator da ação também determinou a aplicação imediata das regras previstas em uma portaria do governo federal que veda a publicidade voltada a crianças e adolescentes em sites de apostas. Inicialmente, o texto da regulamentação das bets prevê que essas regras sobre publicidade entrem em vigor a partir de janeiro de 2025.

Pedidos da AGU

Após expor as dificuldades na aplicação da medidas, o advogado-geral substituto, Flávio José Roman, apresentou alguns pedidos para que o STF supra alguns "pontos de obscuridade" na fundamentação do recurso. Ele pede esclarecimentos sobre a "extensão e alcance do comando judicial constante na decisão, no que tange
aos entes estaduais e sua competência para a exploração de apostas de quotas fixa".

O órgão jurídico solicita ainda esclarecimentos sobre outros aspectos da decisão judicial que, segundo o governo, causaram ambiguidades. Um desses pontos é o uso do termo "congêneres" no trecho em que o Supremo exige a implementação de medidas imediatas para barrar o uso de recursos de programas sociais e assistenciais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada, em apostas.

A AGU também questiona "se os programas de benefícios sociais e assistenciais existentes no âmbito estadual também devem ser incluídos no impedimento de utilização de seus recursos para a realização de apostas de quota fixa e, em caso positivo, esclarecer o direcionamento dos Estados-membros no que diz respeito às suas atribuições para o devido cumprimento do que decidido por essa Excelsa Corte".

A petição da AGU ainda será analisada pelo ministro Luiz Fux, relator da ação.

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