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Lula diz que campanha de 2026 já começou e proíbe ministros de novas propostas

Lula
Presidente está reunido ministros para dar um puxão de orelhas e evitar novas crises nesta segunda metade do governo. (Foto: reprodução/Canal Gov)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deu um puxão de orelha nos ministros na manhã desta segunda (20) para que ninguém apresente novas propostas nas pastas e que 2025 será para a entrega de tudo o que foi proposto. De acordo com ele, isso é necessário com vistas às eleições presidenciais de 2026, que ele diz que a campanha já começou por parte da oposição -- e ainda atacou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ordem foi dada na primeira reunião ministerial do ano em que cobrou ações dos ministros e melhora na comunicação para que não ocorram mais crises, como a mais recente do Pix, que levou a uma derrota do governo na semana passada. O encontro é realizado na Granja do Torto, a residência de campo oficial, em vez do Palácio do Planalto, e expectativa é de que dure o dia todo, já que Lula não tem nenhum outro compromisso marcado.

“Daqui pra frente, a gente não pode mais inventar nada. Daqui pra frente temos que colher tudo aquilo que semeamos, temos que ter certeza que tudo aquilo que vocês me apresentaram, que já anunciamos à sociedade, vai aparecer agora”, disse Lula já sem chapéu, afirmando estar plenamente recuperado da cirurgia intracraniana que precisou se submeter no final do ano passado (veja detalhe abaixo).

Ainda durante a apresentação, Lula reconheceu que não entregou tudo o que foi prometido em seu plano de governo em 2022 porque "muitas das coisas que plantamos ainda não brotou, ainda não nasceu (sic)". Levantamento publicado neste final de semana aponta que o presidente chegou à metade do mandato com 28% das promessas cumpridas.

Ele ainda proibiu aos ministros de editarem novas portarias sem passar antes pela Casa Civil para não criar "confusão" e depois “arrebenta e vem cair na presidência". E ainda citou que vai conversar individualmente com cada ministro sobre as ações que estão sendo realizadas ou no radar para este ano e o próximo.

Lula ressaltou que deu toda liberdade possível aos ministros nestes primeiros dois anos de governo, mas que, a partir de agora, “não podemos falhar, não temos o direito de falhar e de errar”.

“Por isso temos que ser muito exigentes, e temos que ter capacidade de entregar tudo aquilo que nos comprometemos. [...] 2026 já começou, se não por nós, porque temos que trabalhar, mas pelos adversários. A eleição do ano que vem já começou. É só ver na internet para vocês perceberem que eles já estão em campanha. Temos que trabalhar e entregar para o povo aquilo que ele precisa”, disparou Lula.

Lula emendou a antecipação da campanha eleitoral de 2026 afirmando que “precisamos fazer com que esse país volte a ter uma democracia plena, sabemos o que foi 8 de janeiro e o que poderia ter acontecido nesse país se tivesse dado certo”.

E reconheceu que o governo tem um corpo ministerial diverso com partidos que não são completamente da base e com diferentes ideologias, mas que todos têm uma causa comum pelo povo. Foi o gancho para um ataque ao governo de Bolsonaro.

“A causa que é não permitir em hipótese alguma que esse pais volte ao horror do nosso antecessor. Garantir com todo nosso vigor que esse pais seja democrático”, completou.

Ele ainda criticou a suposta situação de dificuldade encontrada nos ministérios e lembrou que precisou articular a aprovação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para liberar recursos para iniciar o governo -- que ficou conhecida como "PEC fura-teto".

E emendou que quer entregar o país no final de 2026 a um governo que continue com suas políticas. "Não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, ao neonazismo, ao autoritarismo", disse.

O presidente ainda disparou aos ministros que este ano de 2025 será de "definição" na biografia deles e na governança do país. Lula ainda citou que os ministros precisam entender que o povo a que eles têm uma "causa" não é mais aquele dos anos de 1980 que prezava por um emprego com carteira assinada, e sim que estão se tornando empreendedores.

Foi um sinal direto de atenção aos ministros de uma categoria que se sentiu atingida com as informações que passaram a circular na internet de que a fiscalização do Pix poderia levar a uma taxação acima dos limites estabelecidos.

"Nós precisamos aprender a trabalhar com essa nova característica, com essa nova formação do povo brasileiro. E é por isso que temos que ser muito exigidos. Eu jamais reclamarei pelo fato do povo nos cobrar, eu reclamarei se a gente não tiver capacidade de entregar tudo aquilo que nos comprometemos", emendou.

Relação com Trump

Um dos pontos de preocupação do governo brasileiro é com a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, que tomará posse nesta segunda (20), no momento em que o Brasil assume a presidência do Brics. Isso porque o norte-americano já ameaçou sobretaxar importações dos países membros do bloco se continuarem com a ideia de adotar uma moeda comum em vez do dólar para realizar transações comerciais.

Lula, no entanto, minimizou as propostas mais duras de Trump e afirmou que "torço para que ele faça uma gestão profícua para que o povo americano melhore e que os americanos continuem a ser um parceiro histórico que é do Brasil".

"Porque, da nossa parte, nós não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, China, Índia e Rússia. Nós queremos paz, harmonia, uma relação de diplomacia [que] seja mais importante, e não desavença e encrenca", completou.

O presidente ainda emendou que a presidência do Brics e a COP 30 em Belém, no final do ano, serão dois dos desafios que o governo enfrentará neste ano e que serão a cara do Brasil no exterior.

Ele ainda comentou sobre o preço dos alimentos, reconhecendo que estão cada vez mais caros e que os ministros precisam estar atentos a isso.

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