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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos na manhã deste sábado (18) para participar da posse do presidente eleito Donald Trump, na próxima segunda-feira (20). Ela representará o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi convidado para a cerimônia, mas não teve o passaporte devolvido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Após Michelle embarcar, no aeroporto de Brasília, Bolsonaro afirmou que está “chateado e abalado” por não poder viajar, e afirmou que se sente perseguido por Moraes. O magistrado negou pela quinta vez o pedido de liberação do documento.
“Enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa, que decide a vida de milhões de pessoas no Brasil, ele e mais ninguém. Ele é o dono do processo, dono de tudo, quando quer ignora o Ministério Público, faz o que bem entende, e tem um compromisso que é eliminar a direita no Brasil. Ele vê a direita como um mal aqui no Brasil”, disparou Bolsonaro.
A defesa de Bolsonaro tentou reaver o passaporte nesta semana e, após Moraes rejeitar o pedido, tentou mais um recurso – igualmente negado. Moraes diz ter seguido a orientação da Procuradoria-Geral da República (PGR), de que haveria um risco de fuga do ex-presidente com a entrega do documento.
Isso porque Bolsonaro responde ao processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado, e que levou ao indiciamento dele e de mais 39 pessoas.
Ainda no aeroporto de Brasília nesta manhã, Bolsonaro afirmou que está abalado por não poder participar da posse de Trump, e que foi um dos principais convidados mesmo não sendo mais um chefe de Estado. O ex-presidente afirmou também que é o representante da direita no Brasil e que o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) tem um “excelente relacionamento” com ele.
"Eu represento no mínimo 58 milhões de pessoas no Brasil, hoje tenho certeza de muito mais do que isso, e represento a direita, os conservadores, sendo presidente de honra do maior partido político do Brasil, e que, obviamente, seria muito bom minha ida lá. O presidente Trump gostaria muito, tanto é que ele me convidou", completou.
Nas alegações para negar a devolução do passaporte, Moraes citou uma entrevista de Bolsonaro de que poderia pedir refúgio em alguma embaixada no Brasil caso tivesse a prisão decretada.
“O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu em entrevista ao UOL a possibilidade de pedir refúgio em alguma embaixada no Brasil, caso tenha a prisão decretada após eventual condenação pela trama golpista de 2022”, disse Moraes na decisão.
Os advogados argumentaram que o tempo de vigência das medidas cautelares é “excessivo” e reforçaram que Bolsonaro “permanece como mero investigado, ainda que indiciado e, conforme já expressado por ele, no aguardo da oportunidade de demonstrar sua inocência”. E que ele foi à Argentina, em dezembro de 2023, para a posse do presidente Javier Milei e voltou ao Brasil, o que não justificaria a alegação de risco de fuga.