A Polícia Federal (PF) irá instaurar uma nova auditoria para investigar a escuta encontrada na cela do doleiro Alberto Youssef, na carceragem da PF em Curitiba. A Gazeta do Povo revelou nesta terça-feira (12) que um policial federal teria admitido, em depoimento à corregedoria da PF, que instalou o grampo a mando de delegados que comandam a Operação Lava Jato.
O delegado Igor Romário de Paula, responsável regional de combate ao crime organizado, afirmou nesta terça à Gazeta do Povo que o agente que fez a denúncia teria prestado dois depoimentos diferentes, que se contradizem. “Os fatos estão sendo distorcidos, temos que ver qual é o interesse dele nessa história”, disse.
Ainda de acordo com o delegado, a escuta “sempre esteve” instalada na custódia para ser usada “quando tivesse autorização”. Haveria também um atestado de que o equipamento não estava funcionando.
Igor Romário de Paula é citado pelo denunciante como um dos agentes que pediram a implantação da escuta.
No depoimento, prestado último dia 4, o agente afirmou que “no ano passado, recebeu uma visita em sua sala do delegado Rosalvo, acompanhado do delegado Igor Romário e do delegado Márcio, solicitando que implementasse com urgência uma escuta ambiental na cela” de Youssef.
Rosalvo Ferreira Franco é o atual superintendente da PF no Paraná. Márcio Anselmo e Igor Romário são dois dos principais integrantes da Lava Jato.
A Gazeta do Povo apurou que um integrante da corregedoria da PF esteve em Curitiba nesta terça ouvindo depoimentos das pessoas envolvidas na denúncia.
Aberto na semana passada, o inquérito também tenta descobrir se a PF teria manipulado a primeira sindicância sobre o caso para evitar que se descobrissem irregularidades na operação.
Acesso às escutas
Ainda nesta terça, os advogados de defesa da empreiteira OAS protocolaram um pedido ao juiz federal Sergio Moro, que conduz a Lava Jato, para ter acesso às supostas gravações da cela de Youssef e ao conteúdo do inquérito e das sindicâncias que apuram o caso.
O advogado de Youssef, Adriano Bretas, afirmou que a defesa ainda está estudando o caso e deve tomar uma medida nos próximos dias. Na segunda-feira (11), o advogado Figueiredo Basto disse que entraria com recurso para anular toda a operação caso a denúncia se confirmasse.
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