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Agricultor explica o jeito certo de comer a pimenta mais forte do mundo

Descendente de italianos, Salvatore Genovese dedica-se à produção de pimentas no leste da Inglaterra | Reprodução/
Descendente de italianos, Salvatore Genovese dedica-se à produção de pimentas no leste da Inglaterra (Foto: Reprodução/)

Um agricultor do leste da Inglaterra saiu em defesa de uma espécie de pimenta malagueta classificada como a mais forte do mundo e cuja ingestão teria levado um homem ao hospital com dores de cabeça excruciantes e sintomas semelhantes ao de um AVC.

O produtor Salvatore Genovese, dono de um sítio de 7 hectares em Bedfordshire, disse que a minúscula mas potente pimenta Carolina Reaper é perfeitamente comestível, desde que seja ingerida da maneira correta.

“Vendemos nos últimos anos mais de 500 mil pimentas e nunca ouvi falar de que alguém tivesse sido hospitalizado após comer essa pimenta”, disse Genovese à reportagem do SkyNews.

No entanto, alertou o produtor, existe um jeito certo de comer a pimenta e não é “simplesmente jogando goela abaixo”.

“Jamais comeria uma pimenta dessas in natura, nem recomendo que se faça isso”, disse. “É preciso cozinhar, fazer um molho e depois usar como tempero para apreciar seu sabor único”.

“Sempre digo, é como o sal. Você não enche a mão de sal para pôr na comida e diz: ‘nossa, que experiência radical’. É preciso usar pequenas porções, moderadamente. Mas quando se trata de um concurso para comer pimentas, daí é outra coisa”.

O produtor reagiu ao artigo publicado na semana passada no British Medical Journal sobre um homem de 34 anos que foi hospitalizado em Nova York com dores de cabeça e sintomas de um AVC depois de participar de um desafio para comer pimentas. Ele comeu uma pimenta Carolina Reaper.

Os autores do estudo argumentam que a pimenta pode ter causado uma Síndrome de Vasoconstrição Cerebral Reversível (RCVS), uma condição em que as artérias do cérebro se comprimem, causado cefaleias severas, segundo a Cleveland Clinic.

No entanto, há quem diga que os pesquisadores foram rápidos demais ao jogar a culpa na pimenta.

Outros especialistas nos campos da neurologia e cefaleia afirmaram que não há evidências suficientes de que a capsaicina, ingrediente ativo das pimentas malaguetas, possa causar compressão das artérias. Segundo David Dodick, presidente da American Migraine Foundation, não há prova científica de que a síndrome da vasoconstrição possa provocar dores de cabeça descomunais apelidadas de “rajadas de trovão”, que causam “dor incapacitante e deixam as pessoas prostradas”. Numa escala de 0 a 10, Dodick diz que uma “thundercap headache” atinge o nível máximo.

Apesar do noticiário alarmante, os fãs de pimentas não se abalaram.

O e-commerce de Genovese alerta os consumidores a “temer a Carolina Reaper”, mas, apesar disso, os estoques da pimentas se esgotaram. Quando estiverem novamente à venda, um quilo custará perto de 30 dólares.

O site da fazenda, chamado de LoveMyChillies, direciona o internauta para um vídeo de comédias do YouTube entitulado “Good Mythical Morning”, que aborda o desafio da pimenta mais ardida do mundo, em 2014.

O vídeo mostra dois convidados comendo a Carolina Reaper e se contorcendo de dor em seguida, por infindáveis 10 minutos.

A nutricionista Lucy Jones disse à SkyNews que pessoas com doenças preexistentes, como asma, devem cuidar ao ingerir pimentas.

“Há casos de indução a ataques de asma”, afirmou. “Então, as pessoas devem pensar bem sobre sua condição e antecedentes de saúde antes entrarem nesses desafios”.

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