Uso de lodo de esgoto como adubo no Paraná, no município da Lapa.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

Agricultores do estado do Paraná vêm seguindo à risca uma recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU): utilizar lodo de esgoto como adubo natural para ampliar a sustentabilidade das propriedades e economizar recursos.

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Esse adubo diferente é oferecido a custo zero por um programa da Sanepar, que já destinou mais de 26 mil toneladas de lodo de esgoto tratado às produções agrícolas. Segundo a empresa, metade do lodo produzido no Paraná é utilizado como adubo, oferecido gratuitamente para os agricultores.

O material passa por análises do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para verificar a sanidade antes de ser encaminhado. “A ação do lodo tratado no solo é muito parecida com o processo de calagem, que é adição do calcário que regula a acidez da terra. Em determinados casos ele substitui 100% a calagem do solo”, explica Marco Aurélio Knopik, engenheiro agrônomo da Sanepar.

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A companhia informa que já investiu cerca de R$ 4 bilhões em ampliações de redes de água e esgoto e também em novas tecnologias aplicadas ao tratamento.

Lodo de esgoto na agricultura

Na região Noroeste, por exemplo, desde 2012, todo o lodo produzido é aproveitado pelos agricultores.

Na cidade de Santa Fé, Carlos Eduardo Sussai é um dos produtores beneficiados e diz que, além da economia financeira, percebeu aumento da produtividade nos seus 23 mil pés de cafés. “As folhas estão mais verdes, os pés de café mais altos e mais carregados”, garantiu.

Antes, o agricultor utilizava a cama aviária (adubo orgânico de aves) e deixou uma área de terra sem lodo para comparar a produção.

Também no Noroeste do Estado estão os pomares de laranja mais produtivos do Brasil, e o lodo de esgoto vem colaborando para isso. Em Flórida, no laranjal de Edivaldo Correia de Oliveira, a previsão de colheita é de 30 mil caixas da fruta em novembro, em 21 mil pés de laranja.

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“Percebi uma grande melhora na condição do solo, não precisei fazer recuperação calcária nem fosfórica. Isso economizou cerca de R$ 30 mil”, afirmou.

Regras de uso: lodo de esgoto

Segundo Knopik, para destinar a quantidade de lodo adequada aos produtores é preciso avaliar o solo da propriedade e o produto para que a Sanepar determine a quantidade e a prioridade do envio.

“A legislação só permite o uso do lodo quando ele não tem contato direto com a produção, por exemplo, os pés de café”, complementa o extensionista da Emater, Ricardo Silva.

Por isso, alguns produtos como mandioca e outras raízes, pastagem e hortaliças não podem utilizar lodo como adubo.

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