O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil teve a primeira alta após oito trimestres consecutivos de queda. Na comparação com os últimos três meses de 2016, o crescimento observado de janeiro a março de 2017 foi de 1%. A agropecuária foi o grande destaque, respondendo por 80% desse aumento. Ou seja, se não fosse o campo, a alta no PIB nesse período teria sido de apenas 0,2%. O cálculo é do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace), da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
O professor Felippe Serigati, economista do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (FGV), explica que o resultado do setor agropecuário, de 13,4% de crescimento frente ao trimestre anterior, foi sim expressivo. Mas ele pondera que há fatores que precisam ser considerados para avaliar essa marca. “É um crescimento bom, mas a gente não pode esquecer que as bases de comparação são estreitas”, diz.
Serigati esclarece que, pelo fato de o PIB do Agro ter caído em 2016, por causa de problemas climáticos (-6,6%), qualquer pequeno número que se colocasse para comparação já geraria um crescimento mais forte. “Como não colocamos um número pequeno, colocamos uma safra recorde, tivemos essa explosão de crescimento”, exemplifica.
Para o economista, o aumento por parte do agro não vai se repetir nessa intensidade nos próximos meses. “O crescimento foi forte? Foi forte. Vai se repetir? Não vai. O PIB mensura produção e no agro se produz quando se colhe. O grosso da produção agropecuária está no primeiro trimestre. Temos a safra de inverno, a safrinha, é importante, faz muita diferença, mas não é maior do que a safra”, analisa.
A gerente de contas trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Claudia Dionísio, tem a mesma leitura sobre o resultado do PIB do agro. “Foi um trimestre relevante para agro, mas por conta das outras atividades que continuam patinando, bem devagar. A indústria teve uma comparação negativa e os serviços, que pesam 70% da economia, também, foram negativos. Nesse caso, o resultado final vai deixar os outros setores em maior evidência”, detalha.
No geral, a agropecuária representa 5,5% do PIB do Brasil, durante o ano todo. É importante salientar que este número se refere, apenas, à produção agrícola e pecuária, e não envolve, portanto, as agroindústrias, por exemplo.
Se só existisse agro, queda entre trimestres iguais não teria ocorrido
Na comparação do primeiro trimestre de 2017 com o primeiro trimestre de 2016, o PIB nacional caiu 0,4% (nessa comparação o agro subiu 15,2%). Em uma suposição, Claudia diz que se só existisse o agro na economia brasileira e o imposto fosse 0%, a economia teria crescido 0,7% em vez de ter registrado a queda. “Claro que esse é um cálculo hipotético, uma economia assim é impossível. Enquanto a economia como um todo não melhorar, a gente ainda vai ter resultados de crescimento fracos como estamos registrando”, diz.
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