A China quer aumentar o uso de etanol em todo o país até 2020, informou o NDCR, órgão de planejamento econômico do país asiático. A principal medida deverá ser a mistura do biocombustível à gasolina, como ocorre no Brasil, um dos líderes mundiais na produção de etanol.
Produzido no Brasil majoritariamente a partir de cana-de-açúcar, o etanol chinês deverá ter como matéria-prima o milho, grão produzido em grandes quantidades no país. As reservas de milho chinesas são estimadas em mais de 200 milhões de toneladas.
Segundo a agência AFP, apenas 1% do volume de produtos petroleiros consumidos na China - maior mercado automobilístico do mundo - é biocombustível.
O aumento da participação do etanol faz parte dos esforços do governo chinês para convencer a comunidade internacional de que o país tem se esforçado para diminuir as emissões de poluentes de combustíveis fósseis -os principais responsáveis pelas mudanças climáticas.
“A previsão é de apoio até 2020 ao uso de etanol no conjunto do país e garantir uma cobertura máxima completa, reforçando as capacidades da indústria dos biocombustíveis”, afirma o documento divulgado pelo NDCR.
No longo prazo, a China também pretende utilizar outros tipos de matéria-prima que permitem a produção de etanol. “A China produz anualmente mais de 400 milhões de resíduos vegetais de palha ou silvicultura, 30% deles poderiam ser utilizados para produzir 20 milhões de toneladas de biocombustíveis”, disse o governo.
O objetivo da China é fazer mudanças graduais em suas fontes de combustíveis para aliviar a pressão internacional por um maior esforço do país na mitigação das mudanças climáticas e da poluição nas cidades do país.
“Até o fim de 2025, [a China] deverá começar a produzir em grande escala etanol a base de celulose e a melhorar suas tecnologias para alcançar os padrões internacionais”, diz o texto do NDCR.
Brasil recebe plano com otimismo
O plano anunciado do governo da China de expandir o uso da gasolina E10, que possui 10% de etanol, foi recebido com otimismo pelos usineiros brasileiros.
Apesar do viés direcionado ao milho, a Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar) prevê reflexos positivos também para o mercado produtor brasileiro.
“Eles não vão fazer um programa que vai depender de importações, pela própria segurança energética, mas podemos ser parte do suprimento dessa oferta que eles vão demandar nos próximos anos, se realmente embarcarem num projeto de mais longo prazo”, diz Eduardo Leão, diretor-executivo da Unica.
“Hoje, 90% do consumo se dá no Brasil, nos EUA e na União Europeia, então é muito positivo ter outro grande mercado, como a China, caminhando para um programa desta magnitude.”
O anúncio do governo chinês é a primeira definição formal de cronograma de um plano mais abrangente para reduzir a emissão de poluentes e ao mesmo tempo impulsionar a demanda do excedente de milho na China.
“Vai circular mais recursos de investidores internos e estrangeiros”, disse Li Qiang, da consultoria JC Intelligence, que prevê mais de dez projetos de indústrias de etanol no cinturão do milho do nordeste da China.