A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) divulgou nesta terça-feira (5) que espera que a alta do PIB (Produto Interno Bruto) da agropecuária, que teve crescimento entre 9% e 11% em 2017, segundo projeção da entidade, deve se reduzir para 5% em 2018.
Favorecida pelo clima, a safra de grãos foi a maior da história neste ano, condições que não devem se repetir no ano que vem. “Achamos que vai ter queda no volume de produção de grãos em 2018, mas só se levarmos em consideração 2017, que foi um ano excepcional, tanto em termos de clima como da disposição dos produtores, que entenderam que deviam jogar mais tecnologia na terra e ter mais abertura de frente de plantio”, afirmou João Martins, presidente da CNA.
A queda esperada para a produção deve ser parcialmente compensada pela expectativa do aumento dos preços das commodities no ano que vem, elevando a rentabilidade do produtor.
Apesar da safra recorde neste ano, o faturamento da agropecuária encerrará o ano com queda de 2,36% na comparação com 2016. Isso ocorreu por causa da queda do preço dos principais produtos, como milho (32% de redução) e soja (16% de retração). “O clima foi excelente, mas os preços foram ruins”, resumiu Bruno Lucchi, superintendente técnico da CNA. “O algodão foi o único produto que teve incremento de produção e de renda”.
Em 2018, com a expectativa de recuperação nos preços, esse faturamento deve se recuperar, com projeção de alta de 5,4% em relação a 2017.
O cenário esperado é que os preços internacionais de grãos recuem, por conta dos altos estoques internacionais, permitindo recuperação dos preços da produção no Brasil. Além disso, a expectativa é de forte alta nos preços da pecuária.
Enquanto a agropecuária (que é classificada como tudo o que é “dentro da porteira”) teve ótimo desempenho neste ano, a crise econômica impactou o agronegócio, que inclui a agroindústria e serviços ligados à agricultura. A projeção é de uma queda de 2% neste ano, de acordo com a CNA.
Em 2018, haverá recuperação, com o crescimento do agronegócio entre 0,5% e 1%, segundo a entidade. “Apesar da pujança da agropecuária, os demais setores contribuíram para puxar o PIB do agronegócio para próximo de 2% em 2017”, afirmou Lucchi.
Cenário
A entidade acredita que o cenário para o setor pode ser positivo no ano que vem, mas destacou que tudo dependerá do clima das eleições e da aprovação de reformas, como a da Previdência.
“As eleições implicam em um ambiente que pode ser positivo ou negativo para o mercado. Isso afeta o câmbio e a rentabilidade das commodities e dos insumos para a próxima safra. Vai depender das reformas também”, afirmou Lucchi.
A entidade criticou o projeto de lei, aprovado na CCJ (Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça) do Senado, que propõe a revogação da lei Kandi, o que elevaria a arrecadação de impostos dos Estados com exportações.
“Em 1996, quando a lei Kandir foi instituída, o saldo da balança comercial do agronegócio era de US$ 12,2 bilhões; em 2016 o saldo foi de US$ 71,3 bilhões, um aumento de 484%”, afirmou a entidade em nota distribuída aos jornalistas.
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