As exportações agrícolas da Argentina dispararam 68% no primeiro trimestre de 2016, divulgou o governo em nota à imprensa. Nos primeiros três meses do ano, a Argentina exportou 19,97 milhões de toneladas de produtos agrícolas, ante 11,91 milhões no primeiro trimestre de 2015. Os produtos que tiveram maior aumento nos embarques para o exterior foram o trigo, com elevação de 105%, e o milho, que subiu 84%.
A elevação no índice ocorre depois de Mauricio Macri, presidente do país, ter eliminado em dezembro as taxas de vendas de itens agrícolas e carne para o mercado internacional. Antes da medida, exportadores eram taxados em 23% no trigo, 20% no milho, 32% na semente de girassol e 15% na carne. A medida anunciada por Macri manteve a taxa sobre o soja, uma das principais fontes de dólares para a economia do país, mas diminuiu a alíquota de 35% para 30%.
Com as taxas aplicadas principalmente sobre milho e trigo, produtores rurais da Argentina tinham literalmente amontoado os produtos em suas propriedades. O fim da cobrança dos impostos de exportação nos dois produtos fez com que houvesse uma corrida para a venda ao mercado internacional.
“O trigo entrou novamente em mercados históricos, como Egito, Marrocos, Indonésia e Vietnã. A Argentina exportou mais de três milhões de toneladas de trigo para estes mercados durante o trimestre, o dobro do valor no mesmo período de 2015”, declarou o governo da Argentina em nota.
Trigo da Argentina teve baixa qualidade, diz especialista
Produto que teve maior aumento na exportação do país vizinho, o trigo mexeu pouco nos preços brasileiros. O consultor da Trigos e Farinhas Luiz Pacheco diz que nos últimos oito anos o trigo argentino sofreu com a falta de incentivos aos produtores na Argentina. Isso fez com que o produto lá tenha perdido qualidade. “Os agricultores plantaram trigo, mas não investiram muito em tecnologia. Além disso, quando o trigo estava no ponto de ser colhido sofreu com o ataque das chuvas, assim como aconteceu no Rio Grande do Sul. Eu diria que 85% do trigo argentino caiu de tipo 1 (ideal para panificação) para tipo 2 (para massas e biscoitos) e tipo 3 (para uso em ração animal)”, explica.
Pacheco explica que o fato de a qualidade ter sido baixa fez com que a maior parte do trigo argentino tenha ido para países da Ásia, com o intuito de produção de ração animal. O que veio para o Brasil, segundo ele, foi trigo tipo dois e três, já que o trigo tipo um foi quase que todo consumido pelo mercado interno argentino. Mas o cenário deve mudar no ano que vem. Com o novo governo, segundo ele, haverá aumento de investimento dos produtores, crescimento na área plantada e na produtividade. “O comentário geral é que o país deverá saltar sua produção [2016/17] de 10 milhões de toneladas para 16 milhões de toneladas. Além disso, a previsão do tempo para toda a América do Sul é que viveremos um clima ideal para o trigo”, prevê.
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