O Brasil irá consumir 1,229 milhão de toneladas de café em 2021. Esse incremento no volume representa uma alta de 22,5% em relação às 1,002 milhão de toneladas consumidas em 2016 e está alinhado à recuperação econômica em andamento no país e iniciada no ano passado. A previsão é da consultoria Euromonitor e foi apresentada pelo consultor sênior da empresa, Gustavo Machado Cardoso. De acordo com o estudo, o crescimento médio anual do consumo será progressivo, saindo de 3,3% em 2016/2017 e chegando a 3,6% em 2020/2021.
O estudo indica que o consumo de café em grão torrado terá um aumento de 23,5% nesse período, atingindo 231 mil toneladas. Isso representa um ganho de um ponto percentual nas vendas totais, garantindo ao café em grão 19% de participação no volume total comercializado no país em 2021. Já a participação do café em pó apresentará uma queda na mesma proporção, concentrando 80% das vendas.
O consumo de cápsulas, por sua vez, registrará um aumento muito pequeno – 0,2% - no quadro geral. Cardoso avisa que o ritmo de crescimento do consumo das cápsulas está em desaceleração, embora o segmento continue crescendo com dois dígitos. “Elas sofrerão com maior competição de cafés Premium”, explica, destacando que esse tipo de consumo, o das cápsulas, foi responsável por despertar o interesse dos consumidores, o que vem se refletindo agora, com crescimento de café em grãos e moído de maior qualidade. Para o especialista, o grande desafio será promover a substituição das cápsulas de forma consistente.
Com a recuperação econômica este ano, o setor de food service apresentou perspectivas e resultados mais positivos em relação a 2016. Essa é uma tendência para os próximos anos. A redução da inflação, o crescimento da renda disponível e o desenvolvimento dos coffee shops são considerados pelo estudo como primordiais para que o café siga crescendo a taxas mais aceleradas no consumo fora de casa. No Brasil, o número de casas de café continua crescendo e esse é um setor com grandes chances de ampliação, ressalta o consultor da Euromonitor.
O crescimento do consumo no food service foi puxado pelo café em grão e, em parte pelo moído. Nesses locais, o consumo é de cafés Premium. O estudo indica que, embora mais de 90% do consumo doméstico no Brasil seja de café tradicional, o mercado dos tipos Premium vem apresentando um incremento acelerado. Essa ampliação significativa vem sendo impulsionada por lançamentos e inovações no segmento, pelo amplo envolvimento da mídia na geração de conteúdos sobre café e pelas inovações que seguem sendo lançadas, com a categoria se mostrando dinâmica em relação às mudanças rápidas em andamento no mundo.
Segundo o estudo da Euromomitor, a Premiunização do mercado também é fortalecida pela atuação dos grandes fabricantes, que seguem investindo em produtor de maior valor agregado. Marcas de menor porte estão seguindo essa tendência, ampliando seus mixes com opções nesse segmento.
O estudo da consultoria define quatro grandes ondas do café. A primeira marcada pela venda massiva do café; a segunda, pelo surgimento dos coffee shops; a terceira, pelo aparecimento dos cafés artesanais e a quarta por inovações em todo lugar. “Os caffee shops da terceira onda sinalizam tendências para o mercado brasileiro, que ainda é, no consumo fora do lar, dominado pelo café tradicional”, explica Gustavo Cardoso.