O Brasil consome por ano, entre demanda interna e exportações, aproximadamente 53 milhões de sacas de café. Em 2017, a conta vai fechar por – muito - pouco, estima o mercado. Isto porque os estoques privados estão em 9,86 milhões de toneladas, uma queda de 27,4% na comparação com o ano passado. Com uma safra que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), também será menor em 2017, a expectativa é de que o país tenha disponível ao final da temporada pouco mais de 55 milhões de sacas.
Para o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz, os números são preocupantes. Segundo ele, o estoque somado à safra do ano deverá garantir um abastecimento apertado dos mercados interno e externo, o que poderá resultar no aumento de preço do produto. “Não significa falta de café, que é um fenômeno raro, mas pode significar um mercado onde a oferta seja curta”, avaliou.
Segundo a Conab, o tipo arábica corresponde a 90% do total do estoque privado de café da safra 2016, com 8,87 milhões de sacas. O café conilon representa apenas 10% do total, com 994,8 mil sacas. A Região Sudeste, líder na produção nacional, é responsável por 90,7% do estoque total brasileiro na safra 2016.
Os dados referem-se aos estoques em 31 de março, data que antecede a nova safra, de 2017, e foram fornecidos espontaneamente por produtores de todo o país. A pesquisa da Conab é realizada anualmente. Neste ano, foram consultados 931 armazenadores, responsáveis por 1.495 armazéns participantes.
A última estimativa da safra de café de 2017, divulgada pela Conab em maio, mostra que são esperados aproximadamente 45,6 milhões de sacas no ano, valor inferior ao de 2016, quando a safra foi de 51,37 milhões de sacas.
De acordo com Herszkowicz, o mercado trabalha com uma demanda de 53 milhões de sacas anuais: 32 milhões para exportação e 21 milhões para o mercado interno. Em 2017, caso seja confirmada a expectativa de safra, a produção mais o estoque deverão somar cerca de 55,5 milhões de sacas para abastecer esses mercados. A queda se deu, segundo o diretor executivo da Abic, devido ao clima seco nas principais regiões produtoras.
Café conilon
O setor está preocupado especialmente com o café conilon, o mais popular no mercado interno, e o que mais sofreu com a seca dos dois últimos anos. Os cafés vendidos nos supermercados geralmente são uma mistura de conilon e arábica, esta última uma espécie mais suave com variações que permitem a produção dos cafés gourmet, mais refinados.
A produção do café conilon está estimada em 10,1 milhões sacas em 2017. O estoque privado em 2016 foi o menor entre as espécies, com 994,8 mil sacas. “Mesmo sabendo que a colheita do café conilon deve ser um pouco melhor, fica o receio de que oferta fique apertada durante todo o período, até a próxima safra”, disse Herszkowicz.
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