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Expedição Avicultura

Por segurança sanitária, avícola vai levar matrizes para refúgio ecológico

Nova casa das aves terá capacidade para abrigar 600 mil galinhas matrizes em plena produção de ovos | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Nova casa das aves terá capacidade para abrigar 600 mil galinhas matrizes em plena produção de ovos (Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo)

A partir de setembro, milhares de galinhas vão “fazer as malas” e mudar para a região Central do Paraná, para uma área cercada de mata nativa e florestas plantadas, longe da agitação dos aviários do Norte do estado. A mudança de domicílio das galinhas matrizes - as mães do frango brasileiro que faz sucesso no mundo inteiro - está sendo planejada cuidadosamente pela avícola Jaguá, do município de Jaguapitã.

“A segurança sanitária é a nossa maior preocupação. A influenza está presente em mais de 30 países, inclusive nos Estados Unidos e no México. Por prevenção, nossas matrizes vão ficar no local do Paraná mais distante de aviários, numa região completamente arborizada, sem nenhuma possibilidade de contato com outras galinhas”, revela o diretor e sócio-fundador da Jaguá, Sidnei Bottazzari.

Se a questão fosse apenas atender os parâmetros da Instrução Normativa 56, do Ministério da Agricultura, bastaria que a empresa mantivesse as granjas matrizeiras à distância mínima de 3km de aviários, abatedouros ou fábricas de ração. A opção, no entanto, foi levar as matrizes para um santuário ecológico em Ortigueira, a 180km de distância de Jaguapitã, onde fica o principal frigorífico da Jaguá.

Brasil contra gripe aviária

As galinhas que terão de se mudar, entre setembro de 2017 e fevereiro de 2018, estão hoje alojadas nos municípios paranaenses de Centenário, Roncador e Pitangueiras, e no município paulista de Santa Bárbara do Oeste. A nova casa terá capacidade para abrigar 600 mil matrizes em plena produção de ovos.

A estratégia da Jaguá é investir em sanidade para blindar ao máximo a empresa contra a gripe aviária. A doença é considerada por Sidnei Bottazzari a única ameaça séria ao status e reputação alcançados pelo frango “Made in Brazil”. Segundo ele, o melhor momento para este reforço sanitário é justamente agora, quando o mercado internacional está atrás do produto brasileiro, a cotação do dólar se mantém equilibrada e, ao contrário da última safra, não faltam grãos para encher o papo dos frangos.

A transferência das galinhas matrizes para Ortigueira, por outro lado, integra um plano maior. O objetivo é ter absoluto controle do ciclo de produção de frango, desde a nutrição balanceada das matrizes e a seleção dos ovos, até a incubação, a criação, o abate e a comercialização.

Uma prova desta disposição foi o investimento, em 2016, de R$ 38 milhões na construção de um incubatório vizinho ao abatedouro de Jaguapitã. Por lá são chocados 7 milhões de ovos por mês, com capacidade para chegar a 14 milhões.

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Susto e normalização

Em março deste ano, quando a Operação Carne Fraca levantou dúvidas sobre a sanidade de toda a carne brasileira, o setor chegou a temer por uma catástrofe, que, por sorte, não se concretizou, sendo visto hoje mais como um grande susto, fruto de inépcia.

“Como país, perdemos credibilidade, é verdade. Mas o próprio cliente sabia que a nossa carne sempre foi boa. Eles perguntavam: ‘por que vocês estão fazendo esta propaganda negativa’?”, recorda Bottazzari.

O empresário reconhece que, apesar de todos os problemas políticos atuais, no episódio da Carne Fraca a questão foi bem conduzida pelo Ministério da Agricultura, que agiu rápido para comprovar que se tratava de um problema isolado, salvando alguma credibilidade.

“Imaginávamos que teríamos uma desvalorização do produto, mas não perdemos nenhum centavo de nossos clientes. As perdas aconteceram, sim, porque nós seguramos os embarques e aumentamos os custos de estocar nos contêineres, com medo de ficar com cargas à deriva em alto-mar”, conta o diretor da Jaguá Frangos.

Apesar do percalço, a proteína animal brasileira segue valorizada no mercado internacional. Na Jaguá, que tem 2,9 mil funcionários e exporta 60% da produção para 48 países, a taxa de crescimento de 10% ao ano já não comporta a velocidade da produção de frangos dos integrados. “Queremos crescer 50% ainda em 2017. Precisamos com urgência de outra unidade. Estamos vendendo frangos vivos porque não conseguimos abater”, afirma o empresário.

A solução será arrendar ou comprar outra planta, ampliar o abatedouro principal ou construir um novo. Seja qual for a decisão estratégica, a boa notícia é que ela significará a criação de centenas de novos empregos.

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