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opinião

Câmbio, diálogo e segurança

Com Caiado, ressurge das cinzas a Fênix da União Democrática Ruralista (UDR), marca registrada do senador nos tempos da disputa pelo Executivo Federal. | Waldemir Barreto/Agência Senado
Com Caiado, ressurge das cinzas a Fênix da União Democrática Ruralista (UDR), marca registrada do senador nos tempos da disputa pelo Executivo Federal. (Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado)

Não necessariamente nessa mesma ordem, em meio à crise política e econômica que assola o país, as demandas do agronegócio são específicas, mas também transversais. Ou seja, apesar das suas especificidades, são prioridades e reivindicações de certa forma comuns às de outros segmentos econômicos, ao cidadão e às instituições democráticas do país. Contudo, a depender do rumo político que tomar o Brasil, o agro precisa ficar atento a algumas variáveis que serão estruturais na atual conjuntura, mude ou não o governo. A diferença com a manutenção ou a mudança no Palácio do Planalto, vai estar no tamanho dos problemas e desafios que batem à porta do setor.

Câmbio

Um deles é o câmbio, muito atrelado à política econômica adotada pelas diretrizes políticas do Ministério da Fazenda e do Banco Central. A relação dólar e real impacta sobremaneira em duas frentes do agronegócio. Primeiro, porque temos uma agricultura com alta dependência de insumos importados, dos fertilizantes aos agroquímicos, o custeio da atividade acaba sendo em boa parte dolarizada. Nesse caso, quanto menor o dólar, melhor a relação e impacto dos insumos no custo de produção. Por outro lado, como país exportador de grãos, carnes e derivados, o interesse parte do dólar valorizado, ambiente que valoriza e melhor remunera o campo e a produção.

Diálogo

Outra questão que se perdeu nos últimos anos, é o diálogo da base do agronegócio com o Ministério da Agricultura que, em tese, seria o principal interlocutor do agronegócio no governo federal. Com uma pasta menos técnica e mais politizada, a relação do setor com o Executivo ficou prejudicada, em especial no atual governo, com a escolha de nomes a partir de indicação meramente política. Ou então, de nomes que mesmo com certa afinidade técnica deixaram a desejar, contaminados pelo viés político e, de certa forma, personalista adotado na condução do ministério. Contudo, foi um tempo relativamente fácil de ser ministro da Agricultura. O setor estava bem, viveu uma década de ouro e pouco precisou do governo.

Segurança

Por fim, o campo precisa de segurança para produzir. O campo precisa de apoio e não de ameaças para continuar contribuindo com a economia do país. Afinal, é do campo que sai a balança comercial com superávit, é de lá que vem o único saldo positivo na geração de empregos e é na produção agrícola e pecuária que está a única variação azul do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Então, deixem o campo em paz, deixem o campo produzir, sem ingerências políticas, sem ameaças e com a tranquilidade de quem está, em meio a recessão, dando resultado. O campo precisa sim do governo. Afinal, ele é o agente regulador. Mas também precisa de segurança, não de ameaças.

Novo ministro

Com a possibilidade concreta de admissão do impeachment e da composição de um novo governo, inevitável nos bastidores as especulações sobre a nova equipe do primeiro escalão do Executivo. Dos titulares para o Banco Central e Ministério da Fazenda, alguns nomes também se escalaram ou foram lembrados para o Ministério da Agricultura.

Entre os nomes está o de Ronaldo Caiado, senador pelo Goiás, histórico militante do agronegócio, apesar da formação em Medicina, já foi inclusive candidato a presidência da República. Com Caiado, ressurge das cinzas a Fênix da União Democrática Ruralista (UDR), marca registrada do senador nos tempos da disputa pelo Executivo Federal pelo estado de direito e pela segurança jurídica no campo, na defesa da tradição, família e propriedade, ou TFP. Caiado é de família de agropecuaristas.

Outro nome lembrado no meio, mais especificamente no Paraná, é o do deputado federal Sérgio Souza, ex-senador, integrante de frente parlamentares em defesa do agronegócio e afins, e com boas relações nas entidades de classe e de representação do agronegócio no estado, como cooperativas, sindicatos e federações. Neste momento ele ganha notoriedade como relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura irregularidades e desvios bilionários nos fundos de pensão.

De qualquer forma, seja qual o governo ou então quem for governo, os desafios do agronegócio continuam. Estão aí e terão de ser enfrentados.

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