O clima excessivamente úmido que atravancou o plantio da safra 2015/16 continua incomodando os produtores paranaenses na fase de colheita. Embora os trabalhos tenham iniciado oficialmente na virada do ano, as máquinas ainda avançam em ritmo lento devido à alta umidade, principalmente nas regiões Oeste e Centro-Oeste do estado.
De acordo com relatório do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), a grande quantidade de chuva tem deixa do os grãos com um teor de umidade de 26%, bem acima do nível considerado aceitável pela indústria (de 12% a 13%). A permanência da produção nas lavouras além do previsto também tem gerado outros contratempos, como o aumento da incidência de doenças e o atraso no plantio da safrinha de milho.
No município de Quinta do Sol, próximo a Campo Mourão (Centro-Oeste), o produtor João Mathias dessecou a área de 120 hectares de oleaginosa na expectativa de colher. Podem, as chuvas ininterruptas impediram o a entrada na lavoura.
“Pretendia antecipar a colheita para entrar com milho safrinha, mas o solo estava encharcado e não tinha condições de colocar o maquinário na lavoura. Precisa parar de chover, pois não dá mais para esperar. Corro o risco de perder uma parte da safra”, diz Mathias, que espera colher média de 62,5 sacas por hectare. “Se não fossem as chuvas a média poderia ser maior”, aponta.
Doenças
Além dos inconvenientes com a colheita, as chuvas têm dificultado os tratos culturais e aumentado a incidência de doenças como a ferrugem asiática. Para evitar a proliferação, os produtores reforçam a aplicações. Moises Cândido aproveitou os poucos períodos com sol para aplicar fungicida nos 190 hectares que mantém em Peabiru, no Centro-Oeste do estado.
“Há 40 anos não chovia tanto, foi um aguaceiro nunca antes visto”, diz . Segundo Cândido, nos meses de novembro e dezembro choveu mais de 1 mil milímetros em sua propriedade.
Apesar do excesso de chuva e da dificuldade para combater as doenças, Cândido ainda não cogita perdas nas lavouras. A estimativa segue em 62 sacas de soja por hectare. “Infelizmente não tinha como entrar com a aplicação de fungicida antes por causa da chuvarada. Mesmo assim, não estou esperando perdas.”