Após um ciclo com perdas de mais de 10% na produção de grãos por causa do El Niño, o Brasil começa o plantio de soja do ciclo 2016/17 com um olho no céu e outro no mercado. A chance de ocorrer o fenômeno La Niña e a valorização do real frente ao dólar são os principais motivos de preocupação. Mesmo assim, para especialistas, o agronegócio brasileiro deve registrar resultados bem melhores do que os do ciclo passado.
La Niña
Fenômeno que acontece quando ocorre a diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico. Causa mudanças no tempo, como o aumento das chuvas no Nordeste do Brasil e temperaturas abaixo do normal para o verão, no Sudeste.
Camilo Motter, analista da Granoeste, vê um momento em que é preciso esperar a meteorologia se definir para que os rumos fiquem mais claros. “Não somente o produtor brasileiro, mas o mercado está muito atento na questão climática no Brasil. É um ano de transição de padrão climático e viemos de perdas muito significativas no último ciclo”, enfatiza. O potencial produtivo de grãos para 2016/17, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de mais de 200 milhões de toneladas (em 2015/16, foram 189,3 milhões de toneladas).
Para os meteorologistas, a previsão até o momento é de que a La Niña vai acontecer, mas com intensidade de fraca a moderada. O meteorologista do Climatempo Alexandre Nascimento explica que quando o fenômeno vem com essa característica, os problemas são sentidos de forma mais isolada pelo país. “[A La Niña] vai deixar a chuva muito próxima do normal de forma geral, diferente do ano passado que foram prejudicadas grandes áreas. Você pode até ter meses com chuva maior do que a média, mas no mês seguinte chove abaixo da média”, exemplifica.
Câmbio
Na opinião do consultor Luiz Fernando Gutierrez Roque, da Safras e Mercados, duas questões são importantes quando o assunto é câmbio. A primeira delas é a retomada da economia brasileira. “Com a saída da Dilma e o retorno da credibilidade que trouxe a nova equipe econômica, isso naturalmente traz força para a moeda brasileira”, sinaliza. Mas no mercado externo, a elevação dos juros no mercado americano deve levar os dólares dos países emergentes, incluindo o Brasil. “O produtor tem que ficar atento às variáveis porque pode não conseguir vender com preços tão bons quanto no ano passado. É preciso fazer vendas escalonadas e acertar nos momentos de alta das cotações”, aconselha.
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