O clima, principal responsável pela estimativa de queda de 8,4% na produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2016, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de junho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também atrapalha as safras de feijão e arroz.
A quebra de safra da leguminosa tem feito o tradicional alimento das famílias brasileiras se tornar vilão da inflação. O IBGE projeta para 2016 uma produção total de 2,9 milhões de toneladas nas três safras de feijão ao longo do ano, queda de 6,6% em relação a 2015.
Segundo o gerente da Coordenação de Agropecuária do IBGE, Alfredo Guedes, o feijão é mais sensível ao clima do que outros produtos. “Feijão é uma cultura sensível, de ciclo rápido”, afirmou. Segundo Guedes, o consumo nacional é estimado em 3,2 milhões de toneladas por ano. Os preços sobem também porque o grão é perecível, não tem estoques, e poucos são os países exportadores.
O clima afetou o feijão porque choveu muito no início do ano, época do plantio, explicou Guedes. Depois, houve seca e, mais recentemente, geadas atrapalharam a produção - o Paraná é o principal produtor do feijão carioca, a variedade mais consumida.
A “esperança” para a dinâmica de preços seria a terceira safra, que está sendo plantada. O IBGE já projeta uma queda de 2,2% na produção da terceira safra em relação a 2015. “Não dá para contar muito com ela porque responde por apenas 14,9% da produção anual”.
Já no arroz, a redução da safra também começa a se refletir no preço. Nessa cultura, o problema foi a chuva de janeiro no Rio Grande do Sul, que responde por 72,3% da produção nacional. “Pode ser que a gente precise importar”, disse Guedes, destacando que a produção total nacional do cereal está estimada em 11,5 milhões de toneladas para 2016 (12,2% abaixo de 2015), mas o consumo anual é estimado em 11,5 milhões.
Milho e trigo
Para Guedes, até o fim do ano, a segunda safra de milho e a safra de trigo serão os principais fatores a determinar a produção agrícola de cereais, leguminosas e oleaginosas em 2016. Segundo ele, não é possível estimar se as projeções melhorarão ou piorarão no segundo semestre, mas o pesquisador destacou que o trigo é “muito suscetível” ao clima, principal responsável pela quebra de safra geral deste ano. “Tem espaço para piorar”, reconheceu.
A estimativa de junho do IBGE para o milho de segunda safra é de queda de 20,1% em relação a 2015. Para o trigo, ainda não há estimativa, porque ele é plantado após a segunda safra de milho. Mesmo que a produção não seja grande em termos históricos, poderá haver alta em 2016 porque houve quebras de safra em 2014 e 2015, destacou Guedes.