Com melhor rentabilidade, soja ganhou terreno sobre o milho pelo ciclo de plantação mais curto, embora sua janela de lavoura seja mais restrita.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou nesta quinta-feira (11) que a safra de grãos 2017/2018 deverá sofrer queda de 4,1% na comparação com o ciclo anterior, fechando em 227,9 milhões de toneladas mesmo com o aumento de 1% em área (são estimados 61 milhões de hectares). Recorde no país, a produção total da campanha passada foi de 237,7 milhões de toneladas. As informações são da Agência Brasil.

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De acordo com a atualização da Conab, a previsão é de que a colheita de milho sofra um declínio expressivo, de 5,6%, passando de 97,8 milhões de toneladas para 92,3 milhões de toneladas. No entanto, o farto estoque do produto deverá trazer ao consumidor estabilidade no preço.

“Isso [a queda na produção de milho] se deu em função do crescimento da área plantada com soja, por causa de uma expectativa de preço melhor no mercado internacional, e uma boa parte -1 milhão de hectares- migrou do milho para a soja na primeira safra”, esclareceu o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller.

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No topo das culturas favoritas dos agricultores brasileiros, ao lado do milho, a soja tende, conforme o estudo, a alcançar uma marca 3,2% inferior à anterior, caindo de 114,1 milhões de toneladas para 110,4 milhões de toneladas. Segundo o secretário, a preferência pela oleaginosa pode ser justificada pelo fato de seu ciclo de plantação ser mais curto, embora sua janela de lavoura seja mais restrita.

O estudo, elaborado com dados de 17 a 23 de dezembro, também demonstrou que o abastecimento do algodão será o mais abundante, de 1,7 milhão de toneladas, tendo um aumento de 11,4% e ampliação de 11,9% da área de plantio. Os especialistas responsáveis pelo levantamento ressaltaram que o resultado deve-se à escolha de notáveis cultivadores do algodão, como Bahia e Mato Grosso, de destinar à sua semeadura as áreas mais férteis. O algodão deve ocupar 1 milhão de hectares, contra 35 milhões reservados à soja.

Já para o arroz, a companhia espera que a próxima safra resulte em 11,6 milhões de toneladas, ante os 12,3 milhões de toneladas da safra 2016/2017, retração de 5,7%. A diminuição de 2% na produção gaúcha do produto puxou o índice para baixo. O Rio Grande do Sul, destacou a Conab, responde por 70% da quantidade de arroz cultivada no Brasil.

A previsão apresentada pela companhia incluiu também números para o feijão: a primeira safra deverá ser de 12,7 milhões de toneladas, 9,2% menor em comparação à safra anterior, de 1,4 milhões de toneladas.

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La Niña

O superintendente de Informações do Agronegócio da Conab, Aroldo de Oliveira Neto, observou que não há como prognosticar a intensidade dos efeitos do fenômeno La Niña, que geralmente afeta o oeste da ponta sul do país, estendendo-se do Rio Grande do Sul a Mato Grosso do Sul. O fenômeno atmosférico se caracteriza pelo resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Suas características são opostas às do El Niño (aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico). Aroldo de Oliveira ressaltou que, de 18 a 24 de janeiro, as chuvas devem ser menos frequentes na região.