O número de indústrias do agronegócio afetadas pela greve dos caminhoneiros aumentou mesmo com o desbloqueio parcial das rodovias. Simultaneamente, os portos confirmam enfrentar problemas gerados pelo atraso na chegada dos carregamentos, acumulando serviços que podem provocar tumulto quando as manifestações forem encerradas.
A redução nos abates de suínos e aves é de "mais de 50%", conforme o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra. A entidade estima que há 60 unidades industriais paradas ou operando parcialmente, a maior parte na Região Sul, incluindo unidades de gigantes do setor como BRF e JBS.
O problema provoca escassez imediata no mercado interno e questionamentos de clientes externos, relata Turra. Maior exportador global de frango, o Brasil teme enfrentar restrições sanitárias. Há milhões de aves há dois dias sem alimento e muitos lotes morrendo de fome, confirma o setor.
No Paraná, há pelo menos onze indústrias de leite e carne de frango e suínos paralisadas: dois frigoríficos da BRF, dois da JBS, o laticínio e o frigorífico da Frimesa em Medianeira, o frigorífico da C. Vale em Palotina, a Frango a Gosto em Arapongas, o frigorífico Unitá em Ubiratã, o laticínio da Confepar em Londrina e o laticínio da Lacto em Francisco Beltrão. As perdas teriam passado nesta sexta-feira de R$ 270 milhões, no décimo dia da greve dos caminhoneiros.
Empresas como a Frimesa pretendem voltar às atividades na segunda-feira. Já a cooperativa Lar, que reduziu a coleta de leite, paralisa o abate de suínos neste sábado e o de aves daqui dois dias. Ambas ficam no Oeste do estado e dependem da suspensão de bloqueios na BR-277 em rodovias estaduais.
Em Santa Catarina, a notícia é que há dez frigoríficos fechados e que, se a situação se agravar, todas as unidades de abate de frangos e suínos podem ser fechadas. Só a Aurora deixa de abater 17 mil suínos e 900 mil frangos diariamente. A saída foi dispensar 20 mil total de 23 mil funcionários. As indústrias pretendem negociar com os sindicatos dos trabalhadores a recuperação das horas de trabalho perdidas.
Embarques
A lentidão nos portos reflete os problemas que afetam o agronegócio. A chegada de grãos, atrasada em Santos (SP) e Paranaguá (PR), foi reduzida à metade também no terceiro maior corredor de exportação do país, o de Rio Grande (RS). "Os estoques no porto estão no fim. Poderemos ter problemas para manter carregamentos de navios durante o final de semana", afirmou o porta-voz do porto gaúcho, André Zenobini.
O problema acontece também em Mato Grosso. A América Latina Logística (ALL) deixa de carregar dois trens por dia em Rondonópolis, sul do estado, limitando o envio de soja a Santos.
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