O presidente global da Bunge, Soren Schroder, afirmou que a companhia está aumentando a atuação no mercado de crédito para produtores brasileiros| Foto: HENRY MILLÉO / AGÊNCIA DE NOTÍCI/HENRY MILLÉO / AGÊNCIA DE NOTÍCI

As tradings de commodities agrícolas com atuação no Brasil estão elevando a concessão de linhas de crédito para seus fornecedores, como alternativa aos principais bancos, que estão mais seletivos. O financiamento aos produtores é uma prática comum no setor, mas ganhou maior relevância com o atual cenário recessivo do Brasil.

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Em 2015, a Cargill concedeu um total de R$ 907 milhões como adiantamento de crédito aos seus fornecedores (desde fazendeiros até prestadores de serviços), um crescimento de 57%, sobre os R$ 577 milhões liberados em 2014.

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O presidente da companhia no Brasil, Luiz Pretti, não acredita que, por causa da crise econômica, a Cargill corra risco de ser afetada pela inadimplência. Ele diz que o histórico de “calotes” é baixo, por volta de 3%. “Fazemos essa operação com pessoas que conhecemos bem.”

Na semana passada, o presidente global da Bunge, Soren Schroder, afirmou que a companhia está aumentando a atuação no mercado de crédito para produtores brasileiros.

A decisão, segundo ele, está ligada à retração da economia brasileira, que tem aumentado as restrições ao crédito. A empresa disse que está tentando “pensar como um banco” e passou a monitorar a concentração de risco e exposição geográfica. “Conhecemos pessoalmente todos os produtores com quem trabalhamos”, disse o executivo, durante a divulgação do balanço do primeiro trimestre.

Safra

O Brasil deve colher uma produção recorde de soja na safra 2015/16, que está sendo concluída, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

Em relatório divulgado na semana passada, a entidade informou que a colheita está estimada em 99,7 milhões de toneladas. Em relação ao ciclo anterior, o crescimento é de 2,8%. O Brasil é o maior exportador global do grão. Para a safra 2016/17, o mercado estima a produção em 100,5 milhões de toneladas.

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As exportações foram projetadas em 55,3 milhões de toneladas, com um aumento de 1,8% na comparação com a safra 2014/15. O processamento para a produção de óleo e farelo de soja foi mantido em 40,7 milhões de toneladas, alta de 0,4% ante a temporada anterior, também uma marca recorde.

As exportações do complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão gerar ao País receita de US$ 25,3 bilhões em 2016, ante 27,95 bilhões em 2015, sendo a maior parte (US$ 19,3 bilhões) com o grão.

Riscos diluídos

Para o economista Fábio Silveira, diretor da GO Associados, a cadeia da soja é a mola propulsora da pauta das exportações da economia brasileira - e não deve mudar. “A desvalorização real, no ano passado, compensou a queda dos preços internacionais do grão. Diria que o risco para o setor hoje poderia ser a redução do apetite chinês (maior importador de grãos) e desaceleração da economia americana.”

A China, maior importadora de grão, tem feito fortes investimentos no País. Primeiro, foi com compra de terras. Após a restrição do governo para a compra de propriedades rurais para estrangeiros, investidores chineses começaram a comprar tradings. Foi o caso da Cofco, que reúne a Noble Group e Nidera, e se tornou a quinta maior trading do País, desbancando a Amaggi.

Com uma agressiva estratégia de garantir segurança alimentar ao seu país, a companhia ameaça o reinado das “ABCD” e está em busca da liderança do segmento. Na sexta-feira, as companhias chinesas Hunan Dakang e sua controladora Pengxin fecharam acordo para comprar fatia na trading e processadora de grãos brasileira Fiagril, de Mato Grosso. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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