A fusão entre as rivais DuPont e Dow Chemical — anunciada em dezembro de 2015 e que começa agora a receber o sinal de verde de órgãos de defesa de concorrência em diversos países — criará um conglomerado de US$ 150 bilhões em valor de mercado e um líder mundial na produção de defensivos agrícolas e sementes, desbancando a americana Monsanto do pódio. O grupo vai unir duas centenárias empresas americanas que estão no coração da cadeia produtiva de setores como cosméticos, autopeças, defensivos agrícolas e outros setores tão presentes no dia a dia das pessoas.
A operação já foi aprovada pela União Europeia, pela China e agora pelo Brasil, mas sempre com a exigência de condições como a venda de ativos, para tentar minimizar os efeitos da união de dois gigantes nos segmentos da indústria em que atuam. Para ser levada adiante, a fusão ainda precisa da autorização de Estados Unidos, Austrália e Canadá. O cronograma está atrasado: a previsão inicial era de que a fusão estivesse concluída no segundo semestre de 2016.
O planejamento do novo grupo é se dividir em três companhias, focadas em agricultura, produtos especiais e materiais científicos. Já há investimentos previstos de mais de US$ 12 bilhões nos próximos dez anos, a maioria nos Estados Unidos.
Na avaliação de alguns analistas, a operação resultará em maior concentração de mercado, com risco de aumento de preços para os produtores rurais, especialmente no Brasil, onde as duas empresas têm forte atuação no segmento agrícola.
A empresa resultante da fusão se chamará DowDuPont e manterá uma dupla sede, nos estados americanos de Delaware e Michigan, que hoje abrigam os escritórios centrais de DuPont e Dow, respectivamente. As duas são gigantes do setor químico e não entregam o produto final ao consumidor. Produzem bens intermediários que são matérias-primas para outras indústrias, atuando de forma complementar em algumas áreas e sobrepondo-se em outras, como no setor agrícola.
Um dos pontos fortes da Dow é a produção das chamadas resinas, originadas a partir do petróleo ou do gás natural e que são usadas na indústria de plásticos para fabricar embalagens, brinquedos, peças de automóveis etc. A DuPont tem presença mais significativa nas fases posteriores da cadeia produtiva, em que os químicos são usados na indústria de beleza (ácidos para tratamento de pele, por exemplo) ou no setor têxtil (fibras para colete à prova de balas).
A fusão não envolve dinheiro, apenas troca de ações. A expectativa é que haja um corte de custos de US$ 3 bilhões com sinergias. A ideia é que a companhia seja separada em três empresas independentes, que atuarão nos segmentos agrícola (defensivos e sementes), de materiais científicos (que inclui revestimento e soluções para sistemas automotivos) e de produtos especiais (voltados para higiene pessoal, nutrição, eletrônicos, entre outros).
Hoje, a DuPont ocupa o quarto lugar no ranking global do setor agrícola em faturamento. A Dow vem em seguida, no quinto lugar. Juntas, elas ultrapassarão a Monsanto, a suíça Syngenta e a alemã Bayer.
No segmento de materiais especiais, as empresas assumirão a vice-liderança mundial, posto já ocupado hoje pela Dow. A DuPont tem menor relevância nessa área, ocupando atualmente a 11ª posição. A dianteira será mantida pela alemã Basf. No ramo de produtos especiais, as empresas disseram que ficarão entre as líderes, mas não informaram a posição no ranking global.
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