A proposta da parceria é unificar os processos do monitoramento por meio da tecnologia embarcada no próprio drone| Foto: /Gazeta do Povo

Se o olho do dono é que engorda o gado - ou, adaptando o ditado, faz crescer a plantação -, uma iniciativa quer oferecer a todo produtor brasileiro “olhos no céu” para monitorar suas lavouras: os drones. Uma parceria da Qualcomm, líder em tecnologia móvel, com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) quer potencializar o uso de drones na agricultura - e torná-los mais acessíveis a pequenos produtores.

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O programa, em três fases, vai desenvolver um sistema de bordo inteligente, pelo qual o drone - ou vant - transmite ao agricultor, via rede celular, informações em tempo real sobre a saúde da lavoura. Assim, torna-se possível detectar com precisão focos de pragas, estresse hídrico, déficit de nutrientes e danos ambientais, aumentando a produtividade e otimizando recursos.

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“Hoje, você tem de colocar o drone para voar, baixar os dados, usar vários programas de processamento e contar com um especialista para fazer a interpretação dos dados”, explica Lúcio de Castro Jorge, que coordena as pesquisas com drones na Embrapa. “Isso pode levar de 5 a 15 dias - o que pode ser tarde demais para corrigir uma praga, por exemplo.”

Esse processo fracionado também implica altos custos, uma vez que, além do drone, cujo preço varia de R$ 10 mil a R$ 300 mil, o produtor também precisa investir em softwares, que podem custar até R$ 20 mil, e em computadores de alta capacidade para fazer o processamento - o que faz com que o uso dessa tecnologia fique restrito a grandes grupos. “Hoje, 70% dos produtores são pequenos e médios. A agricultura tecnificada acaba ficando na mão de poucos”, diz Jorge.

A proposta da parceria é unificar os processos do monitoramento por meio da tecnologia embarcada no próprio drone: o Snapdragon Flight, desenvolvido pela Qualcomm. “Uma só placa conterá toda a eletrônica que o produtor precisa a bordo: câmera, visão computacional, um processador de muita eficiência, algoritmos de processamento para a interpretação dos dados, que é a especialidade da Embrapa, e conectividade”, explica Rafael Steinhauser, presidente da Qualcomm na América Latina. “A mesma placa capta, processa e transmite em tempo real para a base por meio de uma rede celular.”

Ainda não há valores definidos, mas a ideia é que o aparelho, a ser produzido em grande escala, possa sair por cerca de R$ 5 mil - ou até menos. “A Qualcomm transformou o celular de uma ferramenta que custava milhares ao que ele é hoje, bastante democrático. A visão que temos para o drone é bastante análoga: deixá-lo tão acessível quanto o celular é hoje para os agricultores de todo o Brasil”, diz Oren Pinsky, diretor de novos negócios da Qualcomm.

Após o desenvolvimento do primeiro protótipo, que será apresentado em maio do ano que vem, terá início a segunda fase do programa, com duração de dois anos: testes de campo com uma comunidade de pequenos produtores, em parceria com o Instituto de Socioeconomia Solidária (Ises). “Será feito um acompanhamento com o produtor, para levantar quanto ele gastava antes e depois do drone e os resultados que ele teve na lavoura”, explica Jorge, da Embrapa.

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A terceira etapa será a criação do Drone Center, que firmará parcerias com fabricantes de vants interessados em embarcar a tecnologia. O projeto será financiado pela Wireless Reach, organização sem fins lucrativos da Qualcomm que cria tecnologias ligadas ao desenvolvimento social e à geração de renda.