Mesmo com queda, letras de crédito ainda são os produtos mais populares entre os investidores pessoa física na renda fixa, excluindo CDB e Tesouro Direto| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

Após dois anos de muita oferta e procura, o mercado de Letra de Crédito do Agronegócio (LCA) minguou. Diante de um cenário de recessão e restrição de crédito, a emissão de novas LCAs teve queda de 36% no mês de abril, comparado ao mesmo período do ano passado. Os dados são da (Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (Cetip).

CARREGANDO :)

LCA é um produto de renda fixa lastreado em empréstimos bancários para o setor do agronegócio. Incentivadas pela isenção de Imposto de Renda, essas modalidades de investimento tiveram forte expansão entre 2013 e 2015, pois eram uma forma de captação mais barata para os bancos e ofereciam taxas atrativas para os investidores.

Publicidade

Como consequência desse período de bonança, as letras ainda são os produtos mais populares entre os investidores pessoa física na renda fixa, excluindo CDB e Tesouro Direto.

Segundo o superintendente de produtos da Cetip, Carlos Albuquerque, esses números refletem a estratégia comercial dos bancos. Quando eles precisaram captar recursos para a carteira de agronegócio, incentivaram a aplicação em LCA, oferecendo taxas atrativas. Em 2016, as necessidades mudaram.

“A desaceleração da economia fez com que os investidores ficassem menos propensos a tomar empréstimos, e os bancos, do outro lado, restringiram o crédito com receio de inadimplência”, afirma o coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, Michael Viriato. “Com menor necessidade de captar recursos, os bancos reduziram o ritmo de novas emissões.”

O Banco do Brasil, que responde por 68% do mercado de LCAs, diz que não houve alteração na emissão dos produtos e que as taxas variam de acordo com o valor aplicado e o nível de relacionamento do cliente com o banco.

LCIs

O mercado de Letra de Crédito Imobiliário (LCI) - com regime idêntido ao da LCA, porém com lastro no mercado imobiliário - caiu 40% em abril ante o mesmo mês de 2015, atingindo R$ 9,7 bilhões, o menor valor desde novembro de 2013.

Publicidade

O panorama negativo tem feito as pessoas que buscam investir em LCI e LCA ter tido mais trabalho para encontrar opções vantajosas. Segundo Viriato, a menor necessidade de captação fez os bancos diminuírem a taxa paga aos clientes. “O investidor precisa fazer contas e comparar. Alguns bancos vendem LCI a 80% do CDI por causa da isenção de IR, e CBD com taxa perto de 100% do CDI. Ainda pode ter alguma vantagem, mas ficou muito pequena”, diz.

A Caixa, líder em emissões de LCI, afirmou apenas que aumentou o estoque total das LCIs e diminuiu o de LCAs em 2015. Sobre as taxas, o banco informa que “houve ajuste para manter a atratividade do produto, alinhado à política de captação da empresa”.