O novo relatório do departamento de agricultura dos EUA, o USDA, divulgado nesta terça-feira (12) caiu como um balde de água fria sobre o mercado. Contrariando as expectativas, o órgão ampliou as projeções de produtividade, tanto para a soja quanto para o milho.
No caso da oleaginosa, o documento traz o rendimento de 55,9 sacas por hectare (alta de 1,2 % sobre o último número, de agosto), contra as 54,6 sacas/hectare que os analistas estimavam.
Para o cereal, o USDA prevê 177,7 sacas/hectare (+0,18%), ao passo que o mercado acreditava em 175,7 sacas/hectare.
O resultado é que a colheita de soja deve chegar, de acordo com as projeções, a 120,6 milhões de toneladas, reafirmando a posição dos norte-americanos como maiores produtores mundiais, quebrando o recorde histórico pelo segundo ano consecutivo. No começo da safra, apesar do aumento de 7,25% em área, o USDA trabalhava com uma colheita pouco acima de 115 milhões de toneladas. Na temporada 2016/17, a safra havia sido de 117,2 milhões de toneladas.
Para o milho, a safra deve chegar a 360,3 milhões de toneladas, 0,8 milhão acima da última projeção, de agosto. No ciclo 2016/17, a produção foi de 384,8 milhões de toneladas, impulsionada pelos rendimentos recordes e também pela área. Na atual safra, a extensão dedicada ao cereal caiu 3,75%.
Análise do especialista – Camilo Motter, da Granoeste
“Assim como no mês passado, tivemos uma nova surpresa. O mercado esperava corte de produtividade no milho e na soja, com consequente queda de produção e menores estoques. E veio exatamente o contrário. O USDA aumentou a produtividade de soja para 55,9 sacas/hectare, com produção de 120,6 milhões de toneladas. Seria um novo recorde histórico.
O que surpreende é que houve algum problema climático, e o próprio acompanhamento de safra do USDA indica que, no ano passado, havia 73% de lavouras consideradas boas e excelentes. E o último relatório, desta segunda (12), traz 60% de lavouras boas e excelentes. Ou seja, este relatório de acompanhamento indica que a produtividade deveria ser bem menor.
Para o milho, é mais ou menos o mesmo raciocínio. Com isso, aumentou a projeção de estoques. A expectativa era 55,4 milhões de toneladas de milho e o relatório veio com 59,3 milhões de toneladas, aumentando em relação ao mês passado.
O impacto para o mercado foi imediato, assim que o relatório foi anunciado os preços do milho em Chicago despencaram 2,5% e os da soja 1,5%.
O que ninguém consegue compreender é o porquê de o USDA trabalhar de forma tão diferente com os relatórios [de acompanhamento de safra, e de oferta e demanda]. Ou o ano passado estava muito alto, ou este ano é que está muito depreciado.
Estamos começando colheita agora, com aproximadamente 5% do milho. Sobre a soja, devemos ter novidades na próxima semana. Vamos ver como vão se comportar as produtividades. O mercado ficará um pouco mais lento nos próximos dias.”
Inflação: o perigo da “dominância fiscal” ronda a economia brasileira
Lula encerra segundo ano de governo com queda de 16% na avaliação positiva do trabalho
Sem concorrência e com 0,08% de desconto no pedágio, EPR leva lote 6 das rodovias do Paraná
Quais as profissões e cargos que estarão em alta em 2025, e as habilidades exigidas