A cerca de 10 km do centro de Carambeí, nos Campos Gerais do Paraná, existe praticamente uma cidade de suínos, ou melhor, de leitoas. Lá vivem 5,5 mil matrizes (fêmeas reprodutoras) que dão luz a quase 3 mil novos suínos por semana. São praticamente 430 novos animais por dia – ou 18 por hora.
O ‘distrito suíno’, inaugurado em 2015, é a Unidade de Produção de Leitões (UPL) da Frísia cooperativa: um lugar em que os porquinhos têm tratamento de primeira classe. “Uma de nossas prioridades é o bem-estar animal”, afirma Mauro Sérgio Souza, gerente de pecuária da Frísia.
A UPL segue rígidos padrões neste sentido, ditados pela União Europeia, o que faz do local uma referência nacional, segundo Ricardo Cogo, coordenador de Pecuária e um dos responsáveis pelo funcionamento da UPL. E quais são esses diferenciais?
O local dispõe de um sistema de gestação coletiva, com controle automatizado de ração para cada fêmea. Elas possuem um chip na orelha, e conforme a orientação passada pelo sistema veterinário, há uma porta que se abre e oferece à a fêmea a quantidade certa de alimento.
As leitoas se revezam na alimentação, sendo treinadas a entrar em uma fila para comer. “Se ela não ingerir toda a quantia recomendada, por exemplo, e ficar parada 30 segundos, a porta se abre e somente mais tarde, quando ela voltar à fila, será servida a quantia diária restante”, explica Sérgio Souza. Assim as leitoas podem ser monitoradas remotamente, antecipando possíveis problemas.
É a primeira granja de grande porte climatizada no Brasil. Como há diferentes setores de permanência dos suínos, como área de gestação, amamentação e ‘creche’ (período onde passam os suínos após o desmame para engorda), cada local possui uma faixa de temperatura própria. Da creche, os suínos saem para completar o ciclo de engorda junto aos 27 cooperados cadastrados na UPL. “Eles seguem os padrões que recomendamos para manter a sanidade”, afirma Cogo.
Genética líquida
Todas as matrizes da Frísia passam por inseminação artificial. O sistema mantém as melhores fêmeas no local. Assim, a família da granja inclui leitoas avós e bisavós para valorização e uso do material genético, não sendo necessário comprar outras matrizes.
O aprimoramento genético é feito por inseminação artificial. Na UPL, os poucos machos adultos são uma espécie de ferramenta para identificar as fêmeas que passaram por inseminação e, por algum motivo, acabaram não emprenhando, explica Sérgio Souza: “Quando as fêmeas estão no cio, elas acabam ficando próximas aos locais em que estão os machos, o que indica que não devem estar prenhas. Assim podemos identificar e dar o tratamento”. Ricardo Cogo emenda: “E para os machos não perderem o interesse sexual, é extraído o sêmen deles manualmente”.
Com esse sistema, cada fêmea costuma ter em média 2,5 gestações por ano – em um ciclo de vida reprodutiva de três anos. Ao fim do ciclo, vão para o mercado consumidor. Assim como os machos ‘formados’ pela UPL - que após a engorda junto aos cooperados seguem para o frigorífico da Alegra, em Castro - elas são também são encaminhadas para o abate, mas em um frigorífico especializado em aproveitamento da carne de fêmeas adultas. O coordenador garante: a carne dessas matrizes é excelente e mais suculenta para a fabricação de embutidos.
Energia a partir de dejetos
Ao contrário de muitos locais com criação em larga escala, a Unidade de Produção de Leitões da Frísia tem outro diferencial: o reaproveitamento dos dejetos dos suínos. A UPL dispõe de um sistema em que os dejetos são utilizados para a fabricação de biogás. A energia gerada é remanejada para o aquecimento e climatização dos ambientes em que estão os suínos dentro da unidade.
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