Segundo o USDA, os rendimentos médios das lavouras passaram de 3.330 kg/ha para 3.300 kg/ha.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou nesta sexta-feira (12) os números finais da colheita norte-americana na safra 2017/18, além do balanço de oferta e demanda mundial.

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O novo relatório rebaixou a projeção para a soja nos EUA em quase 1 milhão de toneladas. Até novembro, a produção estimada era de 120,44 milhões de toneladas; agora, porém, foi reajustada para 119,52 milhões de toneladas devido à correção de produtividade. Segundo o órgão, os rendimentos médios das lavouras passaram de 3.330 kg/ha para 3.300 kg/ha.

Safra dos EUA

Soja

Área: 36,23 mi (ha) (+8,24%)

Produção: 119,52 mi (t) (+2,22%)

Produtividade: 3.300 kg/ha (-5,44%)

Milho

Área: 33,47 mi (ha) (-4,67%)

Produção: 370,96 mi (t) (-3,66%)

Produtividade: 11.080 kg/ha (+1,09%)

*Comparativo com safra 2016/17

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Apesar do recuo, o número ainda corresponde à maior colheita da oleaginosa na história, 2,6 milhões de toneladas acima do recorde anterior (obtido na temporada 2016/17) e quase 4 milhões de toneladas a mais do que as previsões iniciais, de fevereiro de 2017.

Do ponto de vista da oferta e demanda, os norte-americanos fecham o ciclo com 12,79 milhões de toneladas de estoque (600 mil toneladas a mais que a projeção anterior), resultado das exportações desaquecidas. Os embarques fecharam em 58,79 milhões de toneladas; em novembro, a expectativa era de 60,56 milhões de toneladas.

No caso do milho, também houve reajuste de produção, porém positivo. Conforme o USDA, os produtores do país encerram a colheita com 370,96 milhões de toneladas, contra os 370,29 milhões de toneladas estimados em novembro. O ganho foi em produtividade, que subiu mais uma vez e chegou a 11.080 kg/ha, a maior da história (+0,64% no comparativo com novembro). O aumento de produção e a queda no consumo doméstico fizeram com que os estoques fechassem em 62,93 milhões de toneladas, 1 milhão de toneladas a mais que a previsão anterior.

América do Sul

Para o Brasil, a novidade é que o departamento norte-americano acompanhou a tendência de diversas consultorias e da própria Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ampliando a estimativa de produção para 110 milhões de toneladas, 2 milhões de toneladas acima do previsto anteriormente. Quase todo o excedente, segundo os norte-americanos, será destinado às exportações (sobrando 500 mil toneladas a mais nos estoques finais, que devem encerrar o ciclo em 22,36 milhões de toneladas).

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A colheita na Argentina também foi readequada em função da estiagem severa que o país sul-americano atravessa. Com isso, a projeção do USDA caiu de 57 milhões de toneladas para 56 milhões de toneladas.

No caso do milho, não houve alterações. Para o USDA, o Brasil irá fechar o ciclo com 95 milhões de toneladas produzidos e 34 milhões de toneladas exportados.

Palavra do especialista: Aldo Lobo, analista da Granopar

Tudo o que aconteceu nesta sexta-feira era amplamente esperado pelo mercado. Tanto o aumento de estoque na soja dos Estados Unidos quanto o aumento na safra do Brasil e a redução na safra da Argentina. No caso da soja na Argentina, esperava até que caísse mais. O USDA vem trabalhando com uma área muito grande, com 18,7 milhões de hectares, mas o próprio governo já fala em 16 milhões de hectares. Deve fechar em 17,5 milhões de hectares.

Sobre as exportações dos Estados Unidos, o que se comenta é que a soja deles está com problema de qualidade, com índice de proteína menor que a brasileira neste ano. Isso vinha permitindo ao Brasil “roubar” um pouco de mercado dos EUA. Agora temos que esperar. A safra brasileira vai atrasar um pouco e a da Argentina deve entrar em março. Do ponto de vista de mercado, os EUA ainda são os mais competitivos, com quase dez dólares a menos por tonelada.

Esse relatório foi bem morno, não teve surpresas como nos meses anteriores, até por isso o mercado quase não reagiu a ele.